“Os educadores notam-no sobretudo depois do confinamento” (3...
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Com base no mesmo assunto
Ano: 2022
Banca:
Unoesc
Órgão:
Prefeitura de Maravilha - SC
Provas:
Unoesc - 2022 - Prefeitura de Maravilha - SC - Médico Veterinário
|
Unoesc - 2022 - Prefeitura de Maravilha - SC - Médico Pediatra |
Unoesc - 2022 - Prefeitura de Maravilha - SC - Médico Ginecologista e Obstetra |
Unoesc - 2022 - Prefeitura de Maravilha - SC - Farmacêutico |
Unoesc - 2022 - Prefeitura de Maravilha - SC - Engenheiro Civil |
Unoesc - 2022 - Prefeitura de Maravilha - SC - Enfermeiro - Saúde da Família |
Unoesc - 2022 - Prefeitura de Maravilha - SC - Biólogo |
Q1906340
Português
Texto associado
O bem e o mal do estrangeirismo¹
Rooftop, insight, approach… O Brasil parece cada vez mais inclinado a trocar seu
vocabulário todo por termos em inglês. Mas a adoção de palavras de origem estrangeira não tem
nada de nova: é tão antiga quanto a capacidade do Homo sapiens de falar e fundamental para a
própria evolução das línguas.
O terror dos puristas da língua em Portugal é um youtuber nascido e criado no Engenho
Novo, bairro da Zona Norte do Rio de Janeiro: Luccas Neto. [...] o carioca também é um hit entre as
crianças portuguesas. A tal ponto que, em novembro do ano passado, o jornal lisboeta Diário de
Notícias publicou uma matéria em tom xenofóbico, reclamando que os miúdos de lá estão cada vez
mais a falar “brasileiro”, de tanto assistir Luccas e outros influenciadores daqui.
“Dizem ‘grama’ em vez de relva, autocarro é ‘ônibus’, rebuçado é ‘bala’, riscas são ‘listras’
e leite está na ‘geladeira’ em vez de no frigorífico”, alertou o jornal. “Os educadores notam-no
sobretudo depois do confinamento – à conta de muitas horas de exposição a conteúdos feitos por
youtubers brasileiros.”
Pais e educadores portugueses estão preocupados. Mas talvez não devessem levar o caso tão
a sério. Afinal, mais do que o jeitinho de falar de sua antiga colônia, os lusos usam e abusam de
palavras do francês e do inglês – e aí sem a mesma vergonha.
Um exemplo: enquanto, no trânsito daqui, temos em cada cruzamento uma placa indicadora
que diz “Pare”, em Portugal a mesma sinalização diz “Stop”. E, lá como cá, o motorista entende
muito bem o que deve fazer.
Isso porque o estrangeirismo – a influência de culturas do exterior sobre os costumes e as
falas de um povo – é parte da evolução natural de qualquer língua. A forma como nos expressamos
se modifica o tempo todo, e um mundo globalizado (fenômeno que não nasceu com a internet – é
forte desde as Grandes Navegações dos séculos 15 e 16) acelera esse intercâmbio linguístico. Tentar
proibi-lo é como enxugar gelo. [...]
[...] quando um termo de qualquer país é incorporado amplamente nos nossos diálogos e
textos, ele na prática deixa de ser estrangeiro. Vira nosso. Todo dicionário nacional está inundado
de vocábulos que não brotaram nem em Portugal, nem no Brasil, mas que já são tão de casa quanto
receita de caipirinha.
[...] O mal do estrangeirismo nem está exatamente na substituição de termos, como rooftop
no lugar de “terraço”. O problema maior é quando, no afã de pegar algo emprestado de uma língua
de fora, deturpamos a lógica da nossa.
[...] Os exageros no estrangeirismo tendem a passar, como as paletas mexicanas. Mas o uso
que facilita a comunicação vai vingar sempre. E a língua portuguesa no Brasil – que os portugueses
chamam pejorativamente de “brasileiro” – vai continuar se enriquecendo com palavras e expressões
que não teriam como surgir por aqui.
(¹Texto Alexandre Carvalho - 18 mar 2022 – https://super.abril.com.br/sociedade/o-bem-e-o-mal-do-estrangeirismo/
(acesso em 28 de março). Texto adaptado especialmente para essa prova.)
“Os educadores notam-no sobretudo depois do confinamento” (3º parágrafo); na frase, notam-no o -no refere-se: