Na construção do texto, as orações reduzidas são estruturas ...
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Ano: 2023
Banca:
Instituto Consulplan
Órgão:
MPE-MG
Prova:
Instituto Consulplan - 2023 - MPE-MG - Analista do Ministério Público - Letras |
Q2080721
Português
Texto associado
Texto para responder à questão.
O dinamismo lexical: o dizer nosso de cada dia
O léxico de uma língua constitui-se do saber vocabular de
um grupo sociolinguístico e culturalmente definido; é o conhecimento partilhado que povoa a consciência do falante, onde esse
acervo se configura como verdadeira janela através da qual o
indivíduo divisa o seu entorno, ao mesmo tempo em que, ademais revela os valores, as crenças, os costumes, os modismos
que viabilizam a comunidade em que vive o usuário de tal e qual
palavra. É no léxico, ainda, que se gravam – e, não raro, pirogravam – as designações que rotulam as mudanças encadeadoras
dos caminhos e dos descaminhos da humanidade, além de
comporem o cenário de revelação tanto da realidade quanto
dos fatos culturais que permearam a sua história.
O léxico de todas as línguas vivas é essencialmente
marcado pela mobilidade, as palavras e as expressões com
elas construídas surgem, desaparecem, perdem ou ganham
significações, de sorte a promover o encontro marcado do
falante com a realidade do mundo biossocial que o acolhe:
o homem e o mundo encontram-se no signo.
As mudanças linguísticas, em especial as concernentes ao
léxico, nada apresentam de espantoso ou de estranho: elas são,
em tudo, análogas às transformações históricas que traçam
seus cursos dentro de certa previsibilidade que só surpreende o
desatento e o desconhecedor das artes de conviver – a imutabilidade quer da história, quer da palavra que a descreve e a
realiza é que seria um fato a se estranhar.
O incremento do acervo lexical de uma língua é inconteste: segundo Antônio Houaiss(1983:20), “em tempos de Augusto Comte (1798-1857), há pouco mais de 140 anos, portanto, era possível designar todas as ciências, artes, técnicas
e profissões então existentes com 240 palavras; estudos da
Unesco, em 1963, advertiam que a mesma tarefa só seria
levada a efeito com um acervo de 24 mil entre palavras e
locuções. É ainda de Houaiss a informação de que “cerca de
90% dos 400 mil vocábulos das línguas de cultura foram forjados de meados do século XIX para cá.” [...]
O que se depreende do exposto é o fato de que o falante,
inserido no seu tempo e no seu espaço, é instado a ampliar
consideravelmente o seu inventário vernacular para dar conta
do seu entorno e do seu estar-no-mundo, sob pena de, se assim
não fizer, ser exilado dos jogos de convivência que têm, na
palavra, o seu penhor e a sua fonte de produção. [...]
A verdade é que a legitimação do que se diz ou do que
se deve dizer depende fundamentalmente da chancela da
comunidade, do povo – povo que constrói nações, fortalece
impérios, escreve e rescreve a sua história, vitaliza idiomas:
povo que, por direito, justiça e fato, é o único, legítimo e
verdadeiro “dono da língua”.
(SILVA, Maria Emília Barcellos da. Língua Portuguesa em debate:
conhecimento e ensino / José Carlos de Azeredo (organizador). 4. ed.-
Petrópolis, RJ: Vozes, 2007. Trecho adaptado.)
Na construção do texto, as orações reduzidas são estruturas
sintáticas que permitem um estilo diferenciado evitando repetição desnecessária. Representa um exemplo do uso correto
de uma das formas nominais que fazem parte de tal estrutura: