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O exagero das festas infantis é uma ignorância peculiar do Brasil?

(Ivana Ebel)

1 Se tem uma coisa que eu nunca entendi no Brasil foi o exagero dos pais na hora de organizar uma festa de aniversário para as crianças. Isso é mesmo parte da nossa tradição cultural? O país tem uma verdadeira indústria em torno do que parece um desfile carnavalesco temático encerrado em qualquer dos salões de festa de Norte a Sul. Não, não me entenda mal: não sou contra celebrar a vida, festejar mais um ano. Mas chamar cem pessoas para um cenário emaranhado de figuras de isopor e balões porque o bebê está fazendo um aninho é de um exagero.

2 Quando cheguei aqui na Alemanha notei essa diferença antes mesmo de ter amigos com filhos. Nas lojas e supermercados, o setor das festinhas é bem pequeno. Velinhas, um ou dois brinquedinhos e deu. Pratos, copos, chapéus temáticos são raridade. As decoradoras de festas infantis morreriam de fome por aqui e os adultos gulosos pelos docinhos podem tirar o cavalinho da chuva.

3 Primeiro que os salgadinhos, docinhos e afins não existem. Alemães geralmente detestam brigadeiro: acham doce demais. Em algumas comunidades brasileiras aparecem pessoas que oferecem os serviços pela internet para mães brasileiras que querem fazer as festas como na terra natal, para espanto e choque dos alemães. Ninguém por aqui entende o motivo de tanta pompa e circunstância – e eu compartilho esse sentimento: por aqui se celebra muito mais o primeiro dia de aula de uma criança do que o fato de ela fazer mais um ano.

4 Os primeiros anos dos bebês alemães que vi por aqui foram festejados pelo pai, pela mãe e, em alguns casos, pelos avós. Um bolo na mesa marcou a data, mas a vida não mudou seu curso por causa disso. E é assim até quando a criança está maiorzinha e passa a ter relações de amizade no jardim. Só então a festinha passa a ser mais importante. Aos 4 anos, ela pode convidar quatro amiguinhos. Aos 5, cinco. O convite para a festa é específico: tem a hora em que os pais devem deixar os filhos na casa do aniversariante e a hora em que devem buscá-los.

5 Os pais dos convidados não ficam na festa. Geralmente a mesa é posta com bolo, salsichas (claro!) e salgados feitos em casa, não se bebe refrigerante e, depois de comer, as crianças participam de brincadeiras organizadas pela mãe anfitriã. Nessas brincadeiras existem pequenas prendas e no final todos ganham uma sacolinha de balas para levar para casa. Mas a festa não precisa ser necessariamente uma festa. Pode ser apenas um dia especial em que a criança comemora com os amigos em um programa que ela escolheu: ir ao cinema, ir a um parque fazer piquenique, um parque de diversões.

 6 Na escolinha, nada de frescura. A mãe leva um bolo ou muffins e algo salgado. Podem ser palitos de cenoura ou rodelas de pepino, por exemplo. Nada de decoração. O aniversariante usa uma coroa e é o rei da turma naquele dia. Geralmente se senta em uma cadeira em forma de troninho e é isso. A vida por aqui é muito, muito menos complicada. E menos consumista também.

7 Os casamentos seguem a mesma linha. Muita gente se casa apenas no civil, festeja no quintal de casa, faz fotos com amigos queridos em um parque e ninguém acha que por isso exista menos amor. Na verdade, confesso que a simplicidade da cerimônia me faz crer na cumplicidade do casal, mas isso é outro debate. Nunca fui uma moçoila casadeira mesmo.

8 Mas depois de alguns anos aqui começo a achar que uma coisa é o resultado da outra. Quando os pais transformam cada aniversário do filho em um show pirotécnico, o que sobra para eles na hora de festejar o que realmente importa na vida? Estamos constantemente preocupados em mostrar para o vizinho que a Pepa Pig da festa do nosso filho tem mais purpurina do que Elza do cenário do outro. No fundo, em vez de passarmos tempo de qualidade com quem amamos correndo por um parque ou cuidando do jardim, estamos mais preocupados em decidir o tema da próxima festa de isopor.

