O texto de modo geral:
O texto a seguir é referência para a questão:
A burocracia da terra
O modelo agrário brasileiro, embora com inúmeros defeitos, possui uma característica que merece ser destacada, elogiada e preservada: a produção agropecuária brasileira é a última atividade econômica ainda totalmente nas mãos de brasileiros. Pouco se fala disso, mas o fato é que não encontramos multinacionais responsáveis por qualquer parcela significativa da produção. Também não encontramos, no campo, as famigeradas empresas estatais. Embora existam multinacionais proprietárias de terra, o percentual de produção rural em suas mãos não é significativo. A produção rural, na verdade, é o reduto final da livre iniciativa brasileira. Com a nossa economia cada vez mais estatizada e desnacionalizada, a agropecuária permaneceu uma atividade essencialmente de brasileiros.
Temos certeza de que esta parcela da população, hoje responsável pela produção rural do país, é simpática a medidas que enriqueçam o trabalhador rural e favoreçam a justiça social. Somos todos a favor de medidas que facilitem o acesso à propriedade rural, tornando um maior número de brasileiros proprietários e produtores. Somos todos a favor de medidas que aumentem a produtividade no campo. Somos todos contra, enfim, a especulação com terras, a ociosidade, o desperdício. Não é o produtor rural quem lucra com isso, e sim o especulador, quase sempre alheio à atividade produtiva.
Repudiamos, porém, a planejada reforma agrária da Nova República da maneira como foi apresentada pelo diretor do INCRA, senhor José Gomes da Silva, e por seu superior hierárquico, o ministro Nelson Ribeiro. Autoritária e de critérios arbitrários, fatalmente levará a uma crescente estatização da atividade rural no país - e isso quer dizer que chegarão ao campo a ineficiência, a burocracia e a corrupção hoje encontradas em quase todas as outras atividades já estatizadas.
(CAMARGO NETO, Pedro de. Veja, 7 ago. 1985apud FIORIN. José Luiz; SAVIOU. Francisco Platão. Para entender o texto: leitura e redação. 17a ed. São Paulo: Ática, 2007, p. 245). 1