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Q2954183 Português

O texto a seguir é referência para as questões 31 a 34.


De como não ler um poema


Há tempos me perguntaram umas menininhas, numa dessas pesquisas, quantos diminutivos eu empregara no meu livro A Rua dos Cataventos. Espantadíssimo, disse-lhes que não sabia. Nem tentaria saber, porque poderiam escapar-me alguns na contagem. Que estas estatísticas, aliás, só poderiam ser feitas eficientemente com o auxílio de robôs. Não sei se as menininhas sabiam ao certo o que era um robô. Mas a professora delas, que mandara fazer as perguntas, devia ser um deles.

E mal sabia eu, então, que estava dando um testemunho sobre o estruturalismo – o qual só depois vim a conhecer pelos seus produtos em jornais e revistas. Mas continuo achando que um poema (um verdadeiro poema, quero dizer), sendo algo dramaticamente emocional, não deveria ser entregue à consideração de robôs, que, como todos sabem, são inumanos.

Um robô, quando muito, poderá fazer uma meticulosa autópsia – caso fosse possível autopsiar uma coisa tão viva como é a poesia.

Em todo caso, os estruturalistas não deixam de ter o seu quê de humano...

Nas suas pacientes, afanosas, exaustivas furungações, são exatamente como certas crianças que acabam estripando um boneco para ver onde está a musiquinha.


(Mário Quintana)

Com relação ao texto de Mário Quintana, considere as seguintes ocorrências:


1. O uso repetido do diminutivo menininha no primeiro parágrafo e o termo musiquinha no último.

2. A seqüência substantivo–verbo (autópsia–autopsiar), para referir-se às atividades dos robôs.

3. Os três adjetivos no último parágrafo e a escolha lexical para definir a atividade dos estruturalistas.

4. A seqüência de conjunções integrantes (que) no segundo parágrafo.


Constituem estratégias para obtenção de efeitos sensoriais:

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