Em “Crianças e adolescentes, em particular, são hoje mais de...
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Ano: 2024
Banca:
Instituto Consulplan
Órgão:
SEED-PR
Prova:
Instituto Consulplan - 2024 - SEED-PR - Professor - Língua Portuguesa - Edital nº 138 |
Q3128862
Português
Texto associado
Texto para responder à questão.
Infância hiperconectada cria “geração ansiosa”, diz o livro mais discutido do ano
O psicólogo americano Jonathan Haidt, de 60 anos, acredita que a consciência humana está mudando – e para pior.
Crianças e adolescentes, em particular, são hoje mais deprimidos e propensos à automutilação e ao suicídio do que eram
na primeira década do século.
A causa dessa transformação, diz Haidt, é o smartphone. Para a garotada, o celular equipado com apps de redes sociais
teria se tornado um portal de bolso para a ansiedade e a depressão. Haidt expõe essa tese em “A geração ansiosa – Como a infância hiperconectada está causando uma epidemia de
transtornos mentais” (tradução de Lígia Azevedo; Companhia das Letras; 440 páginas), um dos livros mais discutidos do ano.
Com lançamento no Brasil previsto para 16 de julho, a obra já está em pré-venda.
“Existe um longo histórico de pesquisas acadêmicas interessantes sobre como ferramentas mudam nossa consciência”,
Haidt disse à revista The New Yorker. Ele mesmo deu seguimento a essa tradição, ao atribuir às telinhas o súbito aumento da
incidência de distúrbios mentais que, a partir de 2012, se verificou entre adolescentes americanos (sobretudo garotas).
Essa epidemia também afetou Reino Unido, Canadá, Nova Zelândia, Austrália e países escandinavos, entre outras nações.
Trata-se de um fato bem documentado.
Apenas suas causas ainda são debatidas. Há quem as busque não nas inovações tecnológicas, mas em fatores sociais ou
econômicos – por exemplo, na crise econômica dos subprimes, que, no entanto, eclodiu quatro anos antes, em 2008.
Haidt argumenta que foi a dupla revolução do smartphone e das redes sociais que abriu essa crise na infância e na
juventude. Essa hipótese é rigorosamente amparada em pesquisas e dados.
O mal-estar da juventude apareceu no livro anterior de Haidt, The coddling of the American mind (2018), escrito em parceria
com o advogado e ativista da liberdade acadêmica Greg Lukianoff. O tema ali era mais político – a crescente limitação à liberdade de
pensamento nas universidades americanas –, mas Haidt já apontava para a fragilidade psicológica da geração que então ocupava os
bancos universitários como um fator determinante para a ascensão do que mais tarde se chamaria de “cultura do cancelamento”.
A “geração ansiosa” não se limita à análise do problema. O autor apresenta soluções simples para tirar as crianças da
telinha, encorajando-as a voltar à rua para brincar com amigos. Também defende que os celulares sejam banidos da sala de
aula e que o acesso às redes sociais seja legalmente limitado a maiores de 13 anos.
Haidt não é um ludita pregando a demolição dos teares do Vale do Silício. Seu livro pretende apenas alertar legisladores,
professores e sobretudo pais dos perigos a que crianças e adolescentes estão expostos quando têm acesso ilimitado a celulares
e tablets.
(Disponível em: < https://braziljournal.com/. Acesso em: novembro de 2024. Adaptado.)
Em “Crianças e adolescentes, em particular, são hoje mais deprimidos e propensos à automutilação e ao suicídio do que eram
na primeira década do século.” (2º§), o segmento destacado apresenta como estratégia de coesão textual: