Em relação à interpretação do texto, pode-se afirmar que o ...
O texto a seguir foi extraído de uma crônica do escritor brasileiro Nelson Rodrigues. Examine-o para responder à próxima questão.
“Hoje é muito difícil não ser canalha. Por toda a parte, só vemos pulhas. E nem se diga que são pobres seres anônimos, obscuros, perdidos na massa. Não. Reitores, professores, sociólogos, intelectuais de todos os tipos, jovens e velhos, mocinhas e senhoras. E também os jornais e as revistas, o rádio e a TV. Quase tudo e quase todos exalam abjeção. E por que essa massa de pulhas invade a vida brasileira? Claro que não é de graça nem por acaso. O que existe, por trás de tamanha degradação, é o medo. Por medo, os reitores, os professores, os intelectuais são montados, fisicamente montados, pelos jovens. O medo começa nos lares, e dos lares passa para a igreja, e da igreja passa para as universidades, e destas para as redações, e daí para o romance, para o teatro, para o cinema. Somos autores da impostura e, por medo adquirido, aceitamos a impostura como a verdade total. Eu fui, por muito tempo, um pusilânime como os reitores, os professores, os intelectuais, os grã-finos etc., etc. Tive medo, ou vários medos, e já não os tenho. Sofri muito na carne e na alma. Depois de tudo o que passei, o meu medo deixou de ter sentido. Posso subir numa mesa e anunciar de fronte alta: sou um ex-covarde”.
(Texto com adaptações).
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Comentários
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A questão é de interpretação de texto e quer marquemos a alternativa que apresenta uma ideia do autor. Vejamos:
A) aproveita o texto para confessar a sua própria canalhice e covardia, ainda presentes em sua personalidade, como ele mesmo enfatiza: “sou um ex-covarde”.
Errado. O autor confessa, sim, sua canalhice e covardia quando afirma que foi, por muito tempo, um pusilânime (covarde, medroso, fraco). No entanto, de acordo com o texto, essas não são características que ainda estão presentes em sua personalidade.
Texto: "Eu fui, por muito tempo, um pusilânime como os reitores, os professores, os intelectuais, os grã-finos etc., etc. Tive medo, ou vários medos, e já não os tenho."
B) estabelece uma relação entre falta de caráter e excesso de medo na sociedade brasileira.
Certo. O autor inicia o texto falando sobre a falta de caráter ("Hoje é muito difícil não ser canalha.") e ao desenvolver o texto mostra que há um excesso de medo na sociedade brasileira ("O medo começa nos lares, e dos lares passa para a igreja, e da igreja passa para as universidades, e destas para as redações, e daí para o romance, para o teatro, para o cinema.").
C) generaliza um problema social, mas exclui dele alguns setores, como o dos reitores, professores, intelectuais, etc.
Errado. O autor não exclui os reitores, professores e intelectuais.
Texto: "Por medo, os reitores, os professores, os intelectuais são montados, fisicamente montados, pelos jovens."
D) inicia o texto com uma confissão muito pessoal, e o conclui com uma crítica a toda a sociedade.
Errado. Pelo contrário. O texto começa com uma crítica a toda a sociedade e termina com uma confissão muito pessoal.
Início do texto: "...E nem se diga que são pobres seres anônimos, obscuros, perdidos na massa. Não. Reitores, professores, sociólogos, intelectuais de todos os tipos, jovens e velhos, mocinhas e senhoras. E também os jornais e as revistas, o rádio e a TV. Quase tudo e quase todos exalam abjeção. "
Final do texto: "Posso subir numa mesa e anunciar de fronte alta: sou um ex-covarde”."
Gabarito: Letra B
GAB. B
estabelece uma relação entre falta de caráter e excesso de medo na sociedade brasileira.
Trecho do texto:
"E por que essa massa de pulhas invade a vida brasileira? Claro que não é de graça nem por acaso. O que existe, por trás de tamanha degradação, é o medo."
A cada dia produtivo, um degrau subido. HCCB
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