Os excertos acima pertencem a obras representativas de difer...
Texto 1
Ali começa o sertão chamado bruto.
Pousos sucedem a pousos, e nenhum teto habitado ou em ruínas, nenhuma palhoça ou tapera dá abrigo ao caminhante contra a frialdade das noites, contra o temporal que ameaça, ou a chuva que está caindo. Por toda a parte, a calma da campina não arroteada; por toda a parte, a vegetação virgem, como quando aí surgiu pela vez primeira.
[...]
Essa areia solta, e um tanto grossa, tem cor uniforme que reverbera com intensidade os raios do Sol, quando nela batem de chapa. Em alguns pontos é tão fofa e movediça que os animais das tropas viageiras arquejam de cansaço, ao vencerem aquele terreno incerto, que lhes foge de sob os cascos e onde se enterram até meia canela.
[...]
Ora é a perspectiva dos cerrados, não desses cerrados de arbustos raquíticos, enfezados e retorcidos de São Paulo e Minas Gerais, mas de garbosas e elevadas árvores que, se bem não tomem, todas, o corpo de que são capazes à beira das águas correntes ou regadas pela linfa dos córregos, contudo ensombram com folhuda rama o terreno que lhes fica em derredor e mostram na casca lisa a força da seiva que as alimenta; ora são campos a perder de vista, cobertos de macega alta e alourada, ou de viridente e mimosa grama, toda salpicada de silvestres flores; ora sucessões de luxuriantes capões, tão regulares e simétricos em sua disposição que surpreendem e embelezam os olhos; ora, enfim, charnecas meio apauladas, meio secas, onde nasce o altivo buriti e o gravata entrança o seu tapume espinhoso.
Nesses campos, tão diversos pelo matiz das cores, o capim crescido e ressecado pelo ardor do Sol transforma-se em vicejante tapete de relva, quando lavra o incêndio que algum tropeiro, por acaso ou mero desenfado, ateia com uma faúlha do seu isqueiro.
TAUNAY, Alfredo d’Escragnolle. Inocência. Porto Alegre: L&PM, 1999.
Texto 2
Assim, de meio assombrado me fui repondo quando ouvi que indagavam:
− Então patrício? está doente?
− Obrigado! Não senhor, respondi, não é doença; é que sucedeu-me uma desgraça: perdi
uma dinheirama do meu patrão...
− A la fresca!...
− É verdade... antes morresse, que isto! Que vai ele pensar agora de mim!...
− É uma dos diabos, é...; mas não se acoquine, homem!
Nisto o cusco brasino deu uns pulos ao focinho do cavalo, como querendo lambê-lo, e logo
correu para a estrada, aos latidos. E olhava-me, e vinha e ia, e tornava a latir...
Ah!... E num repente lembrei-me bem de tudo.
Com base nas ponderações de Bosi (2006) sobre essa vertente da literatura brasileira, em qual afirmativa é estabelecida uma relação adequada entre as produções citadas, suas características regionalistas e seu contexto de produção?
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Gabarito comentado
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A alternativa correta é a C.
A questão explora o tema do regionalismo na literatura brasileira. Essa vertente literária busca retratar as particularidades de diferentes regiões do Brasil, enfatizando aspectos culturais, linguísticos e geográficos. Para resolver a questão, é necessário compreender as características do regionalismo e como ele se manifesta nas obras literárias citadas.
Análise da alternativa C: A alternativa C está correta ao afirmar que Simões Lopes Neto, em Contos Gauchescos, integra a paisagem e o homem gaúcho, destacando traços específicos da cultura do Rio Grande do Sul. A obra é um exemplo significativo da ficção regionalista produzida no período anterior ao Modernismo, pois captura a linguagem e os costumes do gaúcho de forma autêntica.
Análise das alternativas incorretas:
A - Embora tanto Contos Gauchescos quanto Primeiras Estórias abordem o regionalismo, a obra de Guimarães Rosa, Primeiras Estórias, se destaca mais por sua inovação linguística e profundidade psicológica do que por um inventário linguístico detalhado como o de Lopes Neto sobre o gaúcho.
B - A alternativa B menciona críticas de Monteiro Lobato ao regionalismo de Inocência. No entanto, essa crítica específica não é amplamente conhecida ou documentada, tornando essa afirmação questionável no contexto da questão.
D - Enquanto as três obras compartilham o compromisso de retratar a vida no interior do Brasil, elas não têm como objetivo principal apresentar um retrato completamente fidedigno. Obras como Primeiras Estórias de Rosa incorporam elementos de fantasia e subjetividade que vão além de um retrato fiel da realidade.
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