Na primeira frase do quarto parágrafo e na última frase do ...

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Q1307579 Português

Leia a crônica de Ivan Angelo para responder à questão.



Janelas e varandas


      Varandas e janelas podem ser um campo interessante para observação nas metrópoles. Contribuições pessoais de moradores para a decoração da cidade. Espaços de expressão. Vitrines individuais.

      É da sacada do prédio que o morador da metrópole confere a paisagem, o tempo e a vida lá fora. Janelas separam o íntimo e o público, mas algumas pessoas não se importam de botar no espaço público um pouco do que é do íntimo.

       Rede estendida já vi mais de uma vez, em exíguas varandas, uma até com um homem em descuidada sesta. Nostalgia do Nordeste? De algum sítio? De uma minivaranda da Bela Vista1 , moça sentada de toalha nos ombros nus sob um secador de cabelos daqueles de pé e capacete, lendo revista. Casa dela ou salão de beleza improvisado? Em uma janela que dá para o Minhocão2 , uma gaiola com passarinho. Ave presidiária, condenada à feiura e ao barulho humanos. Será que canta? 

     Nesses espaços “públicos”, os ricos diferenciam-se principalmente pelas plantas, alguns com verdadeiras florestas. O povão ousa mais no pessoal. Como se fosse um quintal, lá põe rede, casa de cachorro, fogão quebrado, poleiro de papagaio, latão com planta, pendura bicicleta, monta churrasqueira...

    Mas, em certas ocasiões, como Natal e Copa do Mundo, todos se igualam e botam luzes piscantes ou bandeiras.

    É o que basta para pensarmos neles com uma distante camaradagem – oi, oi, estou aqui, sou um ser humano e cuido de um passarinho.



(VEJA SP, 05.10.2005. Adaptado)




1. Bela Vista: bairro paulistano.

2. Minhocão: famoso viaduto na cidade de São Paulo.

Na primeira frase do quarto parágrafo e na última frase do texto, nota-se que o cronista, respectivamente:
Alternativas

Gabarito comentado

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A questão requer compreensão e interpretação textual.

ALTERNATIVA (A) INCORRETA – Ao empregar o termo “florestas", o cronista faz uso da hipérbole – figura de linguagem em que há exagero na mensagem. O cronista desse texto é um observador, ele faz uma reflexão sobre os moradores, e não dele, a partir de seus hábitos nas janelas e varandas dos apartamentos.

ALTERNATIVA (B) CORRETA – O cronista usa do exagero quando emprega o termo “florestas" para descrever a varanda dos ricos, querendo dizer que eles põem tantas plantas no local que acaba parecendo uma floresta. Na última frase do texto, a conclusão a que o cronista chega é que o morador do apartamento mais simples expõe a sua intimidade na sacada do prédio porque sente uma necessidade de se comunicar com outras pessoas.

ALTERNATIVA (C) INCORRETA – O objetivo do cronista não é chamar a atenção, mas observar os costumes. De uma certa forma, na última frase do texto, pode-se dizer que há cordialidade dos moradores de alguns bairros, no entanto o que chama a atenção do cronista é a necessidade desses habitantes em manter uma comunicação com outras pessoas.

ALTERNATIVA (D) INCORRETA – O cronista avalia, a julgar pelas varandas, que os ricos não exibem nada sobre sua intimidade. Na última frase do texto, ele reflete sobre a necessidade que as pessoas têm de se comunicar.

ALTERNATIVA (E) INCORRETA – O cronista avalia, a julgar pelas varandas, que os ricos não exibem nada sobre sua intimidade. Na última frase do texto, o cronista avalia que a camaradagem entre os habitantes ocorre em qualquer época do ano, não só em épocas como o Natal.

GABARITO DA PROFESSORA: ALTERNATIVA (B).

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Comentários

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✅ Gabarito: B

➥ Primeira frase do 4º parágrafoNesses espaços “públicos”, os ricos diferenciam-se principalmente pelas plantas, alguns com verdadeiras florestas. O povão ousa mais no pessoal [...] → O autor usa do exagero para descrever a varanda dos ricos.

➥ Última frase do texto: [...] É o que basta para pensarmos neles com uma distante camaradagem – oi, oi, estou aqui, sou um ser humano e cuido de um passarinho → O autor reflete a respeito da necessidade de comunicação entre as pessoas.

➥ FORÇA, GUERREIROS(AS)!!

 "oi, oi, estou aqui, sou um ser humano e cuido de um passarinho" Não consigo ver esse trecho como uma reflexão sobre a necessidade de comunicação. Acho que se encaixa mais numa crítica.

Quando diz isso (oi, oi, estou aqui, sou um ser humano e cuido de um passarinho), o autor está fazendo referência ao trecho acima: Mas, em certas ocasiões, como Natal e Copa do Mundo, todos se igualam e botam luzes piscantes ou bandeiras.

Ou seja, as pessoas fazem um gesto dialógico e social, emitindo um gesto, uma mensagem. E aí, ele traz novamente para a varanda, existe vida aqui, sou uma pessoa boa porque tenho um passarinho (podia remeter também às plantas - cuido de uma planta).

Quando você coloca luz piscante na varanda, você não coloca para você ver, mas para o outro que passa na rua, para o vizinho. Você se sente parte de um todo social, comunica.

Questão extremamente abstrata na segunda parte das assertivas A e B.. Mas quem disse q passar em concurso seria tarefa fácil? Avante.

"oi, oi, estou aqui, sou um ser humano e cuido de um passarinho"

Percebam que a frase trás justamente uma ideia de comunicação ("oi, oi") e, como o próprio texto sugere, o fato de as pessoas usarem itens decorativos como plantas, luzes e bandeiras é uma forma de passar uma mensagem, ou seja, comunicar algo.

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