Para defender suas ideias, o colunista apela para um conjunt...
TEXTO 1
BELEZA COMO MANDAMENTO
Posso falar de arte e artistas outra vez? Tenho afeição pelo tema. Espero que, em algum lugar aí no Brasil, haja leitores e leitoras, mesmo poucos, que se interessem pela figura singular e tão fundamental do artista. Ou quem sabe se dou sorte e há um ou outro artista aí fora, extraviado nesta coluna?
[....] Sempre me pareceu que o artista verdadeiro sacrifica qualquer “conteúdo”, qualquer “coerência”, por uma bela frase, por um belo gesto, por um belo efeito plástico ou cênico. Como dizia Oscar Wilde, “coerência é a virtude dos que não têm imaginação”. Dos não artistas, portanto.
O que distingue o artista é a busca incondicional pela beleza, em detrimento da verdade, do equilíbrio, do bom senso, da ética, da saúde e até da própria vida. Além disso, leitor, o artista é frequentemente um pobre ser ameaçado, com instalação precária no mundo. E, se faz concessões, corre o risco de se desvirtuar, de perder o rumo.
Assim, o artista precisa sacrificar, ou deixar em segundo plano, a verdade e a moral. A objetividade e os bons princípios são temas para outros tipos humanos, para o cientista e para o sacerdote, respectivamente. [....] Quando um artista migra para outros terrenos (ciência, moral, filosofia, pensamento social, crítica literária), o que acaba dominando, em última análise, é a expressão da beleza. Para o verdadeiro artista, a beleza é o único mandamento. Para o bem e para o mal, ela interfere o tempo todo. E a obra artística resvala para a mentira, para o engano, para a fabulação. Tangencia a imoralidade, o crime, a perversão.
(Paulo Nogueira Batista Jr., O Globo, 04/08/2017 – adaptado)
Comentários
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"Tenho afeição pelo tema" / "Sempre me pareceu que..."/
Gab: B
a) as citações de autores mundialmente famosos. só existe uma citação.
b) as opiniões pessoais do colunista.
c) a autoridade do jornal em que escreve. Em nenhum momento ele invoca o jornal, ademais trata-se de uma coluna de opinião, que, por uma questão de conceito, não expressa a opinião do jornal, e sim do colunista.
d) a intertextualidade com outros textos de valor. não existe intertextualidade
e) a multiplicidade de vozes que apoiam a visão do colunista. O coluna expressa inclusive acreditar não serem muitos os afeitos ao tema " em algum lugar aí no Brasil, haja leitores e leitoras, mesmo poucos, que se interessem pela figura singular e tão fundamental do artista. "
Expressões como essas:
Tenho afeição pelo tema.
[....] Sempre me pareceu que o artista verdadeiro sacrifica qualquer “conteúdo”, qualquer “coerência”, por uma bela frase, por um belo gesto, por um belo efeito plástico ou cênico.
Como dizia Oscar Wilde, “coerência é a virtude dos que não têm imaginação”. Dos não artistas, portanto.
O que distingue o artista é a busca incondicional pela beleza, em detrimento da verdade, do equilíbrio, do bom senso, da ética, da saúde e até da própria vida.
Além disso, leitor, o artista é frequentemente um pobre ser ameaçado, com instalação precária no mundo.
E, se faz concessões, corre o risco de se desvirtuar, de perder o rumo.
Assim, o artista precisa sacrificar, ou deixar em segundo plano, a verdade e a moral.
[...]
Fiquei entre as letras "a" e "b", respondi da seguinte maneira:
a) Só existe uma citação, porém, já resolvi questões da FGV que ela também coloca no plural e considera a alternativa como certa (no texto, o exemplo também era singular). Então fui analisar o texto como um todo.
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b) Alternativa correta, pois o predominio argumentativo do texto, está voltado para a opinião particular do autor, é a maioria do que é citado, logo, sendo mais relevante que apenas a citação do Oscar Wilde.
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Cuidado com termos no plural, nem sempre a FGV vai os considerar errados (mesmo estando no singular ao longo do texto), as vezes pode ser a alternativa mais plausível.
Meras opiniões
Gab;b
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