As palavras “tartaruga” (2º§); “coronel” (3º§); “paraense” (...

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Q2368815 Português
A maior tartarugada…


         A maior tartarugada da América do Sul não houve. Mas durante dois meses foi um acontecimento entre um grupo de sibaritas fim de semana que frequenta à tarde um bar do centro.
         A tartaruga sonhava em câmera lenta na areia cálida das margens de um igarapé amazonense, sonhava com o mundo melhor de daqui a 200 anos, quando a pegaram e lhe torceram o destino.
       Foi encaixotada, baloiçou na correnteza de um rio em uma igara frágil, tomou um avião em Belém, voou sobre as nuvens, como suas antepassadas lendárias, não para a festa do céu, mas para a panela de um coronel amigo meu.
       No bar, não se falava em outra coisa. Era uma soberba tartaruga, volumosa, da raça mais nobre e saborosa. Durante vários dias discutiu-se a melhor maneira de assassiná-la, prepará-la, cozinhá-la e comê-la. Entre os convidados do coronel, havia gente do norte, sequiosa de repetir um prato, e gente do sul e de Minas, que aguardava com alguma ansiedade o momento de prová-lo.
       A tartaruga desceu no aeroporto Santos Dumont, onde o coronel e dois íntimos dele foram levar as boas-vindas ao delicioso quelônio, seguindo para a residência do primeiro, no Leblon. Aí, ela passou a esperar a morte com um estoicismo estúpido. Alguns dos futuros convivas foram visitá-la pessoalmente e voltaram encantados: “É uma tartaruga genial”!
       A data do banquete foi marcada. Depois adiada. O que foi? O que houve? Ela anda meio triste, explicava o coronel consternado. Saudades da pátria, disse um paraense. Pressentimento da morte, arriscou um sujeito romântico.
       A verdade é que a tartaruga não ia lá muito bem das pernas. Mergulhara em um quietismo exagerado, mesmo para um animal de sua espécie, recusava delicadamente qualquer alimento, espichava o pescocinho mecânico, contemplava com desalento o mundo exterior, e voltava à solidão inexpugnável de sua carapaça.
         Nunca se vira no mundo tartaruga tão introspectiva.
       Chamou-se às pressas um veterinário. Este chegou, de óculos, com sua ciência também subjetiva, olhou a tartaruga nos olhos, como se lhe perguntasse discretamente a idade, virou-a de barriga para cima, auscultou-a, redigindo depois, em silêncio, uma receita.
        – Pode-se fazer alguma coisa por ela, doutor? – perguntou o coronel, pálido, mas disposto a saber toda a verdade.
       – Sinto dizer que ela vai muito mal – respondeu em tom frio o veterinário. – Sofre de arteriosclerose. Deve ser uma tartaruga em idade muito avançada. Suas túnicas arteriais devem estar duras como pedras.
        – Bonito! – exclamou o coronel.
     – Como?! – interrogou o veterinário, achando que o dono da cliente aludira às palavras técnicas empregadas por ele.
      – É que eu ia fazer um big almoço dela... Agora o que vou dizer ao pessoal? Em um sábado pela manhã, a tartaruga entrou lentamente em pane e morreu. Teve um enterro comum de bicho morto. Mas no bar houve um momento de condolência, quando soubemos da infausta notícia.  


(Paulo Mendes Campos. Disponível em: https://cronicabrasileira.org.br/. Acesso em: 18/11/2023.) 

As palavras “tartaruga” (2º§); “coronel” (3º§); “paraense” (6º§); e, “infausta” (16º§) apresentam como gênero oposto, respectivamente: 
Alternativas

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Alternativa Correta: D - tartaruga-macho; coronela; paraense; e, infausto.

Tema Central da Questão: Esta questão aborda o tema de gênero gramatical das palavras, focando em como algumas palavras têm seu gênero oposto formado, principalmente em casos de exceção. Conhecer essa formação é essencial para responder corretamente.

Justificativa da Alternativa Correta: A alternativa D é a correta porque apresenta corretamente o gênero oposto das palavras listadas:

  • Tartaruga: O gênero oposto pode ser referido como "tartaruga-macho", uma vez que "tartarugo" não é uma forma consagrada na língua portuguesa.
  • Coronel: O feminino de "coronel" é "coronela".
  • Paraense: Esta palavra é invariável em gênero, ou seja, mantém a mesma forma no masculino e no feminino.
  • Infausta: O masculino de "infausta" é "infausto".

Análise das Alternativas Incorretas:

A - tartarugo; coronel; paraense; e, infausto: A palavra "tartarugo" não é reconhecida como o masculino de "tartaruga".

B - tartarugo; coronela; paraense; e, infausto: Mesma justificativa da alternativa A, o termo "tartarugo" não é correto. O restante está correto, mas esta falha invalida a opção.

C - tartaruga-macho; coronel; paraensa; e, infausta: A palavra "paraensa" é incorreta, pois "paraense" não muda de forma para o gênero feminino.

Dicas para Resolução: Ao lidar com questões de gênero, é importante considerar exceções e palavras que são invariáveis ou têm formas específicas para cada gênero. Familiarize-se com vocabulários específicos e suas peculiaridades na língua portuguesa.

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Comentários

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Tartaruga-macho/ tartaruga-fêmea - Substantivo Epicenos

Coronela - Existem na língua portuguesa as formas femininas soldada, sargenta, coronela capitã e generala.

A paraense/ O paraense - Substantivo Comum de dois gêneros

Infausto / Infausta - Que denota ou expressa infelicidade;

Taí, murria

Eu fui literalmente por eliminação, não fazia ideia que CORONELA existia e se escrevia desta forma kkkk

Português e suas surpresas

"Tartarugo" KKKKKKKKKKKKKK

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