Em “Sua consciência sobre o fim de todas as coisas tornou-s...

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Q1912271 Português
   Depois de caminhar por alguns metros, Edgar Wilson percebe ao longe a carcaça de um animal. Segue pela estrada de terra batida, que fica deserta a maior parte do tempo e é usada como atalho pelos motoristas que conhecem bem as imediações. Edgard fora atraído para esse trecho por causa de uma revoada de abutres. Assim como a podridão os atrai, os que se alimentam dela atraem Edgard. Tanto as aves carniceiras quanto ele se valem dos próprios sentidos para encontrar os mortos, e ambas as espécies sobrevivem desses restos não reclamados. 
   Todo nascimento é também um pouco de morte. Edgar já viu algumas criaturas nascerem mortas, outras, morrerem horas depois. Sua consciência sobre o fim de todas as coisas tornou-se aguçada desde que abatia o gado e principalmente agora, ao recolher todas as espécies em qualquer parte. Assim como não teme o pôr do sol, Edgar Wilson entende que não deve temer a morte. Ambos ocorrem involuntariamente num fluxo contínuo. De certa forma, o inevitável lhe agrada. Sentir-se passível de morrer fortalece suas decisões. Não importa o que faça, seja o bem, seja o mal, ele deixará de existir.
   Distrai-se dos voos dos abutres e caminha mais alguns metros em outra direção, para a caveira de uma vaca atirada no meio da estrada. Nota que não foi atropelada. Os ossos estão intactos, nenhum sinal de fratura. O couro foi levemente oxidado, consumido pela exposição climática. Não há sinal de vermes necrófagos ou pequenos insetos a devorá-la. Edgar Wilson inclina ainda mais o corpo ao perceber uma colmeia presa às costelas da vaca. Apanha um galho de árvore caído no chão e cutuca a colmeia, mesmo sabendo que é perigoso. Nada acontece. Cutuca-a com mais força e a colmeia se parte. Não há abelhas. Percebe algo pastoso e brilhante. Leva a mão até a colmeia e arranca um favo de mel. Cheira-o. Toca a ponta da língua. Diferente do que imaginou, não está podre. Come um pouco do mel. Agradam-lhe as pequenas explosões do favo rompendo em sua boca, algumas lascas muito finas que se prendem entre os molares superiores. Lambe o excesso de mel nos dedos e os limpa no macacão.

(MAIA, Ana Paula. Enterre seus mortos. São Paulo: Companhia das Letras, 2018, p. 71-72)
Em “Sua consciência sobre o fim de todas as coisas tornou-se aguçada desde que abatia o gado”(2º§), o conectivo destacado possui um valor semântico. Assinale a alternativa em que foi empregado com sentido diferente desse identificado no trecho. 
Alternativas

Comentários

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A conjunção Desde Que pode apresentar sentidos diferentes dependendo do contexto em que está inserida.

Como Conjunção Condicional:

  • Eu irei a aula, desde que você vá também.

Como Conjunção Temporal (geralmente podendo ser trocado por Quando):

  • Desde que comecei a controlar minhas horas, não cheguei mais atrasado.

“Sua consciência sobre o fim de todas as coisas tornou-se aguçada desde que abatia o gado”(2º§)

•Desde quando ele abatia o gado, a consciência de Edgar era aguçada. Valor semântico de tempo.

(A) O evento ocorrerá desde que todos ajudem. 

•Conjunção Desde Que com valor semântico condicional. O evento só vai ocorrer SE todos ajudarem.

GAB A

não achei o conectivo destacado

O conectivo do texto -desde que- é em sentido temporal. Já o da alternativa A é condicional.

As demais são todas temporais.

Direto ao ponto: a letra "a" é uma conjunção condicional, e as demais, temporais.

eu só troquei o DESDE QUE, pelo JA QUE e quando não fez sentido marquei.

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