No 3° parágrafo, ao considerar que todos nós temos limites, ...
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Ano: 2024
Banca:
FCC
Órgão:
TRT - 7ª Região (CE)
Prova:
FCC - 2024 - TRT - 7ª Região (CE) - Técnico Judiciário - Área Administrativa |
Q3089874
Português
Texto associado
[Vida a compartilhar]
Um jovem amigo meu é uma pessoa exasperada e deprimida. Na
semana passada, ele foi atraído por uma história edificante. Lima
escola americana dedicara um anfiteatro a uma professora de escola
fundamenta! que, depois de uma longa carreira de ensino, foi
paralisada por uma distrofia muscular, e seguiu ensinando. Quando
perdeu a voz, passou a ensinar surdos-mudos. Na reportagem, ela
estranhava a atenção e os elogios: era uma mulher em paz consigo
mesma e com o mundo, sem furores caritativos ou vocações
martirológicas. Sua vida parecia simplesmente normal.
Meu jovem amigo comentou que, se estivesse no lugar dela, já
teria acabado com sua própria vida. Essa ideia, concordei, passaria por
qualquer cabeça. Mas por que a professora não foi por esse caminho?
O insuportável numa doença como essa, afirmou então meu
interlocutor, são os limites, as impotências.
Observei-lhe então que há uma infinidade de coisas que não
conseguimos fazer. Afinal, não sei voar, nem ficar por respirar mais que
dois minutos. Com paciência condescendente, meu amigo explicou
que essas são coisas que ninguém, ou quase ninguém, consegue fazer
O que dói, acrescentou, é não conseguir fazer as coisas que os outros
conseguem. E declarou que, se tivesse uma invalidez grave, talvez
pudesse seguir vivendo, mas só entre pessoas tão inválidas quanto ele.
Conclusão da conversa: o problema não é a invalidez, o problema são
os outros. Melhor dizendo, a necessidade de se comparar aos outros.
De todo modo, ficamos sem apurar que tipo de energia animava
aquela prejudicada professora, excepcionalmente apta e disposta a só
compartilhar o que tinha de positivo.
(Adaptado de: CALLIGARIS, Contardo. Terra de ninguém. São
Paulo: Publifolha, 2004, p. 70-71)
No 3° parágrafo, ao considerar que todos nós temos limites, o autor se
deparou com a seguinte posição defendida pelo jovem amigo: