A expressão “estereótipos de gênero” (1º parágrafo) tem o s...
Leia o texto para responder à questão.
Vira e mexe alguns blogs maternos publicam textos sobre “As vantagens de ser mãe de menina” ou “Por que é bom ser mãe de menino”: “meninos não têm frescura”, “meninas são mais delicadas”, “eles são mais corajosos”, “elas são mais choronas” e por aí vai. Leio isso e tenho vontade de gritar por ver estereótipos de gênero tão pesados serem perpetuados sem nenhuma reflexão. Já pensou que seu filho é uma figura única e a infinidade de coisas que pode ser ou sentir não cabe em listas, caixas ou rótulos? Pior: que você definir como ele deve ser ou se comportar dependendo de seu gênero pode ser muito, muito cruel?
Aos meninos são permitidas vivências mais amplas. Eles podem subir muros, escalar os brinquedos do playground, enquanto as meninas não, veja bem, vai sujar seu sapato de princesa, filha, vai mostrar sua calcinha, não pega bem, filha, não é assim que uma menina brinca. E por isso, só por isso, que se perpetua a ideia de que os meninos são mais “aventureiros” e “danados” e as meninas mais “cuidadosas”. Fazemos as meninas mais infelizes, isso sim.
Ser menino também pode não ser fácil, principalmente se os pais acreditarem que podem definir o que ele deve sentir ou gostar. Meu filho adorava brincar com os carrinhos de boneca das meninas do playground do prédio. Só depois de eu dizer que “tudo bem” as mães ou babás ficavam à vontade em deixá-lo empurrar as bonecas ou carregá-las. Por que tanto receio? O que um menino pode virar depois de brincar de boneca? Um pai carinhoso e dedicado no futuro?
Uma vez, em uma loja de brinquedos, meu filho ficou empolgadíssimo ao ver uma pia que funcionava de verdade, com uma torneirinha de água. E pediu muito para que eu comprasse. As opções de cores deixavam claro para quem o brinquedo era fabricado: só havia pias rosa e lilás. “Esse brinquedo é de menina”, alertou a vendedora, cheia de boa vontade, como se eu estivesse me distraído e não percebido o “engano” ao considerar a compra. Eu disse para ela que na minha casa lavar louça é uma atividade unissex, que o pai do meu filho encara muito prato e panela suja e, por isso, brincar de casinha é uma brincadeira de menino sim. Meu filho saiu da loja feliz da vida com seu brinquedo rosa que, aliás, para ele é só uma cor, como outra qualquer. O avô estranhou o presente até eu levá-lo à reflexão: “Quantas pias de louça suja você lavou e lava na sua vida, para manter sua casa em ordem?” E só daí meu pai percebeu o tamanho da bobagem que fazia ao acreditar que lavar louça é uma atividade exclusivamente feminina.
E para quem gosta de listas, proponho uma única: “As vantagens de ser mãe de uma criança feliz.” É essa que eu espero estar escrevendo, no dia a dia, ao não determinar como meu filho pode ou não ser.
(Rita Lisauskas, A crueldade de dividir o mundo entre “coisas de menino” e
“coisas de meninas”. Disponível em: <vida-estilo.estadao.com.br>. Acesso
em 10-02-2016. Adaptado)
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Para entender e resolver a questão de interpretação de texto apresentada, precisamos nos concentrar na expressão “estereótipos de gênero” mencionada no primeiro parágrafo do texto. O termo refere-se a ideias preconcebidas e amplamente aceitas sobre como homens e mulheres devem se comportar ou quais características devem possuir.
Vamos analisar a alternativa correta e as incorretas:
Alternativa B - concepções preconcebidas e padronizadas acerca do que seria próprio dos sexos feminino e masculino.
Esta é a resposta correta. A expressão “estereótipos de gênero” se refere a ideias fixas e generalizadas sobre como os gêneros masculino e feminino devem agir ou sentir. Esses estereótipos muitas vezes não refletem a realidade e limitam as experiências das pessoas, como discutido no texto.
Análise das alternativas incorretas:
A - ideias antiquadas e indefensáveis acerca das diferenças entre raças de diferentes origens.
Esta alternativa está incorreta porque trata de raça, não de gênero. Estereótipos de gênero são sobre expectativas sociais atribuídas a homens e mulheres, e não diferenças raciais.
C - conceitos inovadores e científicos acerca do que classifica os seres humanos em grupos sociais.
Incorreta. Estereótipos de gênero não são inovadores nem científicos. Eles são, na verdade, ideias tradicionais e muitas vezes ultrapassadas que não se baseiam em evidências científicas.
D - lugares-comuns arraigados acerca da igualdade de direitos entre pessoas dentro do núcleo familiar.
Incorreta. Esta alternativa menciona igualdade de direitos, que é o oposto dos estereótipos de gênero, os quais geralmente promovem desigualdades ao limitar papéis e comportamentos.
E - teorias consagradas e difundidas acerca de julgamentos acertados feitos por homens e mulheres.
Incorreta. Estereótipos de gênero não são teorias consagradas ou julgamentos acertados. Eles são ideias preconceituosas que não refletem a complexidade e a individualidade dos gêneros.
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Comentários
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b
concepções preconcebidas e padronizadas acerca do que seria próprio dos sexos feminino e masculino.
GAB-B
concepções preconcebidas e padronizadas acerca do que seria próprio dos sexos feminino e masculino.
Estereótipo: é o conceito ou imagem preconcebida, padronizada e generalizada estabelecida pelo senso comum.
“Amanhã é feriado”. PARA O CONCURSEIRO NÃO!!
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