Vinte e três anos separam esses dois momentos: o lançamento...
“O Tribunal de Justiça de SP anulou os julgamentos que condenaram 74 policiais militares pelo massacre do Carandiru, em 1992, quando 111 presidiários foram assassinados em uma ação da PM para conter um motim na antiga Casa de Detenção de São Paulo.”
Fragmento recolhido de http://www1.folha.uol.com.br/ cotidiano/2016/09/1817306-tj-anula-julgamentos-que-condenaram-pms-no-massacre-do-carandiru.shtml, 27 de setembro de 2016.
TEXTO 5
“(...)
E o venerável cardeal disser que vê tanto espírito no
feto
E nenhum no marginal
E se, ao furar o sinal, o velho sinal vermelho habitual
Notar um homem mijando na esquina da rua sobre
um saco
Brilhante de lixo do Leblon
E ao ouvir o silêncio sorridente de São Paulo
Diante da chacina
111 presos indefesos, mas presos são quase
todos pretos
Ou quase pretos, ou quase brancos
quase pretos de tão pobres
E pobres são como podres e todos sabem
como se tratam os pretos
E quando você for dar uma volta no Caribe
E quando for trepar sem camisinha
E apresentar sua participação inteligente no
bloqueio a Cuba
Pense no Haiti, reze pelo Haiti
O Haiti é aqui
O Haiti não é aqui
(...)”
Fragmento de HAITI. Música: Gilberto Gil; Letra: Caetano Veloso. CD Tropicália 2 (1993).
Vinte e três anos separam esses dois momentos: o lançamento da canção HAITI (1993) e a decisão do Tribunal de Justiça de São Paulo (2016). Ambos são alusivos ao que ficou tragicamente conhecido como O MASSACRE DO CARANDIRU.
Comparados os dois TEXTOS, é correto afirmar que, de uma perspectiva ética e simbólica, a recente anulação do julgamento que condenou os policiais militares encontra sua melhor síntese “poética” no verso: