“Sua majestade, o bebê” é a expressão encontrada por Freud ...
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A alternativa correta é E - narcisismo.
Vamos entender o porquê dessa resposta e analisar as demais alternativas.
Freud, em 1914, introduziu o conceito de narcisismo para descrever o investimento libidinal que os pais fazem sobre a criança na formação do ego dela. A expressão "Sua majestade, o bebê" ilustra como os pais veem a criança como um objeto de amor e adoração, fazendo com que a criança se sinta o centro do universo. Esse fenômeno é essencial no desenvolvimento da personalidade e do ego da criança, mas também pode levar a uma estase da libido, ou seja, uma fixação que impede a total superação dessa fase.
Agora, vamos passar pelas outras alternativas para entender por que elas estão incorretas:
A - Complexo de Édipo: o Complexo de Édipo é uma teoria freudiana que surge durante a fase fálica do desenvolvimento psicossexual, onde a criança sente desejo pelo genitor do sexo oposto e rivalidade pelo genitor do mesmo sexo. Embora seja um conceito importante na psicanálise, não se aplica diretamente ao investimento libidinal dos pais sobre a criança na formação do ego.
B - Sexualidade infantil perverso-polimorfa: Freud utilizou esse termo para descrever a natureza da sexualidade infantil, que não é direcionada a um objeto específico e pode se manifestar de diversas maneiras. Embora seja um conceito relevante, ele não se refere especificamente ao investimento dos pais na formação do ego da criança.
C - Recalcamento originário: o recalcamento originário é um mecanismo de defesa onde impulsos inaceitáveis são reprimidos no inconsciente. Este conceito é mais relacionado à formação do inconsciente e à dinâmica da repressão, não ao investimento libidinal dos pais sobre a criança.
D - Complexo de castração: este termo se refere ao medo que a criança tem de perder seus genitais (ou sua função) como punição por seus desejos edípicos. Está mais relacionado ao desenvolvimento e resolução do Complexo de Édipo do que ao investimento libidinal direto dos pais.
Portanto, a alternativa E - narcisismo é a correta, pois é ela que melhor explica o investimento libidinal dos pais sobre a criança na formação do seu ego, conforme descrito por Freud.
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RESPOSTA "E"
vejamos,
Freud em "Introdução ao narcisismo" (1914) escreveu:
... se considerarmos a atitude daqueles pais especialmente ternos com seus filhos, temos de reconhecer que essa atitude é um novo despertar e uma reprodução do próprio narcisismo, do qual os próprios pais tinham desistido havia tempo (...) Ao mesmo tempo, esses pais também tendem a suspender, em favor da criança, todas as aquisições da civilização que seu próprio narcisismo fora obrigado a respeitar, e tornam a reivindicar, pela criança, privilégios dos quais tinham desistido havia tempo (...) Doença, morte, renúncia do prazer, restrições impostas à vontade pessoal não devem ter validade para ela; as leis da natureza e da sociedade devem ser revogadas em seu favor, ela deve mais uma vez se tornar realmente o centro e cerne da criação – aquela "Sua Majestade o Bebê" que outrora os pais se sentiam (...) No ponto mais vulnerável do sistema narcísico – a imortalidade do ego, que a realidade questiona tão fortemente –, se consegue segurança refugiando-se na criança.
Dessa reflexão freudiana, gostaria de frisar quatro pontos fundamentais:
1. Os pais, quando um filho nasce, vivem uma reativação do próprio narcisismo infantil. Narcisismo do qual tinham desistido por causa dos vínculos e das limitações com que se depararam na vida adulta;
2. em nome dessa reativação, os pais fantasiam que seu bebê possa desfrutar de uma moratória. Como dizer que precisamente para ele todos aqueles limites impostos pela sociedade podem ser momentaneamente suspensos e não valerem. Em suma, os pais reivindicam para ele todos aqueles privilégios dos quais eles próprios, ao contrário, tiveram de desistir. Tudo o que se interpõe limitando a felicidade ou o bem-estar do homem deve ser alvo de moratória: doença, morte, renúncia do prazer, restrições e leis não devem valer para ele;
3. leis naturais e sociais devem ser revogadas. A criança se coloca no centro da criação como um pequeno soberano: sua majestade a criança;
4. diante da tomada de consciência de que a própria vida é alvo de pesados limites, até temporais, já que ninguém é imortal, os pais procuram segurança na criança, prolongando-se narcisicamente em sua vida.
extraído Contrato narcisista e clínica do vazio
http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1415-47142008000200006
Narcisismo: Freud diz que é uma espécie de perversão, pois, volta-se para si mesmo o prazer; mas não é encontrado apenas nas perversões, pois entende-se no estudo das neuroses que a libido provocaria atitudes narcisistas (egoísmo libidinal). Na criança, a pulsão do ego e a pulsão libidinal constituem-se como o narcisismo primário: as exigências da criança voltadas para si mesmo, com a onipotência dos pensamentos. Não é uma condição patológica, e sim processual para o desenvolvimento. As relações de prazer têm a si mesmo como fonte.
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