Acerca dos sinais de pontuação empregados no texto 1, assin...
A democracia opera milagres
§ 1º Com atraso de cinco dias, comemoro o 45º aniversário da Revolução dos Cravos, o movimento que devolveu Portugal à democracia.
§ 2º Comemoro porque Portugal talvez seja o melhor exemplo de como a democracia faz bem à saúde, à saúde do país e das pessoas.
§ 3º Portugal ganhou não só as deliciosas liberdades públicas associadas à democracia como, depois de algum tempo, viu o fim de uma guerra colonial fora de época.
§ 4º Natural, pois, que o 25 de abril tenha sido um tremendo porre cívico, uma festa inesquecível. Reproduzo trecho de um texto meu da época, que relatava a comemoração do 1º de maio, uma semana depois da queda da ditadura:
§ 5º “O primeiro cartaz que vi, com letras improvisadas em um retângulo de isopor, avisava: ‘A poesia está nas ruas’. A poesia saiu às ruas logo cedo: cada automóvel que desfilava por Lisboa levava flores. Às vezes, apenas uma. Às vezes, um ‘V’ floral, geralmente arranjado nas cores vermelha e verde da bandeira. Às vezes, as flores eram tantas que os carros mais pareciam canteiros com rodas, a soar sincopadamente as buzinas para repetir o slogan de todos: ‘O povo unido jamais será vencido’.”
§ 6º A democracia, um bem em si mesmo, pelo menos para meu gosto, veio acompanhada de um bônus, no caso de Portugal: a possibilidade de aceder à então Comunidade Econômica Europeia (hoje União Europeia). Ditaduras não são aceitas no clube. E fazer parte dele abriu as portas para a prosperidade.
§ 7º Que o digam os próprios portugueses: o mais recente Eurobarômetro informa que 69% deles dizem que pertencer à UE é uma coisa boa.
§ 8º Note-se que esse resultado vem na sequência de um período duro, de austeridade, recessão e desemprego (sim, democracia também tem percalços, como qualquer outro regime).
§ 9º É natural esse europeísmo de raiz, em uma época em que a Europa navega águas turbulentas: o crescimento econômico de Portugal em 2018 foi de 2,1%, acima da média da eurozona de 1,8%. O desemprego, que, durante a crise passara de 8% para 18%, está hoje abaixo de 7% (6,7%, exatamente).
§ 10. É natural, pois, que o austero Financial Times — adorador dos modelos ortodoxos — tenha, na semana passada, apontado Portugal como exemplo de sucesso com sua fórmula heterodoxa de saída da austeridade.
§ 11. Qual é a fórmula? “Mostramos que é possível aumentar a renda, dar impulso ao investimento privado, cortar o desemprego e, ainda assim, ter finanças públicas saudáveis”, canta António Costa, o primeiro-ministro.
§ 12. Trata-se de um raro socialista no poder em uma Europa que vinha caminhando para a direita até a vitória dos socialistas no domingo (28) na Espanha. Costa chegou ao governo (24/11/2015) com um déficit público de 4,4%. Reduziu-o a 0,5% no ano passado e pode zerá-lo em 2019, pela primeira vez em 40 anos. Ou seja, há números positivos para a direita, para a esquerda e, naturalmente, para o centro.
§ 13. Invejável, não? Não é à toa que Valdemar Cruz, jornalista do “Expresso”, tenha escrito a propósito do 25 de abril: “Sem abril, jamais seríamos o país que somos. Com todas as suas fragilidades. Com todas as suas grandezas. 25 de Abril foi ontem. 25 de Abril é hoje. 25 de Abril será sempre”.
§ 14. Como é possível que ainda haja quem louve ditaduras?
ROSSI, Clóvis. Folha de S. Paulo, 30 abr. 2019.
Gabarito comentado
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Alternativa correta: C
Vamos analisar cada uma das alternativas para entender o motivo pelo qual a alternativa C é a correta e por que as demais estão incorretas.
Alternativa A: "As aspas no parágrafo 11 delimitam discurso citado textualmente."
Correta.
As aspas são usadas para citar diretamente o discurso de alguém. No parágrafo 11, as aspas são utilizadas para delimitar a fala de António Costa, o primeiro-ministro de Portugal, sendo assim, a afirmação está correta.
Alternativa B: "Os parênteses no parágrafo oitavo assinalam uma separação sintática e semântica mais acentuada dentro do texto, além de guardar enunciado por meio do qual o autor estabelece uma relação mais próxima com o leitor."
Correta.
Os parênteses realmente indicam uma separação mais acentuada e muitas vezes contêm informações adicionais ou comentários que o autor deseja destacar. No parágrafo oitavo, o uso dos parênteses serve para adicionar uma observação sobre os percalços da democracia, estabelecendo assim uma relação mais próxima com o leitor.
Alternativa C: "No parágrafo 12, em observação à norma-padrão, o autor deveria ter empregado vírgula após a palavra “Europa”, haja vista que tal palavra precede uma oração subordinada adjetiva explicativa."
Incorreta.
Vamos analisar o trecho: "em uma Europa que vinha caminhando para a direita". A expressão "que vinha caminhando para a direita" é uma oração subordinada adjetiva explicativa, portanto, de acordo com a norma-padrão, deveria estar entre vírgulas. A ausência dessa vírgula justifica a alternativa como correta, no sentido de que a pontuação utilizada está incorreta.
Alternativa D: "Os dois-pontos empregados na frase “A poesia saiu às ruas logo cedo: cada automóvel que desfilava por Lisboa levava flores” (§ 5º) antecedem uma explicação, razão pela qual poderiam ser substituídos por vírgula e por conectivo explicativo, de modo que se registrasse: ‘A poesia saiu às ruas logo cedo, pois cada automóvel que desfilava por Lisboa levava flores’."
Correta.
Os dois-pontos são adequados para introduzir uma explicação ou esclarecimento. No entanto, é verdade que poderiam ser substituídos por uma vírgula seguida de um conectivo explicativo, como "pois". Isso não prejudicaria o sentido da frase nem a estrutura normativa, por isso essa alternativa está correta.
Alternativa E: "Os travessões empregados no parágrafo 10 poderiam ser substituídos por vírgulas, sem prejuízo para o sentido do texto e a norma-padrão da linguagem."
Correta.
Os travessões são usados para adicionar informações explicativas ou comentários. No parágrafo 10, poderiam ser substituídos por vírgulas sem alterar o sentido do texto ou infringir a norma-padrão da linguagem, tornando essa afirmação correta.
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Comentários
Veja os comentários dos nossos alunos
GABARITO: LETRA C
===> vamos nos atentar que a questão pede uma alternativa INCORRETA:
No parágrafo 12, em observação à norma-padrão, o autor deveria ter empregado vírgula após a palavra “Europa”, haja vista que tal palavra precede uma oração subordinada adjetiva explicativa. ===> Trata-se de um raro socialista no poder em uma Europa que vinha caminhando para a direita até a vitória dos socialistas no domingo (28) na Espanha.
===> temos, em destaque, uma oração subordinada adjetiva RESTRITIVA, se VÍRGULAS fossem acrescentadas a correção gramatical seria mantida, mas o sentido da frase seria modificado, passando a ser uma EXPLICATIVA.
FORÇA, GUERREIROS(AS)!!
Eu só não entendi o seguinte: Há quantas Europas? se há só uma, qual o motivo de restringir?
Gabarito C.
-> Trata-se de um raro socialista no poder em uma Europa que vinha caminhando para a direita até a vitória dos socialistas no domingo (28) na Espanha.
Não é obrigatório usar a virgula após Europa. O oração no contexto pode ser subordinada adjetiva explicativa (entre vírgulas):
Trata-se de um raro socialista no poder em uma Europa, que vinha caminhando para a direita até a vitória dos socialistas no domingo (28) na Espanha.
->>>>> Ou pode deixar sem virgula, classificando-se a oração em O.S. adjetiva restritiva.
Trata-se de um raro socialista no poder em uma Europa que vinha caminhando para a direita até a vitória dos socialistas no domingo (28) na Espanha.
Por isso que muitas questões quando pede a INCORRETA derruba muitos candidatos, inclusive eu, que marquei a correta. Só que a questão pedia a incorreta
Meu Deus ajuda. kkk
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