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Ano: 2012 Banca: FAPEMS Órgão: UEMS Prova: FAPEMS - 2012 - UEMS - Técnico Administrativo |
Q824607 Português

                               ESTE É O MEU CORPO

      Caro leitor: você está contente com o seu corpo? Pense bem. Olhe-se bem. Os ingleses não estão. Informa* a BBC Brasil que um grupo de deputados auscultou a população nativa a respeito.

      As conclusões do estudo, intitulado "Reflections on Body Image" ("reflexões sobre a imagem do corpo”), são dramáticas: ninguém gosta da respectiva carcaça.

      Nas escolas, o cenário é particularmente aterrador: um em cada cinco meninos de 10 anos despreza a própria figura; uma em cada três meninas também.

      A situação é tão extrema que os deputados sugerem aulas de imagem e expressão corporal para combater a insatisfação com o corpo. É preciso mais "autoestima", dizem os especialistas. A saúde psíquica de uma nação depende disso.

      Boa sorte, rapazes. Mas posso explicar por que motivo o projeto educacional está destinado ao fracasso? Deixo ficar a teoria para mais tarde. Prefiro a prática por agora.

      Moro em frente a uma academia de ginástica. E todos os dias, manhã cedo, contemplo através do vidro exércitos de infelizes que marcham lá para dentro em busca das formas perfeitas.

      O cortejo é deprimente, concedo: a angústia plasmada no rosto de cada um dos peregrinos faria as delícias de Hieronymus Bosch. Mas o essencial da experiência está na propaganda da academia - duas frases escritas em inglês e com cores berrantes, logo na entrada: "One life. Live it well."

      Nem mais. Durante séculos, a civilização ocidental - corrijo: a civilização judaico-cristã que forjou o Ocidente - tinha uma singular visão do corpo que se alterou com a modernidade.

      Simplificando, o corpo tinha a sua importância como guardião da alma divina. Mas só a alma era eterna; só a alma viajava para o outro lado, o que concedia ao corpo um estatuto perecível e secundário.

      Quando existe um horizonte de eternidade pela frente, e quando a eternidade se assume como prolongamento da existência terrena e compensação de suas misérias, é normal que o olhar humano não atribua ao corpo e às suas imperfeições o lugar histérico de hoje.

      Esse horizonte de eternidade perdeu-se. Para usar as palavras de Thomas Hardy em poema célebre sobre o "funeral de Deus”, a divindade podia ser uma projeção que os homens modernos não conseguiram mais manter viva. 

      Mas existem consequências desse enterro. Se não existe nenhuma continuidade pós-terrena, se tudo que resta é esta passagem breve e incompleta que termina entre quatro tábuas, o olhar humano recentra-se sobre a matéria.

      Pior: coloca a matéria no altar das antigas divindades e troca as orações e as penitências do passado pelo calvário tangível da malhação matinal.

      Só existe uma vida. Só existe uma oportunidade para vivê-la bem. As frases promocionais da academia podem ser lidas como grito festivo e obviamente narcísico.

      Mas também são a expressão de uma angústia e terror bem profundos: a angústia e o terror de quem sabe que não terá uma segunda oportunidade.

      Todas as fichas do jogo estão cá embaixo, não íá em cima. Aliás, não existe mais "lá em cima”.

      Os deputados ingleses, sem originalidade, acreditam que a insatisfação com o corpo tem origem nas imagens de perfeição irreal que a moda ou o cinema cultivam. O clichê de um clichê. 

      Erro crasso. Essas imagens de perfeição irreal são apenas a consequência, e não a causa, de uma cultura que concedeu ao corpo uma fatídica importância.

      E "fatídica" pela razão evidente de que condena os homens a adorar um deus falível por definição. Um deus caprichoso e inconstante, sujeito às inclemências da velhice, da doença e da morte. Se existem causas perdidas, o corpo é a primeira delas. Alimentar causas perdidas é um sintoma de demência.

      É por isso que a nossa obsessão com a carcaça não se corrige com as tais aulas de imagem e expressão corporal. Não se corrige com mais "autoestima".

       Ironicamente, corrige-se com menos "autoestima". Somos pó e ao pó retornaremos. Aulas de teologia fariam mais pelas crianças inglesas do que renovadas sessões com o corpo no papel principal.

                                João Pereira Coutinho, Folha de Sao Paulo, 05/06/2012

Analise sintaticamente o período a seguir e, depois, o que se afirma sobre eie. "Informa a BBC Brasil que um grupo de deputados auscultou a população nativa a respeito"

I- Existe, nesse período, uma relação de coordenação, com orações independentes.

II- Existe no período uma oração subordinada substantiva objetiva direta.

III- Trata-se de um período composto por apenas duas orações.

IV- O sujeito da oração principal é "um grupo de deputados".

Alternativas

Comentários

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GABARITO LETRA B.

 

 

 "Informa a BBC Brasil que um grupo de deputados auscultou (conheceu) a população nativa a respeito"

 

INFORMAR algo (OD) a alguém (OI). Logo "a BBC Brasil" é OI e "que um grupo de deputados auscultou (conheceu) a população nativa a respeito" é uma oração substantiva objetiva direta.

E é uma perído composto pois "Informa a BBC Brasil" é uma oração porque tem o verbo INFORMAR e "que um grupo de deputados auscultou (conheceu) a população nativa a respeito" é outra oração porque tem o verbo AUSCULTOU. 

 

ITEM 1-A primeira alternativa só de vermos a presença do QUE já podemos deduzir que não são todas independentes e coordenadas. ITEM 4- Pergunte ao verbo quem informa? Resposta: A BBC Brasil, logo sujeito do verbo. Primeiro passo até para eliminação de alternativas, quando falar em oração primeiro passo sublinhamos os verbos, que no caso em tela são INFORMAR e AUSCULTOU. Logo já temos 2 orações.

"BBC Brasil" não é OI, senão o "a" que a precede deveria ser craseado,  no caso, BBC Brasil não é alvo do verbo informar.

Oração subordinada substantiva Objetiva direta pode ser substituída por "isso". A BBC informa "isso".

Direto ao ponto:

 

Informa: VTD

a BBC brasil: sujeito simples

que: conjunção. não exerce função sintática. Apenas liga as 2 orações.

um grupo de deputados auscultou a população nativa a respeito: Objeto direto

 

logo. OSS objetiva direta, pois a segunda oração exerce a função de OD, completando o sentido de verbo informar.

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