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Q1244287 Português
     (1) Podemos começar pensando na seguinte questão: O que caracteriza a cultura brasileira? Certamente, ela possui suas particularidades quando comparada ao restante do mundo, principalmente quando nos debruçamos sobre um passado marcado pela miscigenação racial entre índios, europeus e africanos.
     (2) A cultura brasileira em sua essência seria composta por uma diversidade cultural, fruto dessa aproximação que se desenvolveu desde os tempos de colonização, a qual, como sabemos, não foi, necessariamente, um processo amistoso entre colonizadores e colonizados, entre brancos e índios, entre brancos e negros. Se é verdade que portugueses, indígenas e africanos estiveram em permanente contato, também é fato que essa aproximação foi marcada pela exploração e pela violência impostas a índios e negros pelos europeus colonizadores, os quais, a seu modo, tentavam impor seus valores, sua religião e seus interesses.
     (3) Ao retomarmos a ideia de cultura, podemos afirmar que, apesar desse contato hostil num primeiro momento entre as etnias, o processo de mestiçagem contribuiu para a diversidade da cultura brasileira, no que diz respeito aos costumes, práticas, valores, entre outros aspectos que poderiam compor o que alguns autores chamam de ‘caráter nacional’.
     (4) A culinária africana misturou-se à indígena e à europeia; os valores do catolicismo europeu fundiram-se às religiões e aos símbolos africanos, configurando o chamado sincretismo religioso; as linguagens e vocabulários afros e indígenas somaram-se ao idioma oficial da coroa portuguesa, ampliando as formas possíveis para denominarmos as coisas do dia a dia; o gosto pela dança, assim como um forte erotismo e apelo sexual juntaram-se ao pudor de um conservadorismo europeu. Assim, do vatapá ao chimarrão, do frevo à moda de viola caipira, da forte religiosidade ao carnaval e ao samba, tudo isso, a seu modo, compõe aquilo que conhecemos como cultura brasileira. Ela seria resultado de um Brasil-cadinho (aqui se fazendo referência àquele recipiente, geralmente de porcelana, utilizado em laboratório para fundir substâncias), no qual as características das três “raças” teriam se fundido e criado algo novo: o brasileiro. [...]
     (5) Ainda hoje há quem acredite que nossa mistura étnica tenha promovido uma democracia racial ao longo dos séculos, com maior liberdade, respeito e harmonia entre as pessoas de origens, etnias e cores diferentes. Contudo, não são poucos os autores que já apontaram a questão da falsidade dessa democracia racial, defendendo a existência de um racismo velado, implícito, muitas vezes, nas relações sociais. Dessa forma, o discurso da diversidade, do convívio harmônico e da tolerância entre brancos e negros, pobres e ricos, acaba por encobrir ou sufocar a realidade da desigualdade, tanto do ponto de vista racial como de classe social. Ainda hoje, mesmo com leis claras contra atos racistas, é possível afirmarmos a existência do preconceito de raça na sociedade brasileira, no transporte coletivo, na escola, até no ambiente de trabalho.
     (6) Como sugere o antropólogo Darcy Ribeiro, mais do que preconceitos de raça ou de cor, têm os brasileiros um forte preconceito de classe social. Dessa forma, o Brasil da diversidade é, ao mesmo tempo, o país da desigualdade. Por isso tudo, é importante que, ao iniciarmos uma leitura sobre a cultura brasileira, possamos ter um senso crítico mais aguçado, tentando compreender o processo histórico da formação social do Brasil e seus desdobramentos no presente para além das versões oficiais da história.
Disponível em: http://www.clic101.com.br/ver/133/O-Brasil-da-diversidade-e-ao-mesmo-tempo-o-pais-da-desigualdade. Acesso em: 29/10/18. Adaptado. 
Releia: “Ainda hoje, mesmo com leis claras contra atos racistas, é possível afirmarmos a existência do preconceito de raça na sociedade brasileira” (5º parágrafo).
O segmento destacado estabelece com o que vem em seguida uma relação semântica 
Alternativas

Comentários

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Gabarito: A

✓ “Ainda hoje, mesmo com leis claras contra atos racistas, é possível afirmarmos a existência do preconceito de raça na sociedade brasileira” (5º parágrafo).

➥ Temos uma intercalação que traz o valor semântico de concessão (=expressa uma ideia contrária à da principal, sem, no entanto, impedir sua realização). Imagine uma oração com uma conjunção subordinativa concessiva (embora existam leis claras contra atos racistas). 

➥ FORÇA, GUERREIROS(AS)!!

gab: A

“Ainda hoje, mesmo com leis claras contra atos racistas, é possível afirmarmos a existência do preconceito de raça na sociedade brasileira”

Eu associei com as conjunção concessivas: conquanto  ainda que, ainda quando, mesmo que, se bem que, posto que, apesar de que.

As conjunções concessivas geram uma quebra de expectativa.

“Ainda hoje, mesmo com leis claras contra atos racistas, é possível afirmarmos a existência do preconceito de raça na sociedade brasileira”  Exemplo da questão...

> "Mesmo sendo falso o ar, sinto que respiro"

> "Por mais que eu me esforce, não consigo seguir uma dieta"

Em todos os exemplos, há uma quebra de expectativa.

A concessiva.

Ainda hoje, mesmo com leis claras contra atos racistas, é possível afirmarmos a existência do preconceito de raça na sociedade brasileira

  • é possível afirmarmos a existência do preconceito de raça na sociedade brasileira, DESDE QUE, EMBORA, MESMO QUE ... com leis claras contra atos racistas
  • COntraste = concessiva

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