No que se refere a recursos métricos e retóricos empregados ...
Soneto à maneira de Camões
Esperança e desespero de alimento
Me servem neste dia em que te espero
E já não sei se quero ou se não quero
Tão longe de razões é meu tormento.
Mas como usar amor de entendimento?
Daquilo que te peço desespero
Ainda que mo dês - pois o que eu quero
Ninguém o dá senão por um momento.
Mas como és belo, amor, de não durares,
De ser tão breve e fundo o teu engano,
E de eu te possuir sem tu te dares.
Amor perfeito dado a um ser humano:
Também morre o florir de mil pomares
E se quebram as ondas no oceano.
ANDRESEN, Sophia de Mello Breyner. Soneto à maneira de Camões. In: COSTA E SILVA, Alberto da;
BUENO, Alexei. Antologia da poesia portuguesa contemporânea: um panorama. Rio de Janeiro:
Lacerda, 1999.
( ) A escolha por compor estrofes isométricas em decassílabo heroico está associada ao petrarquismo que marcou o século XVI português, homenageando a introdução da medida nova realizada por Camões. ( ) A disposição das ideias nas estrofes assemelha-se à estruturação em tese e antítese, seguidas de conclusão e desfecho, empreendendo um exercício de engenho similar ao da poesia camoniana. ( ) O uso de figuras de linguagem como a antítese e o paradoxo em mais de uma estrofe do poema é compatível com uma feição estilística própria do Maneirismo, tendência da qual Camões é um poeta representativo.
A sequência correta, de cima para baixo, é
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Gabarito comentado
Confira o gabarito comentado por um dos nossos professores
A alternativa correta é B - F – V – V.
Vamos analisar cada uma das afirmações:
1ª Afirmação: "A escolha por compor estrofes isométricas em decassílabo heroico está associada ao petrarquismo que marcou o século XVI português, homenageando a introdução da medida nova realizada por Camões."
Falso. Embora Camões tenha sido um grande expoente do uso do decassílabo heroico e tenha introduzido a medida nova na poesia portuguesa, o poema de Sophia de Mello Breyner Andresen não se limita a homenagear esse contexto de maneira direta. A escolha pelo decassílabo pode sim ser uma referência ao estilo camoniano, mas o poema em questão não necessariamente se foca exclusivamente no petrarquismo ou na introdução da medida nova.
2ª Afirmação: "A disposição das ideias nas estrofes assemelha-se à estruturação em tese e antítese, seguidas de conclusão e desfecho, empreendendo um exercício de engenho similar ao da poesia camoniana."
Verdadeiro. Camões e muitos poetas do Maneirismo utilizaram frequentemente a estrutura de tese-antítese-conclusão em seus sonetos, refletindo um raciocínio argumentativo e dialético. Sophia de Mello Breyner Andresen, ao estruturar seu soneto dessa forma, emula este método de organização de ideias, alinhando-se ao estilo camoniano.
3ª Afirmação: "O uso de figuras de linguagem como a antítese e o paradoxo em mais de uma estrofe do poema é compatível com uma feição estilística própria do Maneirismo, tendência da qual Camões é um poeta representativo."
Verdadeiro. As figuras de linguagem como a antítese e o paradoxo são características marcantes do Maneirismo, período em que a contradição e a complexidade dos sentimentos humanos são expressas através da poesia. Camões é um dos grandes representantes dessa tendência, e o uso desses recursos estilísticos no poema de Andresen evidencia essa influência.
Essas observações demandam do aluno um entendimento sobre a métrica e as figuras de linguagem utilizadas na poesia de Camões, bem como os contextos históricos e estilísticos em que ele estava inserido, como o Maneirismo e o petrarquismo.
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