Das orações destacadas nas passagens abaixo retiradas do te...
TEXTO II
Por não estarem distraídos
Havia a levíssima embriaguez de andarem juntos, a alegria como quando se sente a garganta um pouco seca e se vê que por admiração se estava de boca entreaberta: eles respiravam de antemão o ar que estava à frente, e ter esta sede era a própria água deles. Andavam por ruas e ruas falando e rindo, falavam e riam para dar matéria e peso à levíssima embriaguez que era a alegria da sede deles. Por causa de carros e pessoas, às vezes eles se tocavam, e ao toque – a sede é a graça, mas as águas são uma beleza de escuras – e ao toque brilhava o brilho da água deles, a boca ficando um pouco mais seca de admiração. Como eles admiravam estarem juntos!
Até que tudo se transformou em não. Tudo se transformou em não quando eles quiseram essa mesma alegria deles. Então a grande dança dos erros. O cerimonial das palavras desacertadas. Ele procurava e não via, ela não via que ele não vira, ela que estava ali, no entanto. No entanto ele que estava ali. Tudo errou, e havia a grande poeira das ruas, e quanto mais erravam, mais com aspereza queriam, sem um sorriso. Tudo só porque tinham prestado atenção, só porque não estavam bastante distraídos. Só porque, de súbito exigentes e duros, quiseram ter o que já tinham. Tudo porque quiseram dar um nome; porque quiseram ser, eles que eram. Foram então aprender que, não se estando distraído, o telefone não toca, e é preciso sair de casa para que a carta chegue, e quando o telefone finalmente toca, o deserto da espera já cortou os fios. Tudo, tudo por não estarem mais distraídos.
(LISPECTOR, Clarice. Para não esquecer. São Paulo:
Siciliano, 1992.)
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Na literal definição de Domingos P. Cegalla, eduzida de sua Novíssima Gramática da Língua Portuguesa, p.390, as orações subordinadas adjetivas são as que exercem, como os adjetivos, a função de adjunto adnominal.
Na mais das vezes, são introduzidas por pronomes relativos (que, quanto, quem, cujo, etc.) e se subdividem em dois tipos:
→ Restritivas: não apresentam, na escrita, a marcação da pausa e referem-se a um termo antecedente, que pode ser um pronome ou um substantivo. Exs.:
I – “Era fatal a dor que respondia na cacunda.” (Monteiro Lobato);
II – É teu tudo quanto aqui existe;
III – “Foi o cavalo de Mauro que boleou, isto é, caiu para trás.” (Fernando Sabino)
→ Explicativas: normalmente, apresentam, na escrita, a marcação da pausa e explicam ou esclarecem o termo antecedente, conferindo-lhes uma característica ou trazendo uma informação. Exs.:
I – “Olhou a caatinga, que o poente amarelava.” (Graciliano Ramos)
II – “Vicente, que também rira com Mariinha, notou que a moça tinha uns lindos olhos e uma curiosa graça no riso.” (Raquel de Queirós)
III – “Mariana sentou-se no catre, ao lado do qual estava o baú de roupas.” (Ana Miranda)
Inspecionemos os itens:
a) "(...) eles respiravam de antemão o ar que estava à frente, (...)" (1º parágrafo)
Correto. Trata-se de uma oração subordinada adjetiva restritiva, consoante se verifica na explicação acima;
b) "Andavam por ruas e ruas falando e rindo, (...)" (1º parágrafo)
Incorreto. Trata-se duas orações subordinadas adverbiais conformativas reduzidas de gerúndio. Desenvolvendo-as, ou seja, inserindo uma conjunção do bloco verbal "falando e rindo", origina-se esta redação: "Andavam por ruas e ruas conforme falavam e riam";
c) "Como eles admiravam estarem juntos!" (1º parágrafo)
Incorreto. Trata-se de uma oração subordinada substantiva objetiva direta reduzida de infinitivo. Desenvolvendo-a, resulta-se esta redação: "Como eles admiravam que estivessem juntos!";
d) "Tudo se transformou em não quando eles quiseram essa mesma alegria deles." (2º parágrafo)
Incorreto. A oração destacada é subordinada adverbial temporal, ou seja, de advérbio de tempo;
e) "(...) e quanto mais erravam, mais com aspereza queriam, sem um sorriso." (2º parágrafo)
Incorreto. A oração destacada é subordinada adverbial proporcional, ou seja, confere à estrutura noção de proporcionalidade.
Letra A
Resposta: A -
Recebe o nome de adjetiva porque exerce função sintática tipicamente exercida por adjetivos.
O '' QUE'' na frase, eles respiravam de antemão o ar que estava à frente, O ar o qual estava a frente, quando o ''que '' puder ser substituído por o qual e flexão se torna um pronome relativo = PR, ganhando OSA= PROSA= Pronome Relativo Oração Subordinada Adjetiva Restritiva, pois não tem vírgulas.
RESPOSTA A.
GABARITO = A
QUE = O QUAL => Pronome Relativo
logo é uma oração subordinada adjetiva.
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