No trecho “embaça-se um homem a si mesmo”, do texto 15A2-II...
Texto 15A2-II
Talvez espante ao leitor a franqueza com que lhe exponho e realço a minha mediocridade; advirto que a franqueza é a primeira virtude de um defunto. Na vida, o olhar da opinião, o contraste dos interesses, a luta das cobiças obrigam a gente a calar os trapos velhos, a disfarçar os rasgões e os remendos, a não estender ao mundo as revelações que faz à consciência; e o melhor da obrigação é quando, à força de embaçar os outros, embaça-se um homem a si mesmo, porque em tal caso poupa-se o vexame, que é uma sensação penosa, e a hipocrisia, que é um vício hediondo. Mas, na morte, que diferença! Que desabafo! Que liberdade! Como a gente pode sacudir fora a capa, deitar ao fosso as lantejoulas, despregar-se, despintar-se, desafeitar-se, confessar lisamente o que foi e o que deixou de ser! Porque, em suma, já não há vizinhos, nem amigos, nem inimigos, nem conhecidos, nem estranhos; não há plateia. O olhar da opinião, esse olhar agudo e judicial, perde a virtude, logo que pisamos o território da morte; não digo que ele se não estenda para cá, e nos não examine e julgue; mas a nós é que não se nos dá do exame nem do julgamento. Senhores vivos, não há nada tão incomensurável como o desdém dos finados.
Machado de Assis. Memórias póstumas de Brás Cubas. São Paulo: Ciranda Cultural, 2018. p.
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Gabarito comentado
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Como forma de exemplificar isso, podemos dizer que Fernando Pessoa, ao escrever os versos “Ó mar salgado, quanto do teu sal / São lágrimas de Portugal?", sabia muito bem que a palavra mar, por si só, já traz em si a ideia de algo salgado. Porém, ao associar essa imensidão de água salgada com as lágrimas de Portugal, ele reflete acerca de um país com um passado trágico e sofrido. Logo, justifica-se o mecanismo de repetir a ideia da salinidade.
Levando em consideração a questão, o trecho “embaça-se um homem a si mesmo" repete a ideia reflexiva de embaçar-se. O próprio “se" em questão já é um pronome reflexivo que indica que a ação indicada pelo verbo recairá sobre o próprio agente da ação. Quando, logo a seguir, a construção é complementada por outra forma reflexiva “a si mesmo", percebemos que o autor enfatiza exageradamente a ideia indicada pelo verbo e o faz novamente com a utilização de um pronome reflexivo, desta vez o “si". Logo, nós temos aqui dois termos (se e si) utilizados com o intuito de dar ênfase a uma só ideia (de um homem que se embaça). Ao analisar as alternativas, percebemos que apenas a letra C leva e consideração a repetição de ideias e termos característica do pleonasmo, o que nos leva a concluir que somente ela pode ser a opção correta.
Gabarito do professor: Letra C.
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O pleonasmo compõe o conjunto de figuras de sintaxe. Trata-se dos fenômenos linguísticos relacionados diretamente com a construção frasal, com a estrutura dos elementos sintáticos na oração. Neste caso, o pleonasmo configura-se por uma repetição, para alguns gramáticos sua característica principal é o excesso.
Exemplos típicos de pleonasmo: “descer para baixo”, “subir para cima”, “sair para fora”.
Gab : C
"embaça-SE um homem a SI MESMO." Reforçando a ideia transmitida pelo autor.
Pleonasmo vicioso
Ex.: subir para cima, descer para baixo, ...
Resposta:Letra C
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#PLEONASMO
Repetição de uma ideia com o objetivo de realce:
- A rosa,entreguei-a ao meu amor.
- Olhei Maria com olhos sonhadores.
Curiosidade:
O pleonasmo pode também representa um vício de linguagem quando,em vez de reforçar poeticamente uma frase,deixa-a repetitiva,redundante.Nesse caso,chama-se pleonasmo vicioso:
- Subir para cima
- Descer para baixo
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FONTE:Português esquematizado / Prof. Agnaldo Martino
substantivo masculino
- Redundância de termos no âmbito das palavras, mas de emprego legítimo em certos casos, pois confere maior vigor ao que está sendo expresso (p.ex.: ele via tudo com seus próprios olhos ).
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