Considerando a leitura do quarto parágrafo do texto, bem co...
Nos últimos doze anos, o Brasil venceu desafios que antes eram vistos como fatalidades com as quais estávamos condenados a conviver para sempre. Superamos a extrema pobreza e a fome. Por outro lado, tem sido utilizada a imagem de que a vida melhorou significativamente da porta de casa para dentro, enquanto do lado de fora, seja nas ruas ou nos campos, persiste grande precariedade dos serviços e bens públicos ofertados, acarretando enormes dificuldades ao dia a dia da população – principalmente das camadas mais pobres. Se o governo reeleito declara que o Brasil sem Miséria se encerra tendo cumprido sua missão, baseado na superação da extrema pobreza pelo critério da renda, não há dúvida sobre a necessidade de continuar avançando, abrindo um novo ciclo de enfrentamento da pobreza e da desigualdade.
Nesse novo ciclo, os esforços devem se voltar prioritariamente para melhorar a qualidade de vida de grande parte da população. E isso não se faz com megaprojetos ou megaeventos, mas com um modelo de desenvolvimento que priorize a cidadania e o direito ao acesso a serviços públicos de qualidade e a cidades sustentáveis, com foco especial na inclusão daqueles que vivem em situação de pobreza.
Não se trata de contrapor universalização e focalização. Trata-se de realizar ações afirmativas porque a universalização não se confirma na prática justamente pelas dificuldades de acesso daqueles que são socialmente mais vulneráveis. Apesar dos preconceitos que a prioridade sobre a correção de injustiças pode gerar – vide reações a cotas e ao Bolsa Família –, o reconhecimento de que os mais pobres são aqueles que, tradicionalmente, ficam por último faz que se imponha aqui o preceito da equidade, uma vez que atender igualmente os desiguais poderia resultar na manutenção de desigualdades, pondo em xeque o objetivo maior da universalização de direitos.
Mesmo com os avanços na última década, o déficit ainda é de grande monta, e a população mais pobre continua a sofrer duramente o alijamento ou o reduzido acesso a serviços essenciais e, quando deles dispõe, na maior parte das vezes a qualidade oferecida é extremamente deficiente. Por exemplo, um trabalhador que more na Baixada Fluminense e trabalhe no centro do Rio de Janeiro pode ter sua jornada para o trabalho acrescida de seis horas, pela precariedade dos transportes. A crise hídrica do estado de São Paulo, por sua vez, está castigando mais severamente os bairros pobres da capital. E os homicídios em todo o país vitimam majoritariamente jovens negros e pobres.
SIMPSON, M.D. e MENEZES, F. Serviços públicos para redução da pobreza e da desigualdade.
In: Le Monde Diplomatique Brasil, Edição 90, janeiro de 2015. Disponível em:
Considerando a leitura do quarto parágrafo do texto, bem como as orientações da prescrição gramatical no que se refere a textos escritos na modalidade padrão da Língua Portuguesa, analise as assertivas abaixo.
I. A troca de “a população” por “as populações” exigirá a flexão em número de somente mais dois termos da frase, a fim de manter a correção gramatical quanto à concordância.
II. A estrutura “Por exemplo” pode ser deslocada para diferentes lugares da frase, como após os verbos “more” ou “trabalhe”, sem que isso prejudique a organização das ideias do parágrafo.
III. É essencial à organização adequada das ideias do parágrafo o uso do ponto-final antes de “E os homicídios em todo o país [...]”.
IV. Na última frase do parágrafo, a expressão “todo o país” não pode ter o artigo “o” suprimido, pois isso representará prejuízo ao sentido original do fragmento.
É correto o que se afirma em
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Alternativa Correta: A - III e IV, apenas.
Tema Central da Questão: A questão aborda a concordância verbal e nominal, o uso adequado da pontuação e a posicionamento de expressões em um texto escrito na modalidade padrão da Língua Portuguesa.
Para resolver a questão, é necessário compreender como a troca de elementos na frase pode impactar a concordância e a fluência das ideias, além de identificar pontos essenciais para a organização textual.
Justificativa da Alternativa Correta:
III. A afirmação de que é essencial o uso do ponto-final antes de “E os homicídios em todo o país [...]” está correta. O ponto-final ajuda a delimitar ideias, evitando a mistura de informações e garantindo que cada pensamento seja concluído antes de passar para o próximo.
IV. Na última frase do parágrafo, a expressão “todo o país” realmente não pode ter o artigo “o” suprimido sem causar prejuízo ao sentido original. O uso do artigo definido “o” especifica “todo o país”, indicando que são todos os homicídios ocorridos ao longo do território nacional. A ausência do artigo criaria ambiguidade.
Análise das Alternativas Incorretas:
I. A troca de “a população” por “as populações” exige mais do que apenas dois ajustes para manter a concordância correta. Mudanças adicionais seriam necessárias para resolver a alteração de número na frase.
II. A expressão “Por exemplo” não pode ser deslocada para diferentes lugares na frase sem afetar a fluidez das ideias. A colocação após os verbos “more” ou “trabalhe” comprometeria a clareza da frase, pois o “exemplo” se refere diretamente ao que é explicado na sequência, sendo necessário mantê-lo no início do segmento.
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I. A troca de “a população” por “as populações” exigirá a flexão em número de somente mais dois termos da frase, a fim de manter a correção gramatical quanto à concordância. Vejamos como fica a reescrita: "[...]as populações mais pobres continuam a sofrer duramente o alijamento[...] e, quando deles dispõem[...]". Portanto, mais de dois termos são flexionados. Errado.
II. A estrutura “Por exemplo” pode ser deslocada para diferentes lugares da frase, como após os verbos “more” ou “trabalhe”, sem que isso prejudique a organização das ideias do parágrafo. A colocação do "por exemplo" imediatamente após "more" dá a impressão de que o exemplo é sobre um tipo de moradia, e não de como "a qualidade oferecida é extremamente deficiente". Errado.
III. É essencial à organização adequada das ideias do parágrafo o uso do ponto-final antes de “E os homicídios em todo o país [...]”. O autor fornece três exemplos (RJ, SP e Brasil) de como "a qualidade oferecida é extremamente deficiente". Assim, ele enumera os exemplos mediante uso do ponto-final, em vez de ponto e vírgula, fazendo com que o ponto final antes do "E" seja obrigatório, pois, se não o fosse, a frase seria uma continuidade do segundo exemplo. Certo.
IV. Na última frase do parágrafo, a expressão “todo o país” não pode ter o artigo “o” suprimido, pois isso representará prejuízo ao sentido original do fragmento. Se se remover o "o", o sentido mudará de restrito (todo o país brasileiro) para indiscriminado (todo e qualquer país). Cf. http://www.pucrs.br/manualred/faq/todo.php. Certo.
Gabarito: A.
"Por exemplo, um trabalhador que more na Baixada Fluminense e trabalhe no centro do Rio de Janeiro pode ter sua jornada para o trabalho acrescida de seis horas, pela precariedade dos transportes."
Semanticamente parece-nos igual a, vejamos:
Quem pode ter sua jornada para o trabalho acrescida de seis horas, pela precariedade dos transportes?
Um trabalhador que more por exemplo na Baixada Fluminense e trabalhe no centro do Rio de Janeiro.
ou
Um trabalhador que more na Baixada Fluminense e trabalhe por exemplo no centro do Rio de Janeiro
mas na três naõ seria apenas um ponto simples ???
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