Uma palavra/expressão empregada com sentido exclusivamente f...
Sobre livros, leituras e literatura
Em “Sobre leitura e os livros", Schopenhauer afirma que, quando lemos, “outra pessoa pensa por nós". No contato com “aquelas palavras", somos dispensados de pensar e deixamo-nos levar pelo pensamento do autor.
Apreendida superficialmente, a crítica de Schopenhauer pode ser interpretada como uma apologia da não leitura. Mas é exatamente isto o que não se pode fazer: lê-lo num relâmpago. O ensaio de Schopenhauer deve ser compreendido pelo seu reverso. A leitura desse texto funciona como
uma prática do que expõe o filósofo: não se deve ler sem profundidade; deve-se ler atentamente.
Ao ler sem aprofundamento, corre-se o risco da incompreensão das ideias do outro, tornando o ato de leitura um grande vazio. Um bom texto, para Schopenhauer, pede um gesto que desperte nossos próprios pensamentos. A leitura pela leitura – em quantidade, sem qualidade – faz com que se
perca “gradativamente a capacidade de pensar por si mesmo". Schopenhauer acredita que o abominável nesse modo de ler é a não possibilidade de se despertar o que está em cada um de nós em potencial. A leitura “precisa deixar marcas no espírito". O leitor – um leitor forte – não pode se tornar um mero reprodutor de ideias; estas devem fazer brotar as suas próprias.
A qualidade literária de um texto, então, torna-se fundamental para esse vir a ser. O autor considera que “a capacidade de persuasão, a riqueza de imagens, o dom da comparação, a ousadia, ou amargura, ou a concisão, ou a graça, ou a leveza de expressão, ou mesmo a argúcia" se adquirem
quando se leem escritores que têm essas qualidades, e essas qualidades são evocadas em nós. “Essa é a única maneira de a leitura ensinar a escrever, na medida em que ela nos mostra o uso que podemos fazer de nossos próprios dons naturais."
“Os livros ruins deveriam ser banidos", brada o filósofo. A atualidade de seu texto está na crítica à indústria cultural em formação. Schopenhauer observa a quantidade de livros ruins no mercado e a valorização que se dá a estes, “essa abundante erva daninha da literatura que tira nutrição do trigo e o sufoca", roubando “tempo, dinheiro e atenção do público". Acredita que se deva ler só o que não é objeto de ocupação do grande público. Segundo ele, não se deve ler “o que é ruim, pois a vida é curta, e o tempo e a energia são limitados".
(Sandra Regina Nunes. FACOM, no 19, 2008, www.faap.br/revista_faap/
revista_facom/facom_19/sandranunes.pdf. Adaptado)
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Para responder a esta questão, precisamos identificar qual das alternativas apresenta uma expressão em sentido figurado. A expressão em sentido figurado é aquela que não deve ser entendida de forma literal, mas sim como uma metáfora ou simbolismo.
Vamos analisar as alternativas:
A - Mas é exatamente isto o que não se pode fazer: lê-lo num relâmpago.
A expressão "num relâmpago" é um exemplo claro de sentido figurado, pois não se refere a um relâmpago literal, mas sim à ideia de fazer algo rapidamente. No contexto, significa ler de maneira rápida e superficial, sem a devida atenção que o texto de Schopenhauer requer.
B - … deve-se ler atentamente.
A palavra "atentamente" é utilizada em seu sentido literal, referindo-se à ação de ler com atenção e cuidado. Não há sentido figurado aqui.
C - A leitura desse texto funciona como uma prática do que expõe o filósofo…
A expressão "o filósofo" é utilizada de forma literal para referir-se a Schopenhauer, autor das ideias discutidas no texto.
D - … o abominável nesse modo de ler é a não possibilidade de se despertar o que está em cada um de nós em potencial.
A expressão "em potencial" é usada para indicar algo que pode se desenvolver ou ocorrer, mas não é uma expressão em sentido figurado.
E - Schopenhauer observa a quantidade de livros ruins no mercado…
A palavra "livros" é utilizada em seu sentido literal, referindo-se fisicamente aos livros, sem qualquer figura de linguagem associada.
Portanto, a alternativa correta é a A, pois é a única que contém uma expressão usada em sentido figurado: "num relâmpago", indicando rapidez e superficialidade na leitura.
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Comentários
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Gabarito A
ler "num relâmpago" é ler rapidamente, ou seja, sentido figurado(conotativo).
Outro ex.: Chorou rios de lágrimas. (Quis dizer chorou muito, mas ninguém chora tanto, em geral são hipérboles(exageros)).
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