“Onde acaba a natureza? Onde começa a cultura? Nenhuma anál...
“Onde acaba a natureza? Onde começa a cultura? Nenhuma análise real permite apreender o ponto de passagem entre os fatos da natureza e os fatos da cultura, e reconhecer o mecanismo da articulação entre eles. Mas, com a presença ou a ausência da regra nos comportamentos não sujeitos às determinações instintivas, a análise nos forneceu o critério mais válido para reconhecer as atitudes sociais.
Em toda parte onde se manifesta uma regra, nós sabemos com certeza de estar no plano da cultura. Simetricamente, é fácil reconhecer no universal o critério da natureza: de fato, tudo o que é constante em todos os homens escapa necessariamente ao domínio dos costumes, das técnicas e das instituições que diferenciam e opõem os grupos. Estabeleçamos, pois, que tudo quanto é universal no homem pertence à ordem da natureza e é caracterizado pela espontaneidade, e que tudo quanto está assujeitado a uma norma pertence à cultura e apresenta os atributos do relativo e do particular.”
(Adaptado de Claude Lévi-Strauss. As estruturas elementares de parentesco, 1949.)