No que concerne às ideias do texto e a sua tipologia, julgue...
01 Os garotos da Rua Noel Rosa
onde um talo de samba viça no calçamento,
viram o pombo-correio cansado
04 confuso
aproximar-se em voo baixo.
Tão baixo voava: mais raso
07 que os sonhos municipais de cada um.
Seria o Exército em manobras
ou simplesmente
10 trazia recados de ai! amor
à namorada do tenente em Aldeia Campista?
E voando e baixando entrançou-se
13 entre folhas e galhos de fícus:
era um papagaio de papel,
estrelinha presa, suspiro
16 metade ainda no peito, outra metade
no ar.
Antes que o ferissem,
19 pois o carinho dos pequenos ainda é mais desastrado
que o dos homens
e o dos homens costuma ser mortal
22 uma senhora o salva
tomando-o no berço das mãos
e brandamente alisa-lhe
25 a medrosa plumagem azulcinza
cinza de fundos neutros de Mondrian
azul de abril pensando maio.
28 283235-58-Brasil
dizia o anel na perninha direita.
Mensagem não havia nenhuma
31 ou a perdera o mensageiro
como se perdem os maiores segredos de Estado
que graças a isto se tornam invioláveis,
34 ou o grito de paixão abafado
pela buzina dos ônibus.
Como o correio (às vezes) esquece cartas
37 teria o pombo esquecido
a razão de seu voo?
Ou sua razão seria apenas voar
40 baixinho sem mensagem como a gente
vai todos os dias à cidade
e somente algum minuto em cada vida
43 se sente repleto de eternidade, ansioso
por transmitir a outros sua fortuna?
Era um pombo assustado
46 perdido
e há perguntas na Rua Noel Rosa
e em toda parte sem resposta.
49 Pelo quê a senhora o confiou
ao senhor Manuel Duarte, que passava
para ser devolvido com urgência
52 ao destino dos pombos militares
que não é um destino.
Carlos Drummond de Andrade. Pombo-correio.
In: Carlos Drummond de Andrade: obra completa. Rio de Janeiro: Nova
Aguilar, 2002, p. 483.
Internet: <www.releituras.com>.
Infere-se da sexta estrofe do texto que as pessoas, na maior parte do tempo, passam despercebidas, isto é, não chamam a atenção das outras pessoas
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Vejamos a sexta estrofe:
Ou sua razão seria apenas voar
baixinho sem mensagem como a gente
vai todos os dias à cidade
e somente algum minuto em cada vida
se sente repleto de eternidade, ansioso
por transmitir a outros sua fortuna?
É preciso entender a linguagem figurada do poema. Voar baixinho sem mensagem poderia ser interpretado como andar despercebido, sem chamar a atenção. O eu-lírico diz que as pessoas fazem isso todos os dias e que, talvez, o objetivo do pombo era esse também. Quando se diz que isso seria o que fazemos todos os dias, significa, então, que as pessoas passam despercebidas, sem chamar a atenção dos outros, a maior parte do tempo.
Fonte: http://www.gramatiquice.com.br/2011/07/prova-de-portugues-comentada-concurso_13.html
;O)
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