Analise as funções desempenhadas pela palavra "que" na fras...

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Q3255435 Português
O texto seguinte servirá de base para responder à questão.

Comida é dinheiro vivo

Mineiro não joga comida fora. Sempre acredita que o resto pode ser usado de noite ou completar o próximo cardápio. É um ser feito de esperança. Mesmo que tenha apenas duas colheradas de um alimento, faz questão de guardar. Só se livra das migalhas, e com o coração apertado.

Geladeira de mineiro não é geladeira, mas um purgatório. Haverá a convivência de potes transparentes de diferentes dias, esperando o arremate final. Comida é dinheiro em Minas Gerais. É dinheiro vivo.

O zelo já começa com a fiscalização da refeição. Todos cuidam de todos, com um canto da mirada atenta às reações dos demais comensais.

Mãe e pai não admitem que o filho não limpe o seu prato. Mas limpar de verdade, a ponto de facilitar a vida para quem lavar as vasilhas. É uma ofensa se servir à toa. Cria-se na criança, desde cedo, uma consciência do tamanho do apetite. Não se brinca com a fome. Se esnobar uma vez pode faltar depois.

Existe o compromisso social no ato de repetir, não devendo jamais acrescentar algo que não conseguirá terminar. Aqui não se come com os olhos, mas a partir do senso de responsabilidade.

Em caso de viagem da família, o extra não vai para o lixo − a lixeira mal conhece os resíduos orgânicos. Prepara-se uma marmita ao porteiro do prédio ou ao porteiro do prédio vizinho ou a algum segurança do bairro. O povo de casa não se aquietará até encontrar alguém para levar a comidinha. Se acha que quando cai comida no chão, da boca ou do garfo, é sinal de parente passando necessidade, pense na gravidade do ato intencional de colocar fora? Será uma maldição de penúria para três gerações de sua árvore genealógica.

Nos restaurantes, a superstição mantém a escrita. A diferença é que, comendo na rua, o mineiro prefere que falte boia do que sobre. Nem é avareza, é desconfiança de que a porção para um dará para dois. Mineiro acha que o garçom está mentindo ou exagerando quando avisa que a porção é para só uma pessoa. Decide pagar para ver, e acaba tendo que completar. Nunca deixa à mesa porque sempre tem um pedido feito atrasado. Aliás, a porção para uma pessoa é, na verdade, para uma pessoa e meia.

Para se vingar da matemática injusta dos estabelecimentos, carregará tudo o que permanecer sobre a mesa, é capaz de reivindicar o embrulho de uma folha de alface, de uma azeitona, de quatro palitos de batata frita, porém não deixa nada de nada para contar a história. Apesar do gosto extravagante do pacote, como desculpa, alegará que é para o cachorro.


Fabrício Carpinejar - Texto Adaptado

https://www.otempo.com.br/opiniao/fabricio-carpinejar/comida-e-dinheiro-vivo-1.2223796 
Analise as funções desempenhadas pela palavra "que" na frase: "Sempre acredita que o resto pode ser usado de noite ou completar o próximo cardápio" e assinale a alternativa correta.
Alternativas

Comentários

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não entendi a alternativa correta realmente que e uma conjunção integrante que completa a oração subordinada porém não vejo como objetiva direta por que trás sim um preposição (quem acreditar, acredita "em" alguém emmmmm algo.

A - "que" não é pronome relativo pois não substitui nenhum nome. Além disso, a afirmativa diz que "retoma o antecedente 'resto'", o que não pode ser verdade, já que "resto" vem depois do "que"

B - "que" não é preposição porque liga duas orações enquanto uma preposição liga dois termos

D - não existe relação de causa, já que a oração introduzida por "que" complementa o sentido do verbo

O termo "que" pode ser:

Pronome relativo

=> Quando retoma um substantivo

Ex. Gostou do arroz que fiz

que = o qual

"que" retoma o substantivo arroz

Conjunção integrante

=> Quando inicia oração substantiva

Ex. Não quero que você venha.

[que você venha] = isso

Expressão de realce/Partícula expletiva

=> Pode sair da frase sem prejuízo, é usada para dar ênfase

Ex. Eu é que não saio daqui = Eu não saio daqui

"que" pode sair da frase tranquilamente, pois está sendo usada para dar realce

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"Sempre acredita que o resto pode ser usado de noite ou completar o próximo cardápio"

a) O termo "que" é um pronome relativo, pois retoma o antecedente "resto", funcionando como sujeito da oração subordinada.

Não é pronome relativo, porque se substituirmos por "o qual" por ex, não tem sentido: "Sempre acredita o qual o resto pode ser usado de noite ou completar o próximo cardápio" ???? sem nexo

b) O termo "que" é uma preposição, visto que liga o verbo "acredita" à ideia de continuidade expressa na oração subordinada.

“que” não é preposição, e sim uma conjunção. A preposição exigida por “acreditar” depende do sentido (acreditar em algo, em alguém), mas o "que" em si aqui introduz uma oração.

c) A palavra "que" é uma conjunção integrante, pois introduz uma oração subordinada substantiva objetiva direta que completa o sentido do verbo "acredita".

Gabarito correto. "Sempre acredita [em quê?] "que o resto pode ser usado de noite ou completar o próximo cardápio" = a oração funciona como objeto direto da principal, portanto:

É subordinada por ter relação de depedência;

É substantiva porque é introduzida por conjunção integrante (que/se) e por poder ser trocada por "isso" e

É objetiva direta por exercer função de objeto direto da anterior.

d) A palavra "que" é uma conjunção subordinativa causal, pois estabelece uma relação de causa entre as orações do período.

Não é causal, porque "o resto pode ser usado de noite ou completar o próximo cardápio' NÃO É CAUSA de "sempre acredita"

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