A reforma psiquiátrica pode ser qualificada como um process...

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Q2006404 Psicologia
A reforma psiquiátrica pode ser qualificada como um processo que abarca quatro dimensões fundamentais, a saber, teórico-conceitual, técnico assistencial, jurídico-política e sócio-cultural. A dimensão________________, se refere a um constante movimento entre a prática e a teoria (ou práxis), sugerindo uma constituição de um renovado arranjo de serviços, articulando uma rede de ambientes de sociabilidade, de cultivo de subjetividades, de geração de renda, de apoio social, de moradia, afinal, de produção de vida: 
Alternativas

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Alternativa correta: C - Técnico-assistencial.

Vamos entender por que a alternativa correta é a C - Técnico-assistencial e por que as outras opções são incorretas.

A questão aborda a Reforma Psiquiátrica, que envolve quatro dimensões fundamentais:

  • Teórico-conceitual
  • Técnico-assistencial
  • Jurídico-política
  • Sócio-cultural

A dimensão técnico-assistencial é aquela que se refere ao constante movimento entre a prática e a teoria (ou práxis). Essa dimensão sugere a constituição de um renovado arranjo de serviços, articulando uma rede de ambientes de sociabilidade, cultivo de subjetividades, geração de renda, apoio social, moradia e produção de vida.

Em outras palavras, a dimensão técnico-assistencial propõe a criação de um sistema de serviços que integra diversos aspectos da vida dos indivíduos, promovendo não só a saúde mental, mas também outras formas de suporte social e econômico.

Para justificar a escolha correta e discutir as alternativas incorretas:

C - Técnico-assistencial: Correta. Esta dimensão está diretamente relacionada com a integração entre prática e teoria (práxis) e a reorganização dos serviços, visando uma abordagem holística do cuidado à saúde mental, como descrito na questão.

A - Sociocultural: Incorreta. Esta dimensão aborda aspectos relacionados à cultura e à sociedade, como os estigmas associados à doença mental e a inclusão social dos indivíduos com transtornos mentais. Ela não se refere diretamente ao movimento constante entre prática e teoria.

B - Epistemológica: Incorreta. Embora esta dimensão envolva a reflexão teórica, ela se foca mais na fundamentação do conhecimento e nas bases teóricas da psiquiatria, e não na prática assistencial descrita na questão.

D - Jurídico-política: Incorreta. Esta dimensão trata das leis, políticas públicas e direitos dos indivíduos com transtornos mentais, e não do arranjo prático dos serviços assistenciais.

E - Teórico-conceitual: Incorreta. Apesar de lidar com a teoria, esta dimensão está mais voltada para os conceitos e ideologias que fundamentam a reforma psiquiátrica, e não para a aplicação prática e a organização dos serviços assistenciais.

Portanto, a alternativa C - Técnico-assistencial é a correta, pois descreve precisamente a dimensão que envolve a prática e a teoria, integrando diversos aspectos do cuidado em saúde mental.

Espero que essa explicação tenha esclarecido suas dúvidas. Caso precise de mais alguma ajuda, estou à disposição!

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A dimensão teórico-conceitual, ou epistêmica, diz respeito à produção de conhecimentos que fundamentam o saber médico-psiquiátrico, incluindo a revisão do próprio conceito de ciência como produção de verdade; ou seja, não só o ideário de neutralidade afirmado pelo positivismo é questionado, mas também os conceitos produzidos por meio do referencial epistemológico da psiquiatria. (AMARANTE, 2009).

A dimensão técnico-assistencial diz respeito à construção de uma nova estrutura de atendimento, com novos serviços e abordagens. Ela se relaciona também ao modo de organização e funcionamento desses serviços, que devem estar apoiados em ações voltadas para o acolhimento e o cuidado de seus usuários. No Brasil, esses serviços voltados às pessoas em sofrimento psíquico devem substituir o hospital psiquiátrico, fazendo a transição do modelo biomédico/asilar para o modelo da atenção psicossocial (AMARANTE, 2008).

A dimensão jurídico-política se configura como um grande desafio, principalmente quando a loucura deixa de ser sinônimo de periculosidade, irracionalidade e incapacidade, e passa a ser compreendida como a existência-sofrimento na sua relação com o corpo social. Conforme aponta Amarante (2008), a revisão da legislação deve ser o primeiro aspecto trabalhado nessa dimensão.

A dimensão sociocultural da Reforma Psiquiátrica Brasileira se configura como uma dimensão estratégica voltada para a transformação do lugar social da loucura. Nesse cenário, estão presentes as associações de usuários e familiares, as cooperativas sociais, bem como diversas formas de trabalho e atuação na comunidade por meio de projetos, festas, rádios etc. Seu princípio fundamental é envolver a sociedade na discussão da Reforma Psiquiátrica, levando a ela a reflexão sobre os temas da loucura, da doença mental e dos hospitais psiquiátricos, por meio da produção cultural e artística dos vários atores envolvidos nesse processo (AMARANTE, 2008).

 

FONTE: CEZAR, Michelle de Almeida; COELHO, Mayara Pacheco. As experiências de reforma psiquiátrica e a consolidação do movimento brasileiro: uma revisão de literatura. Mental, Barbacena , v. 11, n. 20, p. 134-151, jun. 2017 . Disponível em <http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1679-44272017000100008&lng=pt&nrm=iso>. acessos em 09 jan. 2023.

Segundo Amarante (2007), a Reforma Psiquiátrica pode ser caracterizada como um processo complexo, que abrange quatro dimensões principais: teórico-conceitual técnico assistencial, jurídico- política e sóciocultural. A dimensão teórico-conceitual diz respeito à construção de um novo paradigma no campo das ciências sociais, no que diz respeito ao olhar direcionado ao sujeito em sofrimento psíquico, que significa uma ruptura com o modelo biomédico e psiquiátrico tradicional, a fim de construir um novo norte, que compreenda a saúde como um processo (saúde-doença), visto como fruto das condições de vida e do lugar ocupado por cada sujeito social. Esta dimensão trata de conceitos como: alienação e doença mental; isolamento terapêutico e social; degeneração; anormalidade e normalidade, terapêutica e cura. Nesse sentido, dois conceitos têm sido fundamentais para a compreensão dessa dimensão: o primeiro diz respeito à desinstitucionalização6 , pautada na tradição basagliana7 , que defende formas diferenciadas e ampliadas de tratar, acolher, atender, acompanhar e cuidar do sujeito, em sua existência concreta de vida; o segundo diz respeito ao conceito de doença mental que é colocado em discussão nessa dimensão, assim como as práticas profissionais, as relações entre os sujeitos e atores envolvidos, onde se transformam os serviços os dispositivos e os sujeitos envolvidos neste processo. Trata-se não apenas de um novo olhar para o mesmo objeto. Mas ruptura epistemológica que descortina um campo complexo de dimensões do real e nos instiga a produzir conhecimento sobre as relações possíveis de serem feitas, construídas, tecidas. Produção de novos conceitos para novos problemas e objetos. (YASUI, 2006, p. 69)

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