Ao fazer uso das expressões “varetas desconjuntadas”, “desen...
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Ano: 2016
Banca:
Máxima
Órgão:
Prefeitura de Fronteira - MG
Provas:
Máxima - 2016 - Prefeitura de Fronteira - MG - Assistente Social
|
Máxima - 2016 - Prefeitura de Fronteira - MG - Cirurgião Dentista |
Máxima - 2016 - Prefeitura de Fronteira - MG - Farmacêutico |
Q730927
Português
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Moda tem que parar de sacrificar modelos
Chegou a um nível irresponsável e escandaloso a magreza das modelos nas semanas
brasileiras de moda. As garotas, muitas delas recém-chegadas à adolescência, exibem
verdadeiros gravetos como pernas e, no lugar dos braços, carregam espécies de varetas
desconjuntadas. De tão desencarnadas e enfraquecidas, algumas chegam a se
locomover com dificuldade quando têm que erguer na passarela os sapatos pesados de
certas coleções.
Usualmente consideradas arquétipos de beleza, essas modelos já estão se acercando de
um estado físico limítrofe, em que a feiura mal se distingue da doença.
Essa situação tem o conluio de todo o meio da moda, que faz vista grossa da situação,
mesmo sabendo das crueldades que são impostas às meninas e das torturas que elas
infligem a si mesmas para permanecerem desta maneira: um amontoado de ossos, com
cabelos lisos e olhos azuis.
Uma rede de hipocrisia se espalhou há anos na moda, girando viciosamente, sem parar:
os agentes de modelos dizem que os estilistas preferem as moças mais magras, ao passo
que os estilistas justificam que as agências só dispõem de meninas esqueléticas. Em
uníssono, afirmam que eles estão apenas seguindo os parâmetros de beleza
determinados pelo "mercado" internacional - indo todos se deitar, aliviados e sem culpa,
com os dividendos debaixo do travesseiro.
Alguns, mais sinceros, dizem que não querem "gordas", com isso se referindo àquelas que vestem nº 36. Outros explicitam ainda mais claramente o que pensam dessas
modelos: afirmam que elas não passam de "cabides de roupas".
Enquanto isso, as garotas emagrecem mais um pouco, mais ainda, submetidas também a
uma pressão psicológica descomunal para manterem, em pleno desenvolvimento juvenil,
as características de um cabide.
[...]
Para uma semana de moda, que postula um lugar forte na sociedade brasileira, é um
disparate e uma afronta que ela exiba a decrepitude física como modelo a milhões de
adolescentes do país.
Para a moda como um todo, que vive do sonho de embelezar a existência, a forma como
os agentes e os estilistas lidam com essas moças é não apenas cruel, mas uma
blasfêmia. Eles, de fato, não estão afirmando a grandeza da vida, mas propagando a
fraqueza e a moléstia.
O filósofo italiano Giorgio Agamben escreveu que as modelos são "as vítimas sacrificiais
de um deus sem rosto". É hora de interromper esse ritual sinistro. É hora de parar com
essas mistificações da moda, que prega futuros ecológicos, convivências fraternais e
fantasias de glamour, enquanto exibe nas passarelas verdadeiros flagelos humanos.
Ao fazer uso das expressões “varetas desconjuntadas”, “desencarnadas e
enfraquecidas” e “nível irresponsável e escandaloso”, os jornalistas manifestam: