Depreende-se do texto que, durante os festejos romanos menci...

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Q1013406 Português

Considere o texto abaixo para responder às questões.


    Seis de janeiro, Epifania ou Dia de Reis (em referência aos reis magos), fecha o ciclo natalino que, entre os romanos, festejava o renascimento do sol depois do solstício de inverno (o dia mais curto do ano).

    Era uma festa de invocação do sol, pelo fim das noites invernais. Durante esses festejos pagãos, os papéis sociais se confundiam. Havia troca de presentes e de identidades. O escravo assumia o lugar de senhor, o homem se vestia de mulher − como se, para agradar à natureza, tivéssemos de reconhecer a arbitrariedade das convenções culturais.

    Nesse intervalo de poucos dias, o homem aceitava como natural o que por convenção as relações sociais e de poder não permitiam. Ameaçado pelos caprichos da natureza, reconhecia que as coisas são mais complexas do que estamos dispostos a ver.

    É plausível que Shakespeare tenha escrito “Noite de Reis”, segundo Harold Bloom sua comédia mais bem-sucedida, pensando nessa carnavalização solar, para comemorar a Epifania. A peça conta a história de Viola e Sebastian, gêmeos que naufragam ao largo do que hoje seria Croácia, Montenegro ou Albânia, e que no texto se chama Ilíria. Viola acredita que o irmão se afogou. Ao oferecer seus serviços ao duque de Ilíria, ela se disfarça de homem, assumindo o nome de Cesário. É o suficiente para pôr em andamento uma comédia de erros na qual as identidades serão confrontadas com a relatividade das nossas convicções.

    O sentido irônico do subtítulo da peça − “o que bem quiserem ou desejarem” − dá a entender que os desejos desafiam as convenções que os encobrem. As convenções se modificam conforme a necessidade. Os desejos as contradizem. Identidade e desejo são muitas vezes incompatíveis.

    É o que reivindica a filósofa Rosi Braidotti. Braidotti critica a banalização dos discursos identitários, uma incapacidade de lidar com a complexidade, análoga às soluções simplistas que certos discursos contrapõem às contradições. Diante da complexidade, é natural seguir a ilusão das respostas mais simples.

    Sob a graça da comédia, Shakespeare trata da fluidez das identidades. Epifania tem a ver com a luz, com o entendimento e a compreensão. Mas para voltar a ver e compreender é preciso admitir que as contradições são parte constitutiva do mundo. A democracia, em sua imperfeição e irrealização permanentes, depende disso.


(Adaptado de: CARVALHO, Bernardo. Disponível em: www1.folha.uol.com.br

Depreende-se do texto que, durante os festejos romanos mencionados,
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O trecho

" ... o homem aceitava como natural o que, por convenção, as relações sociais e de poder não permitiam."

 

traz a ideia de que, na referida festa, havia a naturalização de atividades não permitidas mediante a flexibilidade da arbitrariedade das convenções culturais, ou seja,certas trocas de identidade habitualmente proibidas pela organização social eram aceitas durante a realização dessa festa.

 

Quem escolheu a busca não pode recusar a travessia - Guimarães Rosa

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Gabarito: B

Gabarito''B''.

Depreende-se do texto que, durante os festejos romanos mencionados,

>RESOLUÇÃO: O trecho “Nesse intervalo de poucos dias, o homem aceitava como natural o que por convenção as relações sociais e de poder não permitiam.” deixa bem claro que certas proibições impostas pelas convenções sociais eram relativizadas no período de festejos romanos.

Fonte:Direção Concursos.

Estudar é o caminho para o sucesso.

GABARITO: LETRA B

RESPOSTA → eram aceitas com naturalidade certas trocas de identidade habitualmente proibidas pela organização social.

RESOLUÇÃO → Era uma festa de invocação do sol, pelo fim das noites invernais. Durante esses festejos pagãos, os papéis sociais se confundiam. Havia troca de presentes e de identidades. O escravo assumia o lugar de senhor, o homem se vestia de mulher − como se, para agradar à natureza, tivéssemos de reconhecer a arbitrariedade das convenções culturais.

→ havia uma troca geral; de personalidade, de presentes, ademais, ocorria troca de alto valor proibitivo: escravos/senhores, homem/mulher.

FORÇA, GUERREIROS(AS)!! ☺

#Análise das alternativas com os erros marcados em negrito e as fundamentações extraídas do texto, quando possível:

A) havia troca de presentes entre senhores e escravos, cujos papéis sociais, entretanto, não se confundiam.

Incorreta. Item claramente equivocado, uma vez que nesses festejos os papéis se confundiam, conforme referência a seguir: "Durante esses festejos pagãos, os papéis sociais se confundiam."

B) eram aceitas com naturalidade certas trocas de identidade habitualmente proibidas pela organização social.

Correta. É isso mesmo, conforme evidência clara da banca no seguinte trecho: "Nesse intervalo de poucos dias, o homem aceitava como natural o que por convenção as relações sociais e de poder não permitiam."

C) pessoas do povo recuperavam tradições culturais que haviam sido abolidas pelas classes dominantes.

Incorreta. Clara extrapolação da banca, visto que o texto fala do Dia de Reis estritamente e, em nenhum momento, cita alguma outra tradição cultural que foi abolida pelas classes dominantes.

D) tradições religiosas eram temporariamente suspensas e retomadas após o solstício.

Incorreta. Na verdade, o que se suspendia não eram as tradições religiosas, mas as convenções sociais. Nesse sentido, o próprio Dia de Reis é uma tradição religiosa que, de acordo com o texto, une os romanos. Segue trecho do texto que corrobora com o explanado anteriormente: "O escravo assumia o lugar de senhor, o homem se vestia de mulher − como se, para agradar à natureza, tivéssemos de reconhecer a arbitrariedade das convenções culturais."

E) ritos pagãos de veneração à natureza mesclavam-se a manifestações religiosas para homenagear os reis magos.

Incorreta. Outra extrapolação da banca, de modo que não há esses ritos pagãos de veneração à natureza. Além do mais, de acordo com o enxerto a seguir - " Nesse intervalo de poucos dias, o homem aceitava como natural o que por convenção as relações sociais e de poder não permitiam. Ameaçado pelos caprichos da natureza, reconhecia que as coisas são mais complexas do que estamos dispostos a ver.", a palavra natureza é inserida no texto de maneira conotativa, retratando da nossa natureza de ser humano pensando e de que as convenções sociais interferem na nossa liberdade de escolha e no nosso modo de agir em sociedade.

Gabarito: item "B"

Espero ter ajudado. :D

havia troca de presentes e de identidades. O escravo assumia o lugar de senhor, o homem se vestia de mulher − como se, para agradar à natureza, tivéssemos de reconhecer a arbitrariedade das convenções culturais.

    Nesse intervalo de poucos dias, o homem aceitava como natural o que por convenção as relações sociais e de poder não permitiam. Ameaçado pelos caprichos da natureza, reconhecia que as coisas são mais complexas do que estamos dispostos a ver.

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