Na frase a seguir, as preposições destacadas contribuem par...
Leia um trecho do conto “Tangerine-Girl”, de Raquel de Queiroz, para responder à questão.
De princípio a interessou o nome da aeronave: não “zepelim” nem dirigível; o grande fuso de metal brilhante chamava-se modernissimamente blimp. Pequeno como um brinquedo, independente, amável. A algumas centenas de metros da sua casa ficava a base aérea dos soldados americanos e o poste de amarração dos dirigíveis. E de vez em quando eles deixavam o poste e davam uma volta, como pássaros mansos que abandonassem o poleiro num ensaio de voo. Assim, aos olhos da menina, o blimp1 existia como um animal de vida própria; fascinava-a como prodígio mecânico que era, e principalmente ela o achava lindo, todo feito de prata, librando-se2 majestosamente pouco abaixo das nuvens. Não pensara nunca em entrar nele; não pensara sequer que pudesse alguém andar dentro dele. Verdade que via lá dentro umas cabecinhas espiando, mas tão minúsculas que não davam impressão de realidade.
O seu primeiro contato com a tripulação do dirigível começou de maneira puramente ocasional. Acabara o café da manhã; a menina tirara a mesa e fora à porta que dá para o laranjal, sacudir da toalha as migalhas de pão. Lá de cima um tripulante avistou aquele pano branco tremulando entre as árvores espalhadas e a areia, e o seu coração solitário comoveu-se. Vivia naquela base como um frade no seu convento – sozinho entre soldados e exortações patrióticas. E ali estava, juntinho ao oitão da casa, sacudindo um pano, uma mocinha de cabelo ruivo. O marinheiro agitou-se todo com aquele adeus. Várias vezes já sobrevoara aquela casa, vira gente entrando e saindo; e pensara quão distantes uns dos outros vivem os homens, quão indiferentes passam entre si, cada um trancado na sua vida. Ele estava voando por cima das pessoas, vendo-as e, se algumas erguiam os olhos, nenhuma pensava no navegador que ia dentro; queriam só ver a beleza prateada vogando3 pelo céu.
Mas agora aquela menina tinha para ele um pensamento, agitava no ar um pano, como uma bandeira; decerto era bonita – o sol lhe tirava fulgurações de fogo do cabelo. Seu coração atirou-se para a menina num grande impulso agradecido; debruçou-se à janela, agitou os braços, gritou: “Amigo!, amigo!” – embora soubesse que o vento, a distância, o ruído do motor não deixariam ouvir-se nada. Gostaria de lhe atirar uma flor, um mimo. Mas que podia haver dentro de um dirigível da Marinha que servisse para ser oferecido a uma pequena? O objeto mais delicado que encontrou foi uma grande caneca de louça branca, pesada como uma bala de canhão. E foi aquela caneca que o navegante atirou; atirou, não: deixou cair a uma distância prudente da figurinha iluminada, num gesto delicado, procurando abrandar a força da gravidade, a fim de que o objeto não chegasse sibilante como um projétil, mas suavemente, como uma dádiva.
(Os cem melhores contos brasileiros do século. Org. Italo Moriconi – Objetiva, 2001. Adaptado)
1. blimp: dirigível
2. librando-se: flutuando, equilibrando-se
3. vogando: flutuando
Na frase a seguir, as preposições destacadas contribuem para formar locuções adjetivas.
O objeto mais delicado que encontrou foi uma grande caneca de louça branca, pesada como uma bala de canhão. (3° parágrafo)
As preposições destacadas foram empregadas com essa mesma função nos trechos da alternativa:
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Gabarito comentado
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Nesse sentido, na letra A, o termo preposicionado “de prata" está atrelado ao adjetivo feito (ou forma nominal do verbo fazer, no particípio) e, logo em seguida, “de um dirigível" une-se a um advérbio. Logo, em ambos os casos temos um complemento nominal, e não um adjunto adnominal.
Na letra B, o termo “de metal brilhante" une-se ao substantivo concreto “fuso" e, em seguida, “de amarração dos dirigíveis" une-se ao também substantivo concreto “poste". Logo, como ambas as locuções adjetivas (que recebem esse nome por caracterizar o substantivo ao qual se conecta) são adjuntos adnominais, temos já na letra B a opção correta.
Na alternativa C, temos novamente o adjunto adnominal “de metal brilhante" unido ao termo “fuso". No entanto, logo depois, a preposição “de" é utilizada para introduzir uma locução adverbial de modo (de maneira puramente ocasional).
A letra D traz a preposição “das" ligada ao termo “por cima", que tem o sentido de “na parte superior", indicando um ponto no espaço. Além disso, há a preposição “da" ligada ao substantivo abstrato “distância". Finalmente, na letra E temos exatamente o mesmo caso de “por cima" citado na letra D e a locução adjetiva “de cabelo ruivo" que funciona como adjunto adnominal de “mocinha". No entanto, para estar correta, ambos os casos deveriam se tratar de adjuntos adnominais.
Sendo assim, a alternativa correta é a letra B.
Gabarito do Professor: Letra B.
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Comentários
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GABARITO: LETRA B
? caneca de louça branca, pesada como uma bala de canhão ? ambas preposições dão início ao adjunto adnominal (caracterizando o substantivo).
? o grande fuso de metal brilhante; o poste de amarração dos dirigíveis ? mesmo uso, caracterizando os substantivos "fusos" e "poste".
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FORÇA, GUERREIROS(AS)!!
>Adjunto Adnominal<
Como acertei, não sei, só sei que acertei kkkkkkkkk
não lembro mais da regra, porém acertei porque aparentemente trata-se se substantantivos concretos que são caracterizados. salvo engano é a regra do ADJ. Adnominal.
Acertei com o seguinte raciocínio:
Bala de canhão, não é a composição da bala, mas sim a finalidade, exatamente como em Poste de amarração, não é a composição do poste, mas sim a finalidade, a primeira parte parece que as três primeiras eram verdadeiras.
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