Pensar a cultura em termos de processo e, portanto, que está...
MALAVOTA, Claudia Mortari. Construindo Vidas na Diáspora: os africanos da cidade de Desterro, Ilha de Santa Catarina (século XIX). História (São Paulo) v. 32, p. 281-303, jan./jun. 2003. p. 283.
Analise as afirmativas abaixo em relação ao assunto.
1. O tráfico atlântico, o desenraizamento e a escravidão dos africanos destruíram os vínculos que estes possuíam na África, mas não a consciência que permitiu a reinvenção das identidades e o estabelecimento de novas estratégias de sobrevivência. 2. Para designar a dispersão dos povos africanos pelo Atlântico, a historiografia passou a usar o conceito de diáspora por considerar que aqueles povos carregavam consigo a promessa do retorno redentor a sua terra de origem. 3. Embora saibamos que a formação identitária é um processo cultural complexo, no contexto da escravização, a redefinição das identidades dos cativos pode ser vista como escolhas políticas. 4. Em diversos locais como na Ilha de Santa Catarina formaram-se as Irmandades Religiosas. Estas constituíam espaço de devoção, mas serviam sobretudo aos senhores, que poderiam controlar a movimentação de escravizados e libertos. Por isso proibiam o estabelecimento de laços de amizade e solidariedade. 5. Durante a vigência da escravidão, não era proibido que os escravizados formassem família, mas os casais eram formados entre indivíduos pertencentes ao mesmo proprietário, e era proibido o contato entre eles nas ruas.
Assinale a alternativa que indica todas as afirmativas
corretas.
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Vamos analisar a questão sobre a cultura africana na diáspora. Esse tema envolve entender como os africanos mantiveram e transformaram suas identidades e culturas após a escravização e deslocamento forçado ao longo do Atlântico.
A alternativa A é a correta: "São corretas apenas as afirmativas 1 e 3".
Agora, vamos justificar as escolhas:
1. O tráfico atlântico, o desenraizamento e a escravidão dos africanos destruíram os vínculos que estes possuíam na África, mas não a consciência que permitiu a reinvenção das identidades e o estabelecimento de novas estratégias de sobrevivência. - Essa afirmativa é verdadeira. Ela destaca como, apesar das adversidades, os africanos conseguiram redefinir suas identidades, preservando suas culturas de maneira reinventada.
2. Para designar a dispersão dos povos africanos pelo Atlântico, a historiografia passou a usar o conceito de diáspora por considerar que aqueles povos carregavam consigo a promessa do retorno redentor a sua terra de origem. - Esta afirmativa é incorreta. A diáspora africana é mais sobre a dispersão e adaptação dos povos africanos, não sendo necessariamente ligada à ideia de retorno à terra de origem.
3. Embora saibamos que a formação identitária é um processo cultural complexo, no contexto da escravização, a redefinição das identidades dos cativos pode ser vista como escolhas políticas. - Esta afirmativa é verdadeira. Os cativos muitas vezes tomavam decisões sobre suas identidades como um meio de resistência e adaptação política.
4. Em diversos locais como na Ilha de Santa Catarina formaram-se as Irmandades Religiosas. Estas constituíam espaço de devoção, mas serviam sobretudo aos senhores, que poderiam controlar a movimentação de escravizados e libertos. Por isso proibiam o estabelecimento de laços de amizade e solidariedade. - Esta afirmativa é incorreta. As Irmandades Religiosas eram espaços que também permitiam uma certa organização e solidariedade entre os escravizados, ainda que sob vigilância dos senhores.
5. Durante a vigência da escravidão, não era proibido que os escravizados formassem família, mas os casais eram formados entre indivíduos pertencentes ao mesmo proprietário, e era proibido o contato entre eles nas ruas. - Esta afirmativa é incorreta. Embora houvesse restrições e controles, não era uma regra geral que os escravizados só pudessem formar casais dentro do mesmo proprietário ou que fosse proibido o contato nas ruas.
Compreender essas características da cultura e resistência africana na diáspora é crucial para interpretar corretamente as questões. Persevere nos estudos e você estará cada vez mais preparado!
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Comentários
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Resposta letra A.
Comentando as erradas.
2 - Diáspora Africana foi o processo de migração forçada exercido durante a Idade Moderna ao final do século XIX, principalmente africanos de pele escura. Os descendentes de escravos brasileiros, que voltaram para alguns países africanos e formaram comunidades receberam o nome de Tabons - assim como os agudás e os amarôs, que se fixaram no Togo, no Benin e na Nigéria - entre meados do século 18 e início do século 20, em um movimento descrito como "diáspora reversa".
4 - Eram permitidos laços de amizade e solidariedade entre os membros das Irmandades Religiosas.
5 - Os casamentos entre escravos eram incentivados pelos proprietários.
Fontes:
https://www.palmares.gov.br/?p=53464
https://www.nationalgeographicbrasil.com/portfolio/2018/08/tabom-comunidade-escravos-gana-africa-brasil-lingua#:~:text=Os%20tabons%20%E2%80%93%20assim%20como%20os,por%20alguns%
20pesquisadores%20como%20%22di%C3%A1spora
https://ndmais.com.br/cidadania/segregacao-racial-escondida/
https://ensinarhistoria.com.br/familias-escravas-no-brasil/
Gab A
Comentando as erradas.
II- A diáspora, neste sentido, constituiu um processo complexo que envolveu a promoção de guerras em África e a destruição de sociedades; captura de homens, mulheres e crianças; travessia do atlântico que durava em média 40 dias (entre Angola e Bahia, por exemplo); a inserção brutal em uma nova sociedade; lutas por liberdade e sobrevivência e a construção de novas identidades. As sociedades construídas com base no processo de diáspora africana, apesar das marcas estruturais decorrentes do passado escravocrata, conectam-se social e culturalmente, seja por meio da história e deste passado comum, das manifestações artísticas, da ciência, da religiosidade, da black music, do jazz, do soul, do reggae, do samba ou seja eles carregavam consigo a determinação do povo africano, onde quer que estivessem eles continuaram com sua cultura e não apenas voltar para a África, mais fazer florescer sua cultura onde estivessem.
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