Assinale a alternativa em que a alteração da posição do pro...

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Q2250723 Português
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        Quando criança, os meus pais me acordavam com a didática do grito. Não surtindo efeito, iam lá mexer nos meus ombros. Não cumprindo a sua missão ainda, puxavam as minhas cobertas. Na época, não havia celular, muito menos alarme dos aplicativos. Rádio-relógio era caro e ficava na cabeceira dos adultos.
        Eu lutava contra as táticas militares materna e paterna. Procurava uma prorrogação, uma soneca, um adiamento fingindo dormir. Só não resistia à estratégia da avó Elisa. Ela sabia acordar as pessoas, inspirar o sonho de olhos abertos. Tinha PhD do sereno da madrugada e do galo cantando.
         Ela me despertava pelo olfato. Pois não é pelo ouvido que acordamos, mas pelo nariz.
      Ela recolhia um maço de hortelã da horta e espalhava perto de mim. Não soltava um pio, não falava nada. Entrava silenciosamente no quarto abafando as tiras do seu velho chinelo e largava o seu contrabando de ervas pelos travesseiros.
       Com o cheiro forte do tempero, estranhíssimo naquele cenário de linho e penas de ganso, eu saía do conforto dos lençóis. Não tinha como continuar dormindo — a curiosidade se fazia mais forte do que a dormência. A hortelã berrava com o seu perfume. É impossível para alguém se defender do seu aroma forte, lembrando os assados do Natal e do Ano-Novo. Provocava imediata fome e repentina avidez pelo sol.
        Assim que me punha de pé, a avó zombava de mim, vitoriosa de seu jeitinho:
        — Já se levantou? Podia ter dormido mais. Acordou dez minutos antes da hora.
        Até hoje, no momento de pular da cama, procuro por perto o ramo de hortelã para ver se não o encontro no travesseiro ao lado.
        Minha avó não está mais aqui, o câncer a levou para longe, mas ela achou um modo todo seu de entrar em minha respiração e me dar bom-dia.

(CARPINEJAR, Fabrício. Cuide de seus pais antes que seja tarde. Editora Bertrand Brasil, 2018. Adaptado)
Assinale a alternativa em que a alteração da posição do pronome em relação ao verbo, conforme indicada nos colchetes, está em conformidade com a norma-padrão da língua.
Alternativas

Gabarito comentado

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A questão exigiu conhecimento em colocação pronominal. Vejamos:


O candidato deve assinalar a alternativa em que a alteração da posição do pronome em relação ao verbo, conforme indicada nos colchetes, está em conformidade com a norma-padrão da língua.


Os pronomes pessoais oblíquos átonos me, te, se, lhe(s), o(s), a(s), nos e vos podem estar em três posições ao verbo ao qual se ligam.

Próclise é antes do verbo⇾ Nada me faz tão bem quanto passar em concurso.

Mesóclise é no meio do verbo⇾ Abraçar-lhe-ei…

Ênclise é após o verbo⇾ Falaram-me que você está muito bem



A) Incorreta.


 Assim que me punha de pé. (6º parágrafo) → [punha-me]


A partícula “que" sempre atrai a próclise.


B) Incorreta.


[...] para ver se não o encontro no travesseiro ao lado. (8º parágrafo) → [encontro-o]


O advérbio “não" e qualquer um outro exige o pronome oblíquo em posição de próclise.


C) Correta.


 Ela me despertava pelo olfato. (3º parágrafo) → [despertava-me]


Antes do verbo há apenas o sujeito explícito “ele" que não exige o pronome obliquo em posição alguma, podendo estar em ênclise ou próclise.


D) Incorreta.


 É impossível para alguém se defender do seu aroma forte. (5º parágrafo) → [defender-se]


O pronome “alguém" exige o pronome oblíquo em posição de próclise. O verbo infinitivo impessoal aceita o pronome em próclise ou ênclise, mas o verbo defender, no caso em tela, possui sujeito “alguém" e, portanto, não é impessoal.


E) Incorreta.


— Já se levantou? (7º parágrafo) → [levantou-se]


O advérbio “já" e qualquer um outro exige o pronome oblíquo em posição de próclise.



Gabarito: C


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Comentários

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gabarito do qconcurso está errado, veriquei no gabarito oficial e a resposta é alternativa "c"

Alguma explicação referente ao gabarito? O "que", em teoria, "obriga" a manutenção do pronome Me na posição em que está.

A . Assim que me punha de pé. (6º parágrafo) → [punha-me]

  • Fator de atração (pronome relativo): uso obrigatório da próclise.

B. [...] para ver se não o encontro no travesseiro ao lado. (8º parágrafo) → [encontro-o]

  • Fator de atração (advérbio de negação): uso obrigatório da próclise

C. Ela me despertava pelo olfato. (3º parágrafo) → [despertava-me]

  • Não há fator de atração. Assim sendo, é facultativo o uso da próclise. Ademais, de acordo com Fernando Pestana, é facultativo o emprego da próclise ou da ênclise quando há sujeito explícito com núcleo pronominal (pronome pessoal reto e de tratamento): "ele se retirou" ou "ele retirou-se" (trecho de um comentário do qc)

D. É impossível para alguém se defender do seu aroma forte. (5º parágrafo) → [defender-se]

  • Fator de atração (pronome indefinido): uso obrigatório da próclise.

E. se levantou? (7º parágrafo) → [levantou-se]

  • Fator de atração (advérbio de tempo): uso obrigatório da próclise.

GAB: C

Erro? Pode me corrigir.

CUIDADO MEUS NOBRES!!!!

Ela me despertava pelo olfato OU Ela despertava-me pelo olfato

Tanto faz. As duas formas são aceitáveis.

É preferível a próclise sempre que o sujeito aparece antes do verbo:

"O diretor SE RETIROU mais cedo (ou retirou-se)."

"Ela LHE ENTREGOU os documentos (ou entregou-lhe)."

"O proprietário ME OFERECEU um cargo em sua

empresa (ou ofereceu-me)."

A alternativa D também não estaria correta por conta de que verbo no infinitivo aceita tanto ênclise como próclise?

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