Acerca da economia brasileira na última década de 80, julgue...
O debate econômico da primeira metade da década de 80 resgatou uma interpretação estruturalista da inflação brasileira, especialmente quanto ao aspecto inercial da inflação, o que levou à tendência de adoção de estratégias mais defensivas para se antecipar à perda futura do poder de compra, com ajuste de preços não somente pela inflação passada.
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A interpretação estruturalista da inflação brasileira, desenvolvida pelos economistas da Comissão Econômica para a América Latina – Cepal, conferia a raiz da inflação aos problemas estruturais da economia, como: estruturas agrícolas ineficientes; infraestrutura imprópria; escassez de oferta, rigidez de preços, etc. Estes problemas, na concepção cepalina, eram o cerne da inflação, por isso os trabalhadores utilizavam de estratégias defensivas, como encurtamento do período de reajuste, para conseguirem diminuir a corrosão do salário pela elevada inflação. Consequentemente, os períodos de reajuste são menores fazendo com que a indexação da economia acelere o processo inflacionário. Vejamos no livro Economia Brasileira Contemporânea:
As chamadas teses heterodoxas de inflação, em contraposição, admitem a possibilidade teórica de inflação de demanda, melhor traduzida na frase de que, acima do pleno emprego, expansões fiscais geram inflação. Todavia, enfatizam que no mundo real e, em particular, em economias em desenvolvimento, onde a mobilidade dos fatores é menor e existem gargalos de oferta, estamos frequentemente diante de inflações de custos, que se transformam em processos inflacionários pela existência do conflito distributivo. A majoração de custos pode, como na visão ortodoxa, ser circunstancial, caso em que provocam apenas uma mudança temporária de preços relativos. Mas, em geral, são pressões recorrentes que revelam problemas estruturais da economia: desequilíbrios estruturais do Balanço de Pagamentos; estruturas agrícolas ineficientes; infraestrutura inadequadas; gargalos setoriais de oferta que, aliados a rigidez de preços, fazem com que excessos de demanda setoriais se transformem em elevações gerais de preços; estruturas oligopolizadas que usam o aumento de Mark-up (inflação de margens) como fonte de financiamento para a expansão da produção, inexistência de um mercado de crédito e de capitais desenvolvido etc. Nessa visão, as pressões de custos (ou de demanda, quando se está acima do pleno emprego) são fonte de aceleração inflacionária, porém, a inflação adquire um caráter inercial pela existência de um conflito distributivo latente ou institucionalizado — e tende a se manter constante. Cabe, porém, advertir que, ainda que institucionalizado por cláusulas de indexação contratuais, a inflação que tem por origem o conflito distributivo pode se acelerar. Isso ocorre, como vimos, quando os trabalhadores reivindicam o encurtamento dos períodos de reajustes.
Gabarito: Correto.
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Comentários
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Ajustava-se o preço acumulando a inflação passada somada à expectativa de inflação futura.
Resposta: CERTO.
indexacao dos precos"
VERDADEIRA
É verdade, e essa foi uma das razões para o ciclo vicioso da chamada inflação inercial, só quebrado em 1994 com a implantação do Plano Real.
Para mim quando se diz " se antecipar à perda futura do poder de compra, com ajuste de preços não somente pela inflação passada." se dá a entender que existem algum componente da inflação que não é inercial e sim prospectiva (expectativas racionais talvez), algo que não é compatível com a visão estruturalista.
Além disso, o que são estratégias defensivas? Com base em que se definiu isso?
Muito mal formulada essa questão.
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