Em relação à cobertura jornalística em casos de tragédia com...
Próximas questões
Com base no mesmo assunto
Q735023
Jornalismo
Texto associado
Leia os textos
Acusada de responsável pela tragédia, empresa da Vale cuida da cena do crime, exclui imprensa e deixa o povo de fora. Tá certo isso?
(Por Laura Capriglione, especial para os Jornalistas Livres, com fotos de Gustavo Ferreira, em Mariana (MG) DOM, 08/11/2015.)
Arrancados de suas casas pelo tsunami gerado pelo rompimento das barragens Fundão e Santarém, repletas de lama tóxica, os moradores de Bento Rodrigues, arraial rural a 35 km do centro de Mariana, sofrem com outro tsunami: o de dúvidas, de mentiras e de dissimulação.
Arrancados de suas casas pelo tsunami gerado pelo rompimento das barragens Fundão e Santarém, repletas de lama tóxica, os moradores de Bento Rodrigues, arraial rural a 35 km do centro de Mariana, sofrem com outro tsunami: o de dúvidas, de mentiras e de dissimulação.
As barragens sinistradas pertencem à mineradora Samarco, fundada em 1977, controlada pela toda-poderosa Vale e pela anglo-australiana BHP Billiton. Décima maior exportadora do país, a empresa faturou R$ 7,6 bilhões em 2014 e apresentou um lucro líquido de R$ 2,8 bilhões. Apesar dessa contabilidade vistosa e de dizer em seu site na internet que preza pela vida “acima de quaisquer resultados e bens materiais”, os moradores de Bento Rodrigues reclamam que não havia nem mesmo uma simples sirene instalada e funcionando para alertar o lugarejo da ruptura das barragens. Poderia ter salvo vidas.
Agora, no rescaldo da tragédia, os habitantes de Bento Rodrigues suspeitam que a empresa esteja priorizando o salvamento de sua imagem institucional em detrimento das vidas humanas e dos animais, atropelados pelo avanço medonho da lama.
“Por que é que estão nos impedindo de entrar em Bento Rodrigues? A gente poderia ajudar na localização e no resgate dos desaparecidos e dos animais, porque conhecemos como ninguém a região, sabemos lidar com o mato. O que é que eles estão querendo esconder?”, perguntava um grupo de moradores indignados com o fato de serem mantidos à força longe de seu bairro.
Lama Exterminadora
Não é o maior desastre ambiental de toda a história, como exagera a internet. Mas é dramaticamente grande.
E terá consequências ainda difíceis de prever
As perdas humanas e os danos sociais causados pelo tsunami de lama que atingiu de modo dramaticamente colossal o distrito mineiro de Bento Rodrigues no último dia 5 puderam ser sentidos imediatamente. A enxurrada composta principalmente de areia, mas também de uma mistura de rejeitos químicos, teve origem na barragem de Fundão, da mineradora Samarco, rompeu-se por motivos ainda não esclarecidos e levou com ela onze vidas, além de deixar a cidade inteira soterrada. As consequências ambientais do desastre, porém, continuam sendo calculadas – demorará anos para que se possa precisar sua dimensão. O lamaçal tomou os rios Gualaxo do Norte, do Carmo e Doce, e deve desembocar no Oceano Atlântico.
Apenas no primeiro dia, a lama dizimou os anfíbios e peixes ao longo de 100 quilômetros de rios. Após cinco dias, quando a água suja passava pelas cidades de Governador Valadares, Conselheiro Pena, Resplendor e Aimorés, a contaminação interrompeu o abastecimento nos municípios, secando as torneiras de mais de 300.000 habitantes. A lama que cobre as águas fluviais dificulta a absorção de oxigênio da atmosfera, sufocando peixes e dificultando a fotossíntese de plantas.
Como é de costume, proliferou o exagero na internet – houve quem apontasse o desastre ambiental como o maior de toda a história. Bobagem. Trata-se, isto sim, do pior desastre do gênero em Minas Gerais e do mais grave do mundo tendo por causa o despejo de rejeitos minerais no ambiente – no caso da mineradora de Bento Rodrigues, três vezes maior que o da segunda colocada, a mina canadense Mount Polley, protagonista de episódio semelhante no ano passado. (...)
(Revista Veja – Raquel Beer 25 de novembro 2015.)
Em relação à cobertura jornalística em casos de tragédia como a ocorrida em Minas Gerais, levando em consideração aspectos éticos do jornalismo, analise as afirmativas.
I - A cobertura da grande imprensa tem se pautado pela função do jornalismo de agente transformador social e político em detrimento de uma visão mercantilista sobre os fatos. II - O caráter investigativo do jornalismo pode contribuir na prevenção de tragédias ambientais quando exerce a função de fiscalizador do poder público e alerta a sociedade sobre abuso da exploração econômica e violação de direitos humanos. III - As duas reportagens pautam-se pela informação baseada na ocorrência dos fatos e com finalidade de interesse social e coletivo.
Está correto o que se afirma em
I - A cobertura da grande imprensa tem se pautado pela função do jornalismo de agente transformador social e político em detrimento de uma visão mercantilista sobre os fatos. II - O caráter investigativo do jornalismo pode contribuir na prevenção de tragédias ambientais quando exerce a função de fiscalizador do poder público e alerta a sociedade sobre abuso da exploração econômica e violação de direitos humanos. III - As duas reportagens pautam-se pela informação baseada na ocorrência dos fatos e com finalidade de interesse social e coletivo.
Está correto o que se afirma em