Na frase – ... mediu cautelosamente a distância. – a palavra...
O melhor amigo
Ana, a mãe de Pedro, estava na sala costurando. O menino abriu a porta da rua, meio assustado, arriscou um passo para dentro e mediu cautelosamente a distância. Como a mãe não se voltasse para vê-lo, ele deu uma corridinha em direção de seu quarto
. – Meu filho? – gritou ela.
– O que é? – respondeu Pedro com o ar mais natural que lhe foi possível.
– O que você está carregando aí? Pedro ficou pensando como a mãe poderia ter visto alguma coisa, se nem levantara a cabeça. Sentindo-se perdido, tentou ainda ganhar tempo.
– Eu? Nada...
– Está sim. Você entrou carregando uma coisa.
Pronto: ele estava descoberto. Não adiantava negar. O jeito era procurar comovê-la. Então veio caminhando desconsolado até a sala, mostrou à mãe o que estava carregando.
– Olha aí, mamãe: é um filhote...
Os olhos de Pedro aguardavam a decisão.
– Um filhote? Onde é que você arranjou isso?
– Achei na rua. Tão bonitinho, não é mãe?
– Trate de levar embora esse cachorro agora mesmo!
– Ah, mãe... já fazendo cara de choro.
– Você tem dez minutos para levar esse bicho embora. Já disse que não quero animais aqui em casa. Tanta coisa para cuidar!
Pedro voltou para o quarto, emburrado.
– Todo mundo tem cachorro, só eu que não tenho.
– Dez minutos! – repetiu a mãe.
Ele conhecia bem a mãe, sabia que não haveria apelo. Então saiu com o cachorro e pouco tempo depois voltou.
– Pronto, mãe.
E exibia-lhe uma nota de 20. Havia vendido seu melhor amigo por dinheiro.
– Eu deveria ter pedido 50!
(Fernando Sabino. http://www. phaleixo.blogspot.com. br – Acesso em 01.07.2015. Adaptado)