A referência feita ao livro de Eduardo Gianetti indica
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Ano: 2017
Banca:
IDECAN
Órgão:
Câmara de Natividade - RJ
Prova:
IDECAN - 2017 - Câmara de Natividade - RJ - Técnico Legislativo |
Q945424
Português
Texto associado
Uma coisa grande mesmo
Não adianta chorar o leite derramado, a árvore derrubada e colocar
a culpa nas gerações passadas. É bola pra frente.
Difícil falar de sustentabilidade para pessoas que não querem, não gostam e têm dificuldade de pensar no futuro.
Mas a pauta do mundo hoje é essa, goste ou não, queira ou não. Porque sustentabilidade é isto: trazer o futuro para o
presente. É resolver os seus problemas e realizar seus sonhos hoje sem comprometer os sonhos de quem ainda nem
nasceu.
Para quem é jovem e brasileiro, então, a dificuldade de incluir o futuro nas suas decisões é maior ainda. Vou
explicar começando pelo que temos em comum: Brasil. Vivemos numa região do planeta que é muito boa e generosa
com as nossas condições de vida. Para nós, humanos, para as plantas e para os animais.
Aprendi isso no livro do Eduardo Giannetti, O valor do amanhã. Ele diz que uma árvore no hemisfério Norte, como
por exemplo o carvalho, tem que armazenar energias no verão para atravessar o inverno, senão morre. Uma palmeira
nos trópicos, onde o inverno é quente, não tem esse mecanismo de armazenagem porque não precisa.
Isto é, nós, que vivemos nos trópicos, tendemos naturalmente a não esquentar a cabeça com o inverno, isto é, com
o futuro. Daí para essa tendência virar atitude, cultura, estilo de vida, não custa nada. Conclusão: o brasileiro é cabeça
fresca por natureza.
O mesmo acontece quando temos pouca idade. Quando jovens, temos tanto para viver no presente e tanto futuro
pela frente, que não temos nenhuma motivação nem espaço na cabeça para pensar no futuro. Dizem que o máximo de
futuro que a maioria dos jovens consegue pensar é três ou quatro dias. Mais praticamente, o tempo da próxima balada
ou o prazo para entregar o trabalho da escola.
Normal. De verdade, a gente só começa a pensar no futuro para valer quando casamos e temos filhos. Aí é que se
começa a pensar sério na vida, fazer planos, poupar, essas coisas.
Então, para jovens brasileiros, sustentabilidade é papo cabeça, abstrato, que só vira realidade quando vê crianças
morrendo de falta de água, ursinho morrendo de falta de frio, peixe morrendo de falta de ar, floresta morrendo de falta
de inteligência humana e boate fechando por falta de energia elétrica para a guitarra e o ar-condicionado.
Estou falando isso para mostrar o tamanho do desafio para um jovem dos trópicos entender o que de fato está por
trás da sustentabilidade e poder se preparar para contribuir na virada deste jogo que está pondo em risco o seu próprio
futuro. (...)
É uma coisa grande mesmo. Muito maior do que o aqui, agora da minha geração, que muita gente entendeu que
era pequeno e curto e acabou detonando sua saúde em poucos anos, destruindo sua vida e privando o futuro do seu
talento. Muitos amigos, muitos músicos geniais foram destruídos por essa má compreensão do “aqui, agora”. (...)
Vamos combinar: para sustentabilidade não existe futuro nem passado, só existe o presente, um presente eterno,
um presente tão grande que só cabe na nossa consciência e se está na consciência vira estilo de vida. Então, a saída é
acordar para essa nova consciência. Como cantam Céu e Beto Villares na sua “Roda”: “Caiu na roda, ou acorda ou vai
dançar.
(Ricardo Guimarães. Uma coisa grande mesmo. Revista MTV, jun. 2007.)
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