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Ano: 2012 Banca: FAPEMS Órgão: UEMS Prova: FAPEMS - 2012 - UEMS - Técnico Administrativo |
Q824601 Português

                               ESTE É O MEU CORPO

      Caro leitor: você está contente com o seu corpo? Pense bem. Olhe-se bem. Os ingleses não estão. Informa* a BBC Brasil que um grupo de deputados auscultou a população nativa a respeito.

      As conclusões do estudo, intitulado "Reflections on Body Image" ("reflexões sobre a imagem do corpo”), são dramáticas: ninguém gosta da respectiva carcaça.

      Nas escolas, o cenário é particularmente aterrador: um em cada cinco meninos de 10 anos despreza a própria figura; uma em cada três meninas também.

      A situação é tão extrema que os deputados sugerem aulas de imagem e expressão corporal para combater a insatisfação com o corpo. É preciso mais "autoestima", dizem os especialistas. A saúde psíquica de uma nação depende disso.

      Boa sorte, rapazes. Mas posso explicar por que motivo o projeto educacional está destinado ao fracasso? Deixo ficar a teoria para mais tarde. Prefiro a prática por agora.

      Moro em frente a uma academia de ginástica. E todos os dias, manhã cedo, contemplo através do vidro exércitos de infelizes que marcham lá para dentro em busca das formas perfeitas.

      O cortejo é deprimente, concedo: a angústia plasmada no rosto de cada um dos peregrinos faria as delícias de Hieronymus Bosch. Mas o essencial da experiência está na propaganda da academia - duas frases escritas em inglês e com cores berrantes, logo na entrada: "One life. Live it well."

      Nem mais. Durante séculos, a civilização ocidental - corrijo: a civilização judaico-cristã que forjou o Ocidente - tinha uma singular visão do corpo que se alterou com a modernidade.

      Simplificando, o corpo tinha a sua importância como guardião da alma divina. Mas só a alma era eterna; só a alma viajava para o outro lado, o que concedia ao corpo um estatuto perecível e secundário.

      Quando existe um horizonte de eternidade pela frente, e quando a eternidade se assume como prolongamento da existência terrena e compensação de suas misérias, é normal que o olhar humano não atribua ao corpo e às suas imperfeições o lugar histérico de hoje.

      Esse horizonte de eternidade perdeu-se. Para usar as palavras de Thomas Hardy em poema célebre sobre o "funeral de Deus”, a divindade podia ser uma projeção que os homens modernos não conseguiram mais manter viva. 

      Mas existem consequências desse enterro. Se não existe nenhuma continuidade pós-terrena, se tudo que resta é esta passagem breve e incompleta que termina entre quatro tábuas, o olhar humano recentra-se sobre a matéria.

      Pior: coloca a matéria no altar das antigas divindades e troca as orações e as penitências do passado pelo calvário tangível da malhação matinal.

      Só existe uma vida. Só existe uma oportunidade para vivê-la bem. As frases promocionais da academia podem ser lidas como grito festivo e obviamente narcísico.

      Mas também são a expressão de uma angústia e terror bem profundos: a angústia e o terror de quem sabe que não terá uma segunda oportunidade.

      Todas as fichas do jogo estão cá embaixo, não íá em cima. Aliás, não existe mais "lá em cima”.

      Os deputados ingleses, sem originalidade, acreditam que a insatisfação com o corpo tem origem nas imagens de perfeição irreal que a moda ou o cinema cultivam. O clichê de um clichê. 

      Erro crasso. Essas imagens de perfeição irreal são apenas a consequência, e não a causa, de uma cultura que concedeu ao corpo uma fatídica importância.

      E "fatídica" pela razão evidente de que condena os homens a adorar um deus falível por definição. Um deus caprichoso e inconstante, sujeito às inclemências da velhice, da doença e da morte. Se existem causas perdidas, o corpo é a primeira delas. Alimentar causas perdidas é um sintoma de demência.

      É por isso que a nossa obsessão com a carcaça não se corrige com as tais aulas de imagem e expressão corporal. Não se corrige com mais "autoestima".

