No que se refere aos aspectos linguísticos e semânticos do t...

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Q1125706 Português

Texto 5


                

No que se refere aos aspectos linguísticos e semânticos do texto, julgue o item a seguir.


Em “O multiculturalismo corporativo (público ou privado) busca ‘administrar’ as diferenças culturais da minoria, visando aos interesses do centro.” (linhas de 60 a 63), a preposição que compõe a combinação “ao” poderia ser suprimida, mantendo-se a correção gramatical e as principais informações do texto, tendo em vista a variação, no português do Brasil, da transitividade do verbo visar com a acepção ter em vista, ter como fim ou objetivo.

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O verbo visar atua como um verbo transitivo indireto, estabelecendo regência com a preposição a quando apresenta o sentido de ter em vista, sendo sinônimo de pretender, tencionar, intentar, propor-se, dispor-se,...

Apesar de ser essa a regência mais correta segundo a norma culta, diversos dicionários e gramáticas já atestam o uso de uma regência sem preposição para este sentido do verbo visar.

Estou surpreso. Qual gramática defende isso? Os manuais que tenho de Cunha e de Bechara que não são...

Não ficaria surpresa se essa questão caísse numa prova para professor de português, entendendo o aspecto descritivo da língua. No entanto, sendo uma questão para o cargo de diplomata, e entendendo que a gramática normativa ainda prescreve o uso como "errado", não faz sentido o gabarito. A não ser, é claro, que na bibliografia exigida, tenha autores que defendam essa variação.

Visar no sentido de mirar / apontar/ = VTD.

O atirador sempre visava o mesmo ponto.

Visar no sentido de Pretender/ Ter em vista= VTI (A)

Visava a um bom cargo.

Spadoto, 374.

Não desista!

A regência verbal nem sempre encontra confluência de ideias: é comum o desacordo entre gramáticos e estudiosos. No caso em apreço, caracteriza-se uma dessas ocorrências. É característica sabida que o verbo "visar" possui transitividade indireta quando no sentido de "ter em vista algo". Essa lição é a clássica, perpetuada por inúmeras gramáticas e manuais de regência. Por seu turno, Rocha Lima, em Gramática Normativa da Língua Portuguesa, p.541, apresenta exemplos modernos que colidem contra esse ensinamento e não os condena:

No sentido de ter em vista um fim, pretender, deve empregar-se de PREFERÊNCIA [destaque meu] com a preposição a, posto que se amiúdem, na linguagem contemporânea, os exemplos com objeto direto:

"(...) e, se por acaso visa algum bem, será unicamente o seu próprio bem." (Raquel de Queirós)

Celso Pedro Luft, seguindo de perto Rocha Lima, registra em "Decifrando a Crase", p.19, o caráter facultativo da preposição diante desse verbo:

O verbo "visar" é transitivo, requer um complemento. No português antigo e clássico, complemento introduzido pela preposição a, no sentido de "ter por objetivo". Hoje, a preposição é FACULTATIVA [destaque meu].

Desse modo, a proposta do enunciado se faz legítima.

Certo.

Referências bibliográficas:

Decifrando a Crase, de Celso Pedro Luft;

Gramática Normativa da Língua Portuguesa, de Rocha Lima.

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