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Q2012784 Português

O mistério das coisas


O mistério das coisas, onde está ele?

Onde está ele que não aparece

Pelo menos a mostrar-nos que é mistério?

Que sabe o rio e que sabe a árvore

E eu, que não sou mais do que eles, que sei disso?

Sempre que olho para as coisas e penso no que os homens

pensam delas,

Rio como um regato que soa fresco numa pedra.


Porque o único sentido oculto das coisas

É elas não terem sentido oculto nenhum,

É mais estranho do que todas as estranhezas

E do que os sonhos de todos os poetas

E os pensamentos de todos os filósofos,

Que as coisas sejam realmente o que parecem ser

E não haja nada que compreender.

Sim, eis o que os meus sentidos aprenderam sozinhos: —

As coisas não têm significação: têm existência.

As coisas são o único sentido oculto das coisas.

(Fernando Pessoa. O guardador de rebanhos. In: Poemas de Alberto Caeiro



Sobre o texto de Fernando Pessoa:


I. Nas três estrofes, a função da linguagem predominante é a referencial.

II. Na primeira estrofe, registra-se a presença da figura Prosopopeia no verso “Que sabe o rio e que sabe a árvore”.

III. Na segunda estrofe, as expressões “todas as estranhezas”, “todos os poetas” e “todos os filósofos” marcam o destaque da figura Hipérbole.

IV. Na terceira estrofe, a repetição da palavra “coisa” configura um empobrecimento da linguagem, ocasionando um pleonasmo vicioso.


Analisadas as assertivas acima, pode-se afirmar que:

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