Ao narrar um episódio de sua infância, o autor

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Q2250720 Português
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        Quando criança, os meus pais me acordavam com a didática do grito. Não surtindo efeito, iam lá mexer nos meus ombros. Não cumprindo a sua missão ainda, puxavam as minhas cobertas. Na época, não havia celular, muito menos alarme dos aplicativos. Rádio-relógio era caro e ficava na cabeceira dos adultos.
        Eu lutava contra as táticas militares materna e paterna. Procurava uma prorrogação, uma soneca, um adiamento fingindo dormir. Só não resistia à estratégia da avó Elisa. Ela sabia acordar as pessoas, inspirar o sonho de olhos abertos. Tinha PhD do sereno da madrugada e do galo cantando.
         Ela me despertava pelo olfato. Pois não é pelo ouvido que acordamos, mas pelo nariz.
      Ela recolhia um maço de hortelã da horta e espalhava perto de mim. Não soltava um pio, não falava nada. Entrava silenciosamente no quarto abafando as tiras do seu velho chinelo e largava o seu contrabando de ervas pelos travesseiros.
       Com o cheiro forte do tempero, estranhíssimo naquele cenário de linho e penas de ganso, eu saía do conforto dos lençóis. Não tinha como continuar dormindo — a curiosidade se fazia mais forte do que a dormência. A hortelã berrava com o seu perfume. É impossível para alguém se defender do seu aroma forte, lembrando os assados do Natal e do Ano-Novo. Provocava imediata fome e repentina avidez pelo sol.
        Assim que me punha de pé, a avó zombava de mim, vitoriosa de seu jeitinho:
        — Já se levantou? Podia ter dormido mais. Acordou dez minutos antes da hora.
        Até hoje, no momento de pular da cama, procuro por perto o ramo de hortelã para ver se não o encontro no travesseiro ao lado.
        Minha avó não está mais aqui, o câncer a levou para longe, mas ela achou um modo todo seu de entrar em minha respiração e me dar bom-dia.

(CARPINEJAR, Fabrício. Cuide de seus pais antes que seja tarde. Editora Bertrand Brasil, 2018. Adaptado)
Ao narrar um episódio de sua infância, o autor
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gab D

O hortelã possui um aroma forte e refrescante que pode estimular os sentidos e ajudar a despertar alguém. O cheiro do hortelã é rico em mentol, um composto orgânico que tem um efeito refrescante e revigorante. Quando inalado, o mentol pode aumentar a atenção, a clareza mental e a concentração. Além disso, o aroma de hortelã é frequentemente associado com frescor e limpeza, o que pode ajudar a dissipar o sono e a sonolência.

Quando o hortelã é colocado próximo ao nariz de alguém que está dormindo, como descrito no trecho, o cheiro forte pode estimular os receptores olfativos e enviar sinais ao cérebro que ajudam a promover o estado de alerta, contribuindo para que a pessoa acorde. Essa propriedade do hortelã é frequentemente utilizada em aromaterapia para promover a vigília e a clareza mental.

Alternativa: D.

"Assim que me punha de pé, a avó zombava de mim, vitoriosa de seu jeitinho:

        — Já se levantou? Podia ter dormido mais. Acordou dez minutos antes da hora.

        Até hoje, no momento de pular da cama, procuro por perto o ramo de hortelã para ver se não o encontro no travesseiro ao lado.

        Minha avó não está mais aqui, o câncer a levou para longe, mas ela achou um modo todo seu de entrar em minha respiração e me dar bom-dia."

>> Lindíssimo esse texto !!!

Gab - D

Ele recorda com carinho os momentos com a avó.

:(

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