O mistério das coisasO mistério das coisas, onde está ele?On...
O mistério das coisas
O mistério das coisas, onde está ele?
Onde está ele que não aparece
Pelo menos a mostrar-nos que é mistério?
Que sabe o rio e que sabe a árvore
E eu, que não sou mais do que eles, que sei disso?
Sempre que olho para as coisas e penso no que os homens
pensam delas,
Rio como um regato que soa fresco numa pedra.
Porque o único sentido oculto das coisas
É elas não terem sentido oculto nenhum,
É mais estranho do que todas as estranhezas
E do que os sonhos de todos os poetas
E os pensamentos de todos os filósofos,
Que as coisas sejam realmente o que parecem ser
E não haja nada que compreender.
Sim, eis o que os meus sentidos aprenderam sozinhos: —
As coisas não têm significação: têm existência.
As coisas são o único sentido oculto das coisas.
(Fernando Pessoa. O guardador de rebanhos. In: Poemas de Alberto Caeiro)
Sobre o texto de Fernando Pessoa:
I. Nas três estrofes, a função da linguagem predominante é a referencial.
II. Na primeira estrofe, registra-se a presença da figura Prosopopeia no verso “Que sabe o rio e que sabe a árvore”.
III. Na segunda estrofe, as expressões “todas as estranhezas”, “todos os poetas” e “todos os filósofos” marcam o destaque da figura Hipérbole.
IV. Na terceira estrofe, a repetição da palavra “coisa” configura um empobrecimento da linguagem, ocasionando um pleonasmo vicioso.
Analisadas as assertivas acima, pode-se afirmar que: