Assinale a afirmativa transcrita do texto que apresenta um p...
Na repressão ao crime continuamos atolados nos dilemas da Idade Média: sabemos prender, castigar e construir cadeias, nada mais.
A perda da liberdade, a solidão, os guardas, a rotina imposta, a ausência de privacidade, as horas que se arrastam, os dias idênticos, as arbitrariedades do sistema carcerário, a identidade substituída por um número de prontuário e o uniforme que a todos iguala não chegam aos pés do sofrimento causado pela convivência com os companheiros de infortúnio. Os perigos inerentes a esse convívio são tão ameaçadores, que o maior de todos os desejos do prisioneiro não é recuperar a liberdade perdida, mas permanecer vivo, tarefa que exige elaborar uma estratégia segundo a qual sua presença atenda aos interesses do grupo.
À medida que somos obrigados a compartilhar o espaço vital, nós nos tornamos menos violentos, por razões evolutivas: aformação e a preservação do grupo foram essenciais para o êxito ecológico de nossa espécie. Hominídeos que não souberam conviver com os demais ficaram expostos aos predadores e não deixaram descendentes. A rotina diária na prisão exige processos adaptativos que servem de base para a criação de um código penal draconiano, capaz de prever todos os acontecimentos da vida comunitária –da proibição de delatar o companheiro, aos modos de comer à mesa; do respeito às famílias visitantes, aos cuidados com a higiene pessoal.
Ao contrário da justiça morosa e burocrática das sociedades civilizadas, em que o intervalo entre a prática do crime e a aplicação da penalidade pode exigir anos de tramitação nos tribunais, entre presidiários as sentenças são de execução imediata. O desrespeito às regras estabelecidas deve ser punido com rigor, sumariamente, para impedir que se instale a barbárie.
O poder é um espaço abstrato que os homens jamais deixam no vazio. No ambiente prisional a força física é de pouca valia. Um dos homens mais fortes que conheci morreu, enquanto dormia em sua cela, queimado com água fervente por um desafeto de 1 metro e meio. Na disputa pelas posições de mando, assumem a liderança aqueles capazes de formar a coalizão mais numerosa.
O que a sociedade chama de população carcerária está longe de constituir massa amorfa que reage de modo irracional, como às vezes acontece nas rebeliões, episódios raros na história de qualquer cadeia. Mulheres e homens presos fazem parte de uma comunidade organizada, segundo leis e regras próprias que ficarão impregnadas no espírito de todos os que passaram pela experiência de viver atrás das grades.
A eficácia imediata do aprisionamento na redução dos níveis de violência nas cidades está bem documentada na literatura científica. Quando um assaltante vai preso, é um a menos a roubar nas ruas. O que ainda não foi estudado são as repercussões a longo prazo do encarceramento.
A sociedade vive a exigir mais prisões e penas mais longas, a ressocialização fica relegada à retórica. Para sair desse impasse serão necessários conhecimento técnico, bom senso e ousadia na reorganização do sistema penal brasileiro. Diante da epidemia da violência urbana que nos atormenta, o medo de errar não pode servir de pretexto para o conformismo e a apatia paralisante em que nos encontramos.
(Revista Carta Capital. PorDrauzio Varella–Publicado19/07/2013. Disponível em: http://www.cartacapital.com.br/revista/758/cadeia-e-um-lugar-povoado-de-maldade-236.html. Acesso em: 12/08/2016. Adaptado.)
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GABARITO: LETRA D
A) ?No ambiente prisional a força física é de pouca valia.?(4º§) ? respectivamente, artigo definido e preposição.
B) ?A sociedade vive a exigir mais prisões e penas mais longas, a ressocialização fica relegada à retórica.?(7º§) ? respectivamente, advérbio de intensidade e artigo definido.
C) ?Hominídeos que não souberam conviver com os demais ficaram expostos aos predadores e não deixaram descendentes.?(2º§) ? respectivamente, advérbio de negação e pronome indefinido.
D) ?Diante da epidemia da violência urbana que nos atormenta, o medo de errar não pode servir de pretexto para o conformismo e a apatia paralisante em que nos encontramos.?(7º§) ? respectivamente, pronome oblíquo átono e logo após uma preposição.
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? FORÇA, GUERREIROS(AS)!!
“No ambiente prisional a força física é de pouca valia.”(4º§)
- Artigos definidos - São aqueles usados para indicar seres determinados, expressos de forma individual:
- O concurseiro estuda muito.
- Os concurseiros estudam muito
- Preposição é uma palavra invariável que liga dois elementos da oração, subordinando-os. Isso significa que a preposição é o termo que liga substantivo a substantivo, verbo a substantivo, substantivo a verbo, adjetivo a substantivo, advérbio a substantivo, etc.
- Tipos de preposição
- Essenciais: por, para, perante, a, ante, até, após, de, desde, em, entre, com, contra, sem, sob, sobre, trás.
"A sociedade vive a exigir mais prisões e penas mais longas, a ressocialização fica relegada à retórica.”(7º§)
- Advérbios de Intensidade
- assaz (bastante, suficientemente), bastante, demais, mais, menos, muito, quanto, quão, quase, tanto, pouco.
- Locuções Adverbiais de Intensidade:
- em excesso, de todo, de muito, por completo.
- - Superlativo absoluto do adjetivo: divide-se em dois analítico e sintético
- analítico = o adjetivo é modificado por um advérbio: Ex. Carla é muito inteligente.
- Artigos definidos - São aqueles usados para indicar seres determinados, expressos de forma individual:
“Hominídeos que não souberam conviver com os demais ficaram expostos aos predadores e não deixaram descendentes.”(2º§)
- Advérbios de Negação
- não, tampouco (= também não).
- Locuções Adverbiais de Negação:
- de modo algum, de jeito nenhum, de forma nenhuma.
- “Demais” como pronome indefinido:
- Os candidatos aprovados permanecem, os demais podem sair.
- Quando alguém gosta de apenas um estilo musical, todos os demais irritam-se.
“Diante da epidemia da violência urbana que nos atormenta, o medo de errar não pode servir de pretexto para o conformismo e a apatia paralisante em que nos encontramos.”(7º§)
- Pronome Obliquo Átono
- São chamados átonos os pronomes oblíquos que não são precedidos de preposição. Possuem acentuação tônica fraca: ex.:
- Ele me deu um presente.
- Tipos de preposição
- Essenciais: por, para, perante, a, ante, até, após, de, desde, em, entre, com, contra, sem, sob, sobre, trás.
A questão é de morfologia e quer que marquemos a alternativa transcrita do texto que apresenta um pronome e uma preposição respectivamente. Vejamos:
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A) “No ambiente prisional a força física é de pouca valia.”(4º§)
Errado. "A" é artigo definido e "de" é preposição.
Artigo: é a palavra que se antepõe ao substantivo para determiná-lo, definindo ou indefinido o ser nomeado por esse substantivo. Dividem-se os artigos em definidos e indefinidos. Artigos definidos: determinam de forma precisa os substantivos. São eles: o, a, os, as. Artigos indefinidos: indeterminam os substantivos, caracterizando-os de forma vaga, imprecisa e generalizada, sem particularizar e individualizar pessoas, objetos ou lugares. São eles: um, uma, uns, umas.
Preposição: palavra invariável que une dois termos de uma oração, subordinando um ao outro, de tal modo que o sentido do primeiro (antecedente) é explicado ou completado pelo segundo (consequente). Ex.: Concordo com você.
As preposições essenciais são: a, ante, após, até, com, contra, de, desde, em, entre, para, pe r, perante, por, sem, sob, sobre, trás.
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B) “A sociedade vive a exigir mais prisões e penas mais longas, a ressocialização fica relegada à retórica.”(7º§)
Errado. "Mais" é advérbio de intensidade e "a" é artigo definido.
Advérbio: palavra invariável que indica circunstâncias. Modifica um adjetivo, um verbo ou outro advérbio. Pode ser de afirmação, dúvida, intensidade, lugar, modo, tempo e negação.
Advérbios de intensidade (intensificam algo): muito, pouco, bastante, demais, tanto, tão, bem, mais, menos, que, quanto, quão, quase, assaz, demasiado, meio, todo, demais, nada, apenas, como...
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C) “Hominídeos que não souberam conviver com os demais ficaram expostos aos predadores e não deixaram descendentes.”(2º§)
Errado. "Não" é advérbio de negação e "demais" (=os outros), nesse caso, é pronome indefinido.
Advérbios de negação: não, nem, nunca...
Pronomes indefinidos: referem-se à terceira pessoa do discurso, dando-lhe sentido vago ou expressando quantidade indeterminada. Alguns deles: algum, nenhum, todo, outro, muito, pouco, certo, vários, tanto, quanto, qualquer, tudo, algo, nada, ninguém, cada...
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D) “Diante da epidemia da violência urbana que nos atormenta, o medo de errar não pode servir de pretexto para o conformismo e a apatia paralisante em que nos encontramos.”(7º§)
Certo. "Nos" é pronome oblíquo átono e "para" é preposição essencial.
Pronomes pessoais do caso oblíquo: exercem a função sintática de complemento nominal, complemento verbal (objeto direto ou indireto), agente da passiva, adjunto adnominal ou adverbial, sujeito de uma oração reduzida. Podem ser átonos (não antecedidos de preposição): me, te, se, o, a, lhe, nos, vos, os, as, lhes; ou tônicos (precedidos por preposição): mim, comigo, ti, contigo, ele, ela, si, consigo, nós, conosco, vós, convosco, eles, elas. Ex.: Entregou-me a encomenda. (complemento do verbo "entregar")
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Gabarito: Letra D
Pode ajudar na resolução:
A sociedade vive a exigir mais prisões e penas mais longas (...)
Quando mais mantiver relação com adjetivos , verbos ou advérbios = Advérbio
na sintaxe = adjunto adverbial
Bons estudos!
RATIFICANDO..
BIZU:
Orações reduzidas
para + infinitivo = Finalidade
por + infinitivo = Causa
ao + infinitivo = Tempo
A luta continua!
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