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Q611095
Português Morfologia - Pronomes , Colocação Pronominal ,
Ano: 2015 Banca: CAIP-IMES Órgão: IPREM Prova: CAIP-IMES - 2015 - IPREM - Auxiliar Contábil |
Q611095 Português
Melhor a lenda

 (...)
Quem não ouviu contar que Nero mandou incendiar Roma e, do seu terraço, contemplava o fogo enquanto tocava cítara e declamava seus poemas? O historiador romano Suetônio registra essa versão setenta anos após a morte do personagem. A cena combina com o imperador sanguinário, mas não teve confirmação como fato histórico. É mais interessante continuar acreditando que os vikings usavam aqueles capacetes de chifres, fantasia criada em ilustrações do século XIX, que tornavam-nos mais assustadores, do que substituir a imagem por outra mais real, depois que escavações nos túmulos mostraram que não havia um só capacete de chifres entre os despojos dos guerreiros nórdicos.
E por aí vai. A realidade é que o pintor Van Gogh decepou apenas o lóbulo da orelha, não a concha inteira; elefantes não têm cemitério; não eram três as caravelas de Colombo quando veio para estes lados, pois a Santa Maria era uma nau, maior e mais larga; Walt Disney não desenhou o camundongo Mickey; etc, etc.
Quando a lenda é mais interessante do que o fato original, ela triunfa na imaginação popular e muitas vezes na história escrita. Ficou famosa entre os cinéfilos uma frase de um jornalista na cena final do filme de John Ford O Homem que Matou o Facínora, de 1962. Resumindo, curto. Um advogado citadino, que nem sabia atirar, fica famoso por ter matado em duelo um perigoso bandido do oeste, e se elege senador. Muito tempo depois, no funeral do verdadeiro matador do bandido, que era o mocinho e eliminou o facínora atirando escondido nas sombras, o senador conta a verdadeira história ao jornalista e este se recusa a publicá-la, dizendo: 
“Isto é o oeste, senhor. Quando a lenda vira verdade, ficamos com a lenda" (This is the West, sir. When the legend becomes fact, print the legend). Essa frase tem um precedente histórico em Machado de Assis. Na crônica do dia 15 de setembro de 1876, ele abre um tópico com uma contestação da história oficial do grito da independência, em 7 de setembro de 1822: “Grito do Ipiranga? Isso era bom antes de um nobre amigo, que veio reclamar pela Gazeta de Notícias contra essa lenda de meio século. Segundo o ilustrado paulista não houve nem grito nem Ipiranga. (...) Durante cinquenta e quatro anos temos vindo a repetir uma coisa que o dito meu amigo declara não ter existido. Houve resolução do Príncipe D. Pedro, independência e o mais; mas não foi positivamente um grito, nem ele se deu nas margens do célebre ribeiro"
Machado argumenta que seria fácil mudar a história em futuras edições dos livros, mas ficaria difícil refazer tantos versos escritos. O Hino Nacional já contava então 47 anos e dizia que o grito retumbante fora ouvido pelas margens plácidas do Ipiranga. Conclui o Machado: “Minha opinião é que a lenda é melhor do que a história autêntica. (...) Eu prefiro o grito do Ipiranga: é mais sumário, mais bonito e mais genérico". 

Ivan Angelo
Disponível em: http://vejasp.abril.com.br
Em uma das frases retiradas do texto, a colocação pronominal está INCORRETA, assinale-a.
Alternativas

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Vamos analisar a questão, que pede para identificar a colocação pronominal incorreta em uma das frases retiradas do texto.

Tema Gramatical: A questão aborda a colocação pronominal, que se refere à posição dos pronomes oblíquos átonos em relação aos verbos. As principais colocações são a próclise, mesóclise e ênclise.

Regra Aplicável: De acordo com a gramática normativa, a próclise é usada quando há palavras atrativas, como advérbios, pronomes relativos e conjunções subordinativas. A ênclise ocorre quando o verbo está no início da oração ou depois de pontuação. Já a mesóclise é utilizada quando o verbo está no futuro do presente ou no futuro do pretérito, sem palavras atrativas.

Vamos analisar cada alternativa:

A - “...e se elege senador.”

Na frase, o pronome "se" está corretamente posicionado em próclise, já que há a conjunção "e" antes do verbo, que atua como palavra atrativa.

B - “ ... e este se recusa a publicá-la, dizendo:”

O pronome "se" está em próclise devido à conjunção "e" que precede o verbo "recusa". Já "publicá-la" está em ênclise, corretamente, após o verbo no infinitivo.

C - “...que tornavam-nos mais assustadores,...”

A frase apresenta o pronome "nos" em ênclise, mas deveria estar em próclise devido à presença do pronome relativo "que". A forma correta seria "que nos tornavam mais assustadores". Esta é a opção incorreta.

D - “... nem ele se deu nas margens do célebre ribeiro”.

O pronome "se" está em próclise devido à palavra negativa "nem", que atrai o pronome.

Portanto, a alternativa C é a resposta incorreta, pois apresenta uma colocação pronominal inadequada.

Dica: Ao resolver questões de colocação pronominal, identifique palavras que atuam como atrativos para a próclise, como advérbios, pronomes relativos, conjunções subordinativas e palavras negativas.

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Colocação Pronominal

Próclise -  Antes do verbo

É o nome que se dá à colocação pronominal antes do verbo. É usada nestes casos:

1.  Palavra de sentido negativo antes do verbo

Colocação Pronominal

Próclise -  Antes do verbo

É o nome que se dá à colocação pronominal antes do verbo. É usada nestes casos:

1.  Palavra de sentido negativo antes do verbo



2. Advérbio ou palavra denotativa antes do verbo



3.  Conjunções e locuções subordinativas antes do verbo

Exemplo:

“...que nos tornavam mais assustadores,...”( § 1)  Seria o correto na letra C


QUE NOS TORNAVAM.

GAB D

Pronome Relativo atrai Próclise

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