Considere os aspectos e os elementos linguísticos e avalie ...

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Q2135209 Português
Uma língua de 'étes' e 'êtes'

Ruy Castro*


Outro dia, na televisão, alguém falou de uma pancadaria envolvendo pessoas munidas de cassetete. Como sói, o pau quebrou. Só que o apresentador pronunciou-o "cassetête", com o "e" fechado. Embatuquei: não se diz "cassetéte", com o "e" aberto? Fui ao Aurélio e li: "Cassetete [téte]. Cacete curto, de madeira ou de borracha, usado pela polícia". Como o Aurélio não falha, temos então que é "cassetéte", não "cassetête".


Acontece com frequência. Toda língua comporta essas discrepâncias, que se explicam pela origem ou índole de certas palavras. Certa vez, um amigo meu, o jornalista Fernando Pessoa Ferreira, disse que precisava passar na farmácia para comprar cotonete ‒ que ele pronunciou "cotonête". Corrigi-o: "É ‘cotonéte’, Fernando". Coerente com seu raciocínio, ele não deixou a bola cair: "E você também fala ‘sabonéte’?".


Se dois falantes da mesma língua se confundem com a pronúncia de certas palavras, como fica um pobre estrangeiro aprendendo a falar português? Como explicar-lhe que tapete se pronuncia "tapête", mas topete é "topéte"? E que canivete é "canivéte", mas estilete é "estilête"? E que sorvete é "sorvête", mas chiclete é "chicléte"?


É frete, mas é "bilhête", "pivéte" e "foguête", "vedéte" e "lembrête", "dezesséte" e "gabinête", "giléte" e "macête", "enquéte" e "balancête", "patinéte" e "alfinête", "trompéte" e "tamborête", "boféte" e "rabanête". E são "banquête", "paquête" e "joanête", não "banquéte", "paquéte" e "joanéte". Mas vá a gente dizer isso ao gringo.


Em estudante, tomei de cassetete da polícia nas violentas passeatas contra a ditadura aqui no Rio. Menos mal que era de borracha. Podia ser pior, se fosse "cassetête". 

*Jornalista e escritor.

Folha de São Paulo, Opinião, 15 jan. 2023, p. A2. Adaptado.
Considere os aspectos e os elementos linguísticos e avalie o que se afirma acerca das seguintes passagens transcritas do texto.

I – A alteração da grafia do vocábulo “mal” para “mau” na oração “Menos mal que era de borracha.” caracteriza desvio da norma culta da língua portuguesa.

II – A presença do termo destacado no trecho “Coerente com seu raciocínio, ele não deixou a bola cair...” está relacionada a uma exigência de regência nominal.

III – A forma se cumpre idêntico papel morfossintático na frase “Se dois falantes da mesma língua se confundem com a pronúncia de certas palavras...”

IV – A preposição de em “Outro dia, na televisão, alguém falou de uma pancadaria envolvendo pessoas...” é consequência da relação de regência estabelecida.

V – O período “É frete, mas é ‘bilhête’, ‘pivéte’ e ‘foguête’...” pode ser reescrito com a devida correção gramatical da seguinte maneira: “É frete, mais é ‘bilhête’, ‘pivéte’ e ‘foguête’...”.

Está correto apenas o que se afirma em
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gab A

Gabarito letra A. A alternativa V tá errada, porque não pode substituir mas (conjunção adverbial opositiva) por mais. A III está errada porque as funções do se na oração são distintas, uma é um conjunção adverbial condicional e a outra é a voz apassivadora do verbo. O resto está correto.

!Hasta la victoria siempre!

GABARITO -- A

III – A forma se cumpre idêntico papel morfossintático na frase “Se dois falantes da mesma língua se confundem com a pronúncia de certas palavras...”

O 1º é condicional

O 2º não é condicional.

IV - “É frete, mas é ‘bilhête’, ‘pivéte’ e ‘foguête’...” pode ser reescrito com a devida correção gramatical da seguinte maneira: “É frete, mais é ‘bilhête’, ‘pivéte’ e ‘foguête’...”.

Além disso , escreve-se: Bilhete , pivete e foguete.

I – A alteração da grafia do vocábulo “mal” para “mau” na oração “Menos mal que era de borracha.” caracteriza desvio da norma culta da língua portuguesa.

  • Correta. "Mal" está sendo usado corretamente na sentença original como advérbio, contrastando com "bem". A mudança para "mau" (adjetivo) alteraria o sentido da frase e constituiria um desvio da norma culta.

II – A presença do termo destacado no trecho “Coerente com seu raciocínio, ele não deixou a bola cair...” está relacionada a uma exigência de regência nominal.

  • Correta. Apesar do termo não estar explicitamente destacado, a frase sugere que o termo em questão é "coerente". "Coerente" é um adjetivo que exige a preposição "com" para estabelecer uma relação com o objeto do adjetivo, neste caso, "seu raciocínio".

III – A forma se cumpre idêntico papel morfossintático na frase “Se dois falantes da mesma língua se confundem com a pronúncia de certas palavras...”

  • Incorreta. Na verdade, o "se" em "se confundem" é um pronome reflexivo, indicando que os falantes estão confundindo a si mesmos. O "se" inicial na frase é uma conjunção condicional.

IV – A preposição de em “Outro dia, na televisão, alguém falou de uma pancadaria envolvendo pessoas...” é consequência da relação de regência estabelecida.

  • Correta. O verbo "falar" requer a preposição "de" quando é seguido pelo assunto da fala.

V – O período “É frete, mas é ‘bilhête’, ‘pivéte’ e ‘foguête’...” pode ser reescrito com a devida correção gramatical da seguinte maneira: “É frete, mais é ‘bilhête’, ‘pivéte’ e ‘foguête’...”.

  • Incorreta. A conjunção "mas" é usada corretamente na frase original para indicar contraste ou oposição. Substituí-la por "mais" (que é um advérbio de quantidade ou intensidade) estaria gramaticalmente errado.

Portanto, as afirmações corretas são I, II e IV.

GABARITO -- A

III – A forma se cumpre idêntico papel morfossintático na frase “Se dois falantes da mesma língua se confundem com a pronúncia de certas palavras...”

O 1º é condicional

O 2º não é condicional.

IV - “É frete, mas é ‘bilhête’, ‘pivéte’ e ‘foguête’...” pode ser reescrito com a devida correção gramatical da seguinte maneira: “É frete, mais é ‘bilhête’, ‘pivéte’ e ‘foguête’...”.

Além disso , escreve-se: Bilhete , pivete e foguete.

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