Leia o caso a seguir. Um psiquiatra foi nomeado perito para...
Um psiquiatra foi nomeado perito para avaliar um homem de 56 anos que cometeu crime sexual, por comportamento libidinoso com uma jovem de 15 anos. Na avaliação, o homem é acompanhado pelo filho, que relata que o pai era um renomado professor de Direito em uma universidade particular, com mais de 25 anos de carreira em magistério, com comportamento rígido e conservador ao longo da vida. Nos últimos 12 meses, começou a apresentar dificuldades na concentração, parecendo não se importar com as coisas. Nos últimos 6 meses, tornou-se mais desinibido, com comentários impróprios em reuniões familiares, com intimidades desnecessárias com pessoas que não conhecia. Em casa, começou a comer em grandes quantidades, até encher a boca e engasgar e regurgitar. Há 3 semanas, em um evento da universidade, molestou sexualmente um jovem, amigo de sua neta, com ato libidinoso, encostando os genitais, mas sem penetração. Já havia apresentado esse comportamento há 2 meses, na faculdade, com uma aluna que o denunciou, sendo afastado. A avaliação neuropsicológica evidenciou déficit de disfunção executiva e atenção. No reconhecimento das faces de Eckman, teve grande dificuldade em reconhecer emoções negativas. O Inventário Neuropsiquiátrico evidenciou sintomas de desinibição, movimentos repetitivos e alteração dos hábitos alimentares. Os exames de sangue e líquor excluíram sífilis, encefalopatias, deficiência vitamínica etc. A ressonância magnética evidenciou atrofia das regiões frontomedianas, córtex pré-frontal lateral e ínsula anterior, com predomínio à direita.
Elaborado pelo(a) autor(a).
Com base no caso descrito, a avaliação diagnóstica e a repercussão médico-legal correspondente compatível é tratar-se de demência
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Para responder a esta questão, precisamos primeiro compreender o contexto clínico e legal apresentado. O caso descreve um homem de 56 anos com mudanças comportamentais significativas que incluem desinibição, alterações alimentares e comportamento sexual inadequado. A avaliação clínica e de imagem sugere atrofia em áreas cerebrais específicas, todas características sugestivas de um tipo específico de demência.
Alternativa Correta: A - demência frontotemporal, com avaliação de inimputabilidade penal.
Esta opção é a correta porque:
- A demência frontotemporal é conhecida por afetar principalmente as áreas do cérebro responsáveis pelo comportamento, personalidade e emoções. Isso se alinha com os sintomas de desinibição e comportamentos sociais inadequados descritos no caso.
- A inimputabilidade penal significa que o indivíduo, devido a um transtorno mental, não possui capacidade total de entender o caráter ilícito de seus atos, o que se aplica ao quadro clínico apresentado.
Alternativas Incorretas:
B - Demência frontotemporal, com avaliação de semi-inimputabilidade penal. Esta alternativa está incorreta porque a descrição do caso sugere uma incapacidade total de compreender o caráter ilícito do ato, não apenas parcial.
C - Demência por Corpos de Levy, com inimputabilidade penal. A demência por Corpos de Levy geralmente se manifesta com sintomas motores e alucinações visuais, o que não foi relatado neste caso. Além disso, a ressonância magnética não sugere este tipo de demência.
D - Demência por Corpos de Levy, com semi-inimputabilidade penal. Além de ter o mesmo problema de diagnóstico incorreto, a semi-inimputabilidade implica em uma capacidade parcial de julgamento, o que não condiz com a descrição de caso.
Para resolver questões como essa, é importante prestar atenção às descrições clínicas e aos resultados dos exames. Entender como eles se relacionam com diferentes tipos de demência e suas implicações na capacidade de julgamento ajuda a escolher a alternativa correta.
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