9 É na simplicidade de viver que os alemães e seu jeito austero nos fazem pensar no porquê de tanta complicação. Sem arcos de balões, eles dão de mil a zero na nossa pretensão de sermos calorosos, porque investimos mais nas aparências e convidamos dezenas de pessoas que nem gostamos tanto assim. Apostamos mais no cenário do que nas relações verdadeiras.

Texto adaptado de <http://www.pragmatismopolitico.com.br/2016/03/o-exagero-das-festas-infantis-e-uma-ignorancia-peculiar-do-brasil.html>.Acessado em 14 de março de 2016. 

Na expressão "tirar o cavalinho da chuva" (segundo parágrafo), há uma figura de linguagem chamada
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Comentários

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Metáfora é a comparação de palavras em que um termo substitui outro. É uma comparação abreviada em que o verbo não está expresso, mas subentendido. Por exemplo, dizer "o meu amigo é um um touro, levou o móvel pesado sozinho". 

A expressão "tirar o cavalinho da chuva" remete a ideia de desistir de alguma coisa, abandonar a intenção. 

Item correto letra b
Fonte: https://www.significados.com.br/metafora/

As decoradoras de festas infantis morreriam de fome por aqui e os adultos gulosos pelos docinhos podem tirar o cavalinho da chuva ...(sabe aquela ideia? esquece!) B

Metáfora

A metáfora é um tipo de comparação, mas sem os termos comparativos (tal comocomosão comotanto quanto, etc). Na metáfora, a comparação entre dois elementos está implícita, trazendo uma relação de semelhança entre eles.

Exemplo: Tempo é dinheiro.

Percebemos neste exemplo a relação implícita, onde o tempo é tão valoroso quanto o dinheiro, por isso ele é colocado como semelhante à moeda.

 

Metonímia

É a substituição de uma palavra por outra sendo que, entre ambas, há uma proximidade de sentidos, uma relação de implicação.

Exemplos:

Não leu Machado de Assis.

Não leu a obra de Machado de Assis.

Vemos no exemplo que a obra de Machado de Assis foi substituída só pelo nome do autor. A metonímia consiste nessa substituição de palavras, dando o mesmo sentido a uma frase. A seguir, outro exemplo que reforça essa substituição:

Exemplo:

cozinha italiana é maravilhosa!

comida italiana é ótima.

 

Personificação (ou prosopopeia)

A personificação, também chamada prosopopeia, consiste na atribuição de características humanas, como sentimentos, linguagem humana e ações do homem, a coisas não-humanas.

Exemplo:

Congresso Internacional do Medo

Provisoriamente não cantaremos o amor,
que se refugiou mais abaixo dos subterrâneos.
Cantaremos o medo, que esteriliza os abraços,
não cantaremos o ódio, porque esse não existe,
existe apenas o medo, nosso pai e nosso companheiro.

Carlos Drummond de Andrade

Neste exemplo, o medo, uma sensação, é transformado em pai e companheiro, algo que só é atribuído a um ser humano.

 

Eufemismo

O eufemismo ocorre quando utilizamos palavras ou expressões que atenuam e substituem outras que produzem um efeito desagradável e chocante.

Exemplos:

Faltei com a verdade ao dizer que fui à igreja.

Menti ao dizer que fui à igreja.

A expressão e o impacto negativo que a palavra menti traz é ""suavizado" ao dizer que "faltei com a verdade".

 

Onomatopeia

Temos onomatopeia quando há o uso de palavras que reproduzem os sons de seres vivos e objetos. É mais comum em história em quadrinhos.

ex: miau miau miua, tic-tac tic-tac tic-tac

 

Catacrese
Trata-se de uma metáfora que, dado seu uso contínuo, cristalizou-se. A catacrese costuma
ocorrer quando, por falta de um termo específico para designar um conceito, toma-se outro “emprestado”.
Assim, passamos a empregar algumas palavras fora de seu sentido original.

ex: asa da xícara, pé da mesa...

Metáfora: Comparação direta EX: "Sou forte, igual leão".

É uma metafóra pq toma o cavalo como uma imagem para explicar uma mensagem

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