No quinto parágrafo, além da voz do autor, há
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Com base no mesmo assunto
Ano: 2024
Banca:
FUNCERN
Órgão:
CREA-RN
Provas:
FUNCERN - 2024 - CREA-RN - Analista de Sistemas
|
FUNCERN - 2024 - CREA-RN - Analista de Infraestrutura |
FUNCERN - 2024 - CREA-RN - Fiscal de Sistema |
FUNCERN - 2024 - CREA-RN - Assessor Técnico |
Q2510293
Português
Texto associado
Letramento informacional: como sobreviver à internet
Fernanda Oliveto
Era 1917, duas meninas criativas e talentosas, Elsie e a prima Frances Griffiths, em Bradford,
Inglaterra, criaram uma fake news tão aparentemente real que chegaram a enganar o grande Arthur Conan
Doyle. Ele escreveu um livro sobre o caso (The coming of the fairies) e produziu artigos para revistas, entre
os quais Fairies photographed e Strand Magazine.
Tratava-se de fotos que registravam encontros das meninas com fadinhas encantadas. O caso ficou
conhecido como as Fadas de Cottingley. Apenas na década de 1980, o editor do British Journal of
Photography à época, Geoffrey Crawley, pôs fim à questão, provando que as fadas eram de papel e estavam
suspensas por fios.
Eis uma prova evidente do poder de manipulação da verdade. Nas mãos das primas inglesas, o caso
tomou ares pitorescos, até pela ingenuidade da invenção. Mas o que poderia ter acontecido se, em vez de
fadas, fosse algo menos lúdico, com viés acusatório, para prejuízo de alguém? Afinal, é relativamente fácil
modificar dados, maquiá-los e utilizá-los para finalidades diversas. Hoje, com a internet, assistimos, quase
que impotentes, à proliferação de notícias falsas e golpes de todo tipo.
A era da informação trouxe o progresso para vários setores mas também trouxe bruxas no lugar de
fadas. Diante do avanço das tecnologias de informação e comunicação (TICs), é preciso discutir, a partir de
um olhar crítico, cauteloso e não negativista, as possibilidades de enfrentamento dos riscos a que a sociedade
está sujeita, de modo especial as crianças, por serem mais vulneráveis.
A fim de lidar com as fakes news e com a exposição de dados pessoais, a educação sustenta-se
como a melhor estratégia para estimular o pensamento dialógico e crítico e desenvolver competências em
letramento informacional. Kelley Gasque, pesquisadora do tema e professora da Universidade de Brasília
(UnB), define letramento informacional como o processo de desenvolvimento de competências para localizar,
selecionar, acessar, organizar, usar informação e gerar conhecimento, visando à tomada de decisão e à
resolução de problemas. Segundo a autora, o letramento informacional capacita os aprendizes para a busca
e o uso da informação de maneira eficiente e eficaz.
Uma das lições que a pandemia de covid-19 trouxe foi a iminência de serem desenvolvidas
competências informacionais para a sobrevivência no mundo hiperconectado. Para que isso ocorra, e não
será algo tempestivo, mas em longo prazo, o letramento informacional deve ser um conteúdo obrigatório nos
planos de curso desde a infância.
Com a inserção de questões como comportamento informacional, identificação de fontes confiáveis,
navegação segura, proteção de dados e informações pessoais, a criança em formação aprenderá um
verdadeiro protocolo para a navegação defensiva, ou seja, a navegar na internet, realizar buscas por
informações, flanar por páginas de sites diversos, fazer compras em lojas de e-comércio, participar de redes
sociais, ir a consultas remotas, pagar contas em bancos virtuais e fazer todo tipo de procedimento possível
através da rede.
Agindo com cautela, de maneira defensiva, a sociedade conseguirá ter mais liberdade para fazer
escolhas virtuais sem que, para isso, tenha de pagar o preço alto de ter sua vida exposta ou sua conta zerada
por algum hacker. A capacidade de agir com criticidade diante do bombardeio de informações a que somos
expostos diariamente é um dos alicerces do letramento informacional. Com esse objetivo, pretende-se que a
sociedade desenvolva uma postura reflexiva e crítica e seja incentivada, desde a idade escolar, a agir de
forma consciente de sua posição no mundo globalizado. Entretanto, há muito o que se fazer, em especial no
Brasil, para que o letramento informacional seja uma realidade para a população e consiga colher os frutos
almejados com o amadurecimento e a implementação da proposta.
As seduções das TICs são muitas e apelam para todos os sentidos — sobretudo o visual. Não só
palavras, mas também imagens são manipuladas para apresentar uma verdade forjada (lembram-se das
fadas?), cuja intenção é ludibriar e conservar o interesse de uma minoria cujos interesses são manter seu
domínio econômico e político.
O letramento informacional sustenta-se como uma das formações mais relevantes no momento, pois,
sem ele, vive-se à margem de tudo, das questões políticas, da defesa dos direitos, da proteção à própria vida,
da conservação da biodiversidade, entre outros temas relevantes dos quais ficará alijado. Nesse contexto, o
letramento informacional é, portanto, uma ferramenta para a cidadania, um instrumento que dota o ser da
CONSELHO REGIONAL DE ENGENHARIA E AGRONOMIA DO RIO GRANDE DO NORTE – CREA/RN
EDITAL Nº 001/2024
Concurso Público para o provimento de cargos de seu quadro de pessoal e para formação de cadastro de reserva – CREA/RN 3
capacidade de se nutrir da informação da melhor forma possível. Além disso, promove a construção do
conhecimento e exercita a indagação, o aprendizado e o posicionamento do ser no contexto em que vive.
Agir assim é ser protagonista da própria história, é exercer, em plenitude, a cidadania. O futuro está
traçado em bytes, megabytes, de forma que não é possível fugir da tecnologia, até porque ela traz inúmeras
vantagens e perspectivas interessantes para todas as áreas do conhecimento. O desafio é conviver com as
dicotomias da tecnologia, dotando-se de competências para reconhecer e, se não debelar, minimizar os
prejuízos.
Disponível em: . Acesso em: 04 abr. 2024. [texto adaptado]
No quinto parágrafo, além da voz do autor, há