Boaventura de Souza Santos, com base no paradigma “todo con...

Alternativa correta: A

Para compreender a alternativa correta, é fundamental entender o pensamento de Boaventura de Souza Santos, principalmente sua crítica ao paradigma dominante da ciência moderna. Ele propõe que "todo conhecimento é local e total", destacando a importância do senso comum como um componente essencial para a produção de conhecimento. Santos sugere que a ciência pós-moderna deve valorizar a sabedoria de vida e a diversidade, não focando exclusivamente na produção tecnológica.

Justificativa da alternativa correta (A):

A alternativa A está correta porque reflete precisamente o pensamento de Boaventura de Souza Santos. A ciência pós-moderna, ao se "sensocomunizar", passa a focar no autoconhecimento e na sabedoria de vida, valorizando a diversidade cultural e a pluralidade de saberes. Esta perspectiva alinha-se com a proposta de que o conhecimento não deve ser reduzido apenas a sua aplicação tecnológica, mas deve também englobar outras dimensões da vida humana.

Análise das alternativas incorretas:

B: A alternativa B está incorreta porque sugere que o global se apropria do discurso do senso comum apenas para benefício próprio e em prol da transdisciplinaridade. Porém, essa visão não reflete a proposta de Boaventura de Souza Santos, que foca na valorização do conhecimento local em conjunto com o global, e não em uma apropriação unilateral.

C: A alternativa C erra ao afirmar que o poder local se apropria do discurso global mudando as relações em prol da pluralidade, mas beneficiando interesses particulares. Essa afirmação não está completamente alinhada com o pensamento de Santos, que valoriza a integração e o diálogo entre os saberes locais e globais, sem a predominância de interesses particulares.

D: A alternativa D sugere que a ciência usa o saber local exclusivamente para o desenvolvimento de novas tecnologias, especialmente em relação ao meio ambiente. Embora haja um componente de verdade na valorização do saber local, a alternativa não abrange adequadamente a visão de Santos sobre a transformação do conhecimento científico através da integração com o senso comum.

E: A alternativa E propõe uma mescla de local e global para transformar o senso comum em um benefício transdisciplinar cujo objetivo é o avanço tecnológico, inclusive em terras indígenas. No entanto, essa visão coloca ênfase demais no avanço tecnológico, enquanto a perspectiva de Santos é mais equilibrada, focando tanto na tecnologia quanto na sabedoria de vida e diversidade.

Conclusão: Para resolver a questão corretamente, é crucial entender que Boaventura de Souza Santos propõe uma visão de ciência que integra o senso comum, valorizando a diversidade e a sabedoria de vida, e não apenas a produção tecnológica. Isso é refletido corretamente na alternativa A.

a) todo o conhecimento científico-natural é científico-social;

Não há mais sentido a concepção mecanicista que faz distinções entre ciências naturais e ciências sociais, ainda mais que os avanços recentes da física e da biologia rechaçam tal dualismo.

b) todo conhecimento é local e total;

No paradigma emergente, o conhecimento é total e, sendo total, é também local, pois é útil aos indivíduos de determinada comunidade. Sendo local, também é total, porque reconstitui os projetos de conhecimento locais, ou seja, incentiva a emigrarem para outros lugares cognitivos. O conhecimento do paradigma emergente, portanto, ao ser total, não é determinístico e, ao ser local, não é descritivista.

c) todo conhecimento é autoconhecimento;

Não se pode mais tolerar a distinção entre sujeito e objeto feita pela ciência moderna. Desse modo, podemos afirmar que todo o conhecimento, ou seja, todo o ato de conhecer o objeto é autoconhecimento, isto é, forma de o cientista conhecer.

d) todo conhecimento científico visa a se constituir em senso comum

A ciência moderna faz do cientista um ignorante especializado e do cidadão comum um ignorante generalizado. O paradigma emergente, ao contrário, entende que nenhum conhecimento é desprezível, e estimula a interação entre os mesmos. Destarte, não despreza o senso comum, pois entende que, apesar de, sozinho, ser conservador, sua interação com o conhecimento científico é extremamente enriquecedora, e cria uma nova racionalidade, a qual é feita de racionalidades.

Fonte:  RESENHA CRÍTICA DA OBRA: “Um Discurso Sobre as Ciências”, de Boaventura de Sousa Santos- Monique Bertotti