Levando-se em conta as possibilidades de foco narrativo apre...

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Q2006237
Literatura Gêneros Literários , Teoria Literária , Classificação dos Gêneros Literários ,
Ano: 2021 Banca: IF Sul Rio-Grandense Órgão: IF Sul Rio-Grandense Prova: IF Sul Rio-Grandense - 2021 - IF Sul Rio-Grandense - Professor - Português/Literatura |
Q2006237 Literatura
Os que regressavam consigo, clérigos, astrólogos genoveses, comerciantes judeus, aias, contrabandistas de escravos, brancos pobres do Bairro Prenda, do Bairro da Cuca, abraçados a volumes de serapilheira, a malas atadas com cordéis, a cestos de verga, a brinquedos quebrados, formavam uma serpente de lamentos e miséria aeroporto adiante, empurrando a bagagem com os pés (na faixa reservada aos passageiros em trânsito passavam islandeses altos e desgrenhados como pássaros de rio) na direcção de uma secretária a que se sentava, em um escabelo, um escrivão que lhe perguntou o nome (Pedro Álvares quê?), o conferiu numa lista datilografada cheia de emendas e de cruzes a lápis tirou os óculos de ver ao perto para o examinar melhor, inclinado de banda no poleiro de fórmica, passeou o polegar errático no bigode e inquiriu de repente Tendes família em Portugal?, e eu disse Senhor não, muito depressa, sem pensar, porque a minha velha se finou de icterícia há seis anos e dos tios que aqui permaneceram quase não me recordo ou não me recordo nunca, ignoro se ficaram em Coruche e se ficaram onde moram, com quem moram, quantos filhos têm, se estão vivos.


ANTUNES, António Lobo. As naus. Rio de Janeiro: Objetiva, 2011.

Levando-se em conta as possibilidades de foco narrativo apresentadas por Lígia Chiappini Moraes Leite (2002), com base na tipologia de Norman Friedman, observa-se no excerto e ao longo do romance o uso de
Alternativas

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A alternativa correta é a D - onisciência seletiva múltipla. Vamos entender o porquê.

No trecho extraído do romance "As naus" de António Lobo Antunes, observa-se uma narração onde o foco narrativo não se limita a um único personagem, mas sim apresenta múltiplas vozes e perspectivas. Isso é característico da onisciência seletiva múltipla, onde o narrador é capaz de entrar nas mentes de diferentes personagens, revelando seus pensamentos e sentimentos em momentos distintos.

Agora, vamos analisar as alternativas incorretas:

A - autor onisciente intruso: Essa opção se refere a um tipo de narrador que, além de onisciente, faz comentários pessoais e interage diretamente com o leitor, muitas vezes interrompendo a narrativa. No excerto de Antunes, não há uma intervenção direta do narrador desta forma.

B - narrador protagonista: Neste caso, o narrador é o próprio protagonista da história, narrando os eventos de um ponto de vista pessoal. Porém, no excerto, o foco não está restrito apenas a um único personagem narrador, mas sim a vários, conforme a onisciência seletiva múltipla sugere.

C - modo dramático: Este modo é caracterizado pela apresentação direta dos eventos, como em uma peça de teatro, sem a intervenção do narrador, geralmente se observando um diálogo direto. No trecho apresentado por Antunes, há uma narração com acesso aos pensamentos e sentimentos dos personagens, o que não é compatível com o modo dramático.

A escolha da onisciência seletiva múltipla evidencia a capacidade do narrador de explorar a subjetividade de vários personagens, enriquecendo a narrativa ao apresentar múltiplas perspectivas.

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ONISCIÊNCIA SELETIVA MÚLTIPLA ou MULTISSELETIVA

Não há propriamente NARRADOR. A HISTÓRIA vem diretamente, através da mente das personagens, das impressões que fatos e pessoas deixam nelas. Há um predomínio quase absoluto da CENA.

NARRADOR ONISCIENTE INTRUSO:

Ao mesmo tempo que narra a história, critica os personagens e insere juízos de valor sobre algumas ações.

Assim, ele é livre para julgar e se posicionar sobre os fatos da trama e, portanto, apresenta sua opinião.

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