“O bobo é sempre tão simpático que há espertos que se fazem...

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Ano: 2016 Banca: MPE-GO Órgão: MPE-GO Prova: MPE-GO - 2016 - MPE-GO - Secretário Auxiliar |
Q699150 Português

TEXTO I

Das vantagens de ser bobo

— O bobo, por não se ocupar com ambições, tem tempo para ver, ouvir e tocar no mundo.

— O bobo é capaz de ficar sentado quase sem se mexer por duas horas. Se perguntado por que não faz alguma coisa, responde: "Estou fazendo. Estou pensando."

— Ser bobo às vezes oferece um mundo de saída porque os espertos só se lembram de sair por meio da esperteza, e o bobo tem originalidade, espontaneamente lhe vem a ideia.

— O bobo tem oportunidade de ver coisas que os espertos não veem.

— Os espertos estão sempre tão atentos às espertezas alheias que se descontraem diante dos bobos, e estes os veem como simples pessoas humanas.

— O bobo ganha liberdade e sabedoria para viver

— O bobo parece nunca ter tido vez. No entanto, muitas vezes o bobo é um Dostoiévisk .

— Há desvantagem, obviamente. Uma boba, por exemplo, confiou na palavra de um desconhecido para a compra de um ar refrigerado de segunda mão: ele disse que o aparelho era novo, praticamente sem uso porque se mudara para a Gávea onde é fresco. Vai a boba e compra o aparelho sem vê-lo sequer. Resultado: não funciona. Chamado um técnico, a opinião deste era a de que o aparelho estava tão estragado que o conserto seria caríssimo: mais valia comprar outro.

— Mas, em contrapartida, a vantagem de ser bobo é ter boa-fé, não desconfiar, e portanto estar tranquilo. Enquanto o esperto não dorme à noite com medo de ser ludibriado.

— O esperto vence com úlcera no estômago. O bobo nem nota que venceu.

— Aviso: não confundir bobos com burros.

— Desvantagem: pode receber uma punhalada de quem menos espera. E uma das tristezas que o bobo não prevê. César terminou dizendo a frase célebre: “Até tu, Brutus?"

— Bobo não reclama. Em compensação, como exclama!

— Os bobos, com suas palhaçadas, devem estar todos no céu.

_ Se Cristo tivesse sido esperto não teria morrido na cruz.

— O bobo é sempre tão simpático que há espertos que se fazem passar por bobos

— Ser bobo é uma criatividade e, como toda criação, é dificilão, é difícil. Por isso é que os espertos não conseguem passar por bobos.

— Os espertos ganham dos outros. Em compensação os bobos ganham vida.

— Bem-aventurados os bobos porque sabem sem que ninguém desconfie. Aliás não se importam que saibam que eles sabem.

— Piá lugares que facilitam mais as pessoas serem bobas (não confundir bobo com burro, com tolo, com fútil). Minas Gerais, por exemplo, facilita o ser bobo. Ah, quantos perdem por não nascer em Minas!

— Bobo é Chagall, que põe vaca no espaço, voando por cima das casas.

— E quase impossível evitar o excesso de amor que um bobo provoca. E que só o bobo é capaz de excesso de amor. E só o amor faz o bobo. (Clarice Lispector. A descoberta do mundo. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1984.) 

“O bobo é sempre tão simpático que há espertos que se fazem passar por bobos.” A assertiva que apresenta análise correta em relação ao parágrafo transcrito é:
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Comentários

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Verbo haver no sentido de existir ou ocorrer será sempre impessoal e por este motivo não concordará com o seu sujeito.

Bons estudos!

GABARITO LETRA C

 

a) Errada. Há apenas um adjetivo em função de predicativo do sujeito, que é o termo "simpático". Repare que está qualificando o sujeiro "Bobo" e se relacionam através de um verbo de ligação. 

"O bobo (sujeito) é ( verbo de ligação ) sempre tão simpático (predicativo do sujeito)

 

b) Errada. O verbo não foi usado de forma impessoal pois é possível achar seu agente. Quem se faz passar por bobos? Os espertos. 

 

c) Gabarito. Sem comentários. Perfeita. Está no presente do indicativo na terceira pessoa do singular.

 

d) Errada. A forma verbal "fazem" concorda com "espertos".

 

e) Errada. A frase está perfeita, em ordem direta e não caberia vírgula nesse trecho. 

Uma dúvida na D, o pronome relativo "que" retoma o nome "espertos" certo? Portanto, o verbo não concordaria com o pronome, que retoma o nome?

Olá Vinícius, nesses casos de pronomes relátivos o verbo concorda com o antecedente do pronome, e não com o pronome em si, conforme explicação do DIMAS PEREIRA.

 

Gabarito: C

A - Errado - O predicativo é apenas o adjetivo simpáticos.

B - Errado - Fazer é impessoal quando indica tempo decorrido ou fenômeno da natureza. 

C - Correto - Haver como sinônimo de Ocorrer, Fazer, Existir, Realizar e Acontecer, fica impessoal.

D - Errado - Verbos concordam com o seu sujeito. O verbo fazem concorda com o núcleo do sujeito "espertos". 

E - Errado - Não pode separar, por virgulas, o sujeito do verbo. 

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