       Ironicamente, corrige-se com menos "autoestima". Somos pó e ao pó retornaremos. Aulas de teologia fariam mais pelas crianças inglesas do que renovadas sessões com o corpo no papel principal.

                                João Pereira Coutinho, Folha de Sao Paulo, 05/06/2012

A alternativa em que as quatro expressões são formadas pelas mesmas classes de palavras e na mesma sequência é:
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Gabarito comentado

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Alternativa correta: E - saúde psíquica — formas perfeitas - cores berrantes - alma divina

Vamos analisar o motivo pelo qual a alternativa E é a correta e por que as demais estão incorretas.

A questão aborda conhecimentos de morfologia, mais especificamente a classificação das classes de palavras. Para resolver essa questão, é necessário identificar a classe gramatical de cada palavra nas expressões apresentadas e verificar se elas seguem a mesma sequência em todas as expressões da alternativa correta.

Justificativa da alternativa correta (E): Todas as expressões em E seguem a mesma sequência de classes de palavras: substantivo + adjetivo. Vamos verificar cada expressão:

1. saúde psíquica: saúde (substantivo) + psíquica (adjetivo)

2. formas perfeitas: formas (substantivo) + perfeitas (adjetivo)

3. cores berrantes: cores (substantivo) + berrantes (adjetivo)

4. alma divina: alma (substantivo) + divina (adjetivo)

Agora, vamos analisar as alternativas incorretas:

A - homens modernos - calvário tangível - malhação matinal - antigas divindades:

1. homens modernos: homens (substantivo) + modernos (adjetivo)

2. calvário tangível: calvário (substantivo) + tangível (adjetivo)

3. malhação matinal: malhação (substantivo) + matinal (adjetivo)

4. antigas divindades: antigas (adjetivo) + divindades (substantivo)

Erro: A última expressão inverte a sequência para adjetivo + substantivo.

B - segunda oportunidade - razão evidente - perfeição irreal - papel principal:

1. segunda oportunidade: segunda (adjetivo) + oportunidade (substantivo)

2. razão evidente: razão (substantivo) + evidente (adjetivo)

3. perfeição irreal: perfeição (substantivo) + irreal (adjetivo)

4. papel principal: papel (substantivo) + principal (adjetivo)

Erro: A primeira expressão inverte a sequência para adjetivo + substantivo.

C - grito festivo - deputados ingleses - fatídica importância - lugar histérico:

1. grito festivo: grito (substantivo) + festivo (adjetivo)

2. deputados ingleses: deputados (substantivo) + ingleses (adjetivo)

3. fatídica importância: fatídica (adjetivo) + importância (substantivo)

4. lugar histérico: lugar (substantivo) + histérico (adjetivo)

Erro: A terceira expressão inverte a sequência para adjetivo + substantivo.

D - estatuto perecível - bem profundos - existência terrena - olhar humano:

1. estatuto perecível: estatuto (substantivo) + perecível (adjetivo)

2. bem profundos: bem (substantivo) + profundos (adjetivo)

3. existência terrena: existência (substantivo) + terrena (adjetivo)

4. olhar humano: olhar (substantivo) + humano (adjetivo)

Erro: A segunda expressão apresenta uma falha gramatical, pois "bem" não é um substantivo neste contexto, mas sim um advérbio. A expressão correta deveria ser "bens profundos".

Conclusão: A alternativa E é a correta, pois todas as expressões seguem a mesma sequência de substantivo + adjetivo.

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Comentários

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Alguém poderia comentar essa questão, por favor.

GABARITO LETRA E.

 

Eu errei também o item, mas analisando depois acho que: 

 

saúde psíquica — formas perfeitas - cores berrantes - alma divina

Subst + adjetivo - Subst + adjetivo - Subst + adjetivo - Subst + adjetivo

 

Ou seja: todas são formadas por substantivo e adjetivo. 

 

obs: é minha humilde opnião. 

A única resposta que poderia confundir seria a D com a palavra BEM PROFUNDO.

Como a questão estava à procura dos pares Substantivo + Adjetivo (nesta ordem) há que se analisar a palavra BEM que aqui é um Advérbio de Modo, logo destoa da sequencia pedida pela banca.

Caraca... Que questão!!

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