O verbo indicado entre parênteses deverá flexionar-se obriga...
Dizem-me que mais da metade da humanidade se
dedica à prática dessa arte; mas eu, que apenas recente e
provisoriamente a estou experimentando, discordo um pouco
dessa afirmativa. Não existe tal quantidade de gente
completamente inativa: o que acontece é estar essa gente
interessada em atividades exclusivamente pessoais, sem
consequências úteis para o resto do mundo.
Aqui me encontro num excelente posto de observação: o
lago, em frente à janela, está sendo percorrido pelos botes
vermelhos em que mesmo a pessoa que vai remando parece
não estar fazendo nada. Mas o que verdadeiramente está
acontecendo, nós, espectadores, não sabemos: cada um pode
estar vivendo o seu drama ou o seu romance, o que já é fazer
alguma coisa, embora tais vivências em nada nos afetem.
E não posso dizer que não estejam fazendo nada
aqueles que passam a cavalo, subindo e descendo ladeiras,
atentos ao trote ou ao galope do animal.
Há homens longamente parados a olhar os patos na
água. Esses, dir-se-ia que não fazem mesmo absolutamente
nada: chapeuzinho de palha, cigarro na boca, ali se deixam
ficar, como sem passado nem futuro, unicamente reduzidos
àquela contemplação. Mas quem sabe a lição que estão
recebendo dos patos, desse viver anfíbio, desse destino de
navegar com remos próprios, dessa obediência de seguirem
todos juntos, enfileirados, para a noite que conhecem, no
pequeno bosque arredondado? Pode ser um grande trabalho
interior, o desses homens simples, aparentemente desocupados,
à beira de um lago tranquilo. De muitas experiências
contemplativas se constrói a sabedoria, como a poesia. E não
sabemos ? nem eles mesmos sabem ? se este homem não vai
aplicar um dia o que neste momento aprende, calado e quieto,
como se não estivesse fazendo nada, absolutamente nada.
(Cecília Meireles, O que se diz e o que se entende)
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Comentários
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a) ...verifiquem as consequências...
b) A menos que [eles] hajam apanhado um peixe grande...
c) Aos que acham que nada podem aprender com um pato...
d) Aos que costumam.... não cabe justificar seu estado de espírito.
e) É melhor que se reservem as horas que costumamos gastar em esforços inúteis para a contemplação
O verbo indicado entre parênteses deverá flexionar-se obrigatoriamente numa forma do singular para preencher de modo correto a lacuna da frase:
a) Caso não se ...... (verificar) consequências (núcleo do sujeito) úteis de determinada atividade, ela será tida como inteiramente ociosa. ERRADO
verificar:Verbo transitivo direto + se (partícula apassivadora)--> o que vier depois é o sujeito: "consequências úteis..."
VERIFIQUEM -SE CONSEQUÊNCIAS ocorre que a partícula "se" foi atraída pelo "não"
b) A menos que ...... (haver) apanhado um peixe grande, zombaremos deles quando voltarem do lago diante do qual ficam a cismar.
HAVER - AUXILIAR DE LOCUÇÃO VERBAL flexiona-se normalmente. (eles) hajam (= tenham) apanhado.
c) Aos que acham que com um pato nada ...... (poder) aprender, a escritora sugere observar seus movimentos e sua disciplina na água. ERRADO
Aos (= aqueles - sujeito) que acham .... que nada PODEM (auxiliar locução se flexiona) aprender ....
d) Não ...... (caber) aos que costumam ficar longamente meditando à beira de um lago justificar seu estado de contemplação. CERTO
"justificar seu estado de contemplação" (sujeito oracional ) não cabe aos que costumam ficar longamente
e) É melhor que se ...... (reservar) para a contemplação as horas que costumamos gastar em esforços inúteis.
AS HORAS .... é melhor que se RESERVEM para a contemplação...
RESERVAR (VTD) + SE (partícula apassivador, ou seja, tem sujeito) = as horas (sujeito paciente)
d-
sujeito oracional:
ficar longamente meditando Não cabe aos que costumam justificar seu estado de contemplação.